Carmen Lima*
17/12/2025
Belém - Líderes posam para a fotografia de familia durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP 30 (Hermes Caruzo/COP30).
Embora já devêssemos ter internalizado que o fator humano é parte indissociável do Planeta e dos seus efeitos, é extremamente difícil colocar na mesma balança uma aposta firme em economias assentes em fontes renováveis e circulares, quando, do outro lado, se negoceiam estratégias militares ou o fornecimento de equipamento bélico.
O Mundo debate-se numa gestão arriscada entre dois polos: como impactamos menos o Planeta versus como resolvemos a extremada instabilidade social global?
Quem, neste fio da navalha, terá a coragem de limitar o uso de combustíveis fósseis e manter o avanço para a neutralidade carbónica, num panorama em que estes combustíveis e os minerais naturais estão a alimentar conflitos armados, a servir de opção energética mais barata face às necessidades básicas de aquecimento, ou a sustentar o desenvolvimento de economias em crescimento?
Quem pode enumerar os efeitos provocados pela poluição e pelas emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa) e incluir nessas mesmas contas os efeitos devastadores de todos os conflitos armados, sem medo de represálias ou de ser “politicamente incorreto”?
O papel fundamental da COP (Conferência das Partes), enquanto órgão supremo de tomada de decisões, é crucial. No entanto, este ano, apesar dos fóruns de debate, dos objetivos conscientes e do simbolismo de a Conferência decorrer no coração da Amazónia, no Brasil – num regresso às origens da Mãe Natureza – foi difícil mobilizar os países signatários para definir e adotar compromissos e acordos internacionais fortes e vinculativos na luta contra a crise climática.
Desta COP da Mãe Natureza resultou um acordo que se revelou “morno”:
A COP fechou as portas com a mão cuidadosa da Mãe Natureza, deixando estabelecido que o financiamento para apoiar os países em desenvolvimento na sua adaptação e resiliência às alterações climáticas deverá triplicar até 2035.
Relativamente aos seus “filhos”, a Mãe Natureza atuou como mediadora e facilitadora de aprendizagem num caminho que parece longo demais, mas que os países ainda precisam de percorrer.
* Carmen Lima
Consultora para a Sustentabilidade.
Doutoranda em Engenharia do Ambiente no IST, investigadora na área do Amianto.
Presidente da SOS AMIANTO - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto.
Autora do livro “Não Há Planeta B: Dicas e Truques para um Ambiente Sustentável”.
Foi Conselheira do Conselho Económico e Social.

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