Tensão geopolítica abranda setor da construção em 2024, mas prevê-se ritmo de crescimento de 5,5% ao ano até 2030, segundo o relatório Global Powers of Construction 2024 (GPoC) da Deloitte.
Em comparação com o ano anterior, a receita total obtida pelas 100 empresas do ranking desceu ligeiramente (uma quebra de 1%). Por outro lado, a distribuição manteve-se relativamente estável, embora se registe uma diminuição de 5% nas receitas em dólares americanos obtidas pelas empresas chinesas, bem como um aumento nas outras áreas geográficas relevantes.
A Mota-Engil, única empresa portuguesa a figurar no Top 100, sobe para o lugar 52, após ter ocupado no ano anterior a posição 71. A construtora portuguesa atingiu, em 2024, um volume total de vendas de 6.439 milhões de dólares, e uma capitalização bolsista de 925 milhões de dólares.
Com 42 empresas no ranking, a Europa mantém a maior representação regional. As vendas agregadas das construtoras europeias cresceram 6,2%, totalizando 435,9 mil milhões de dólares, embora a sua capitalização de mercado tenha recuado 4,9%, penalizada sobretudo por três grupos franceses (VINCI, Bouygues e Eiffage). Os sete grupos espanhóis destacaram-se pelo dinamismo, com um aumento de 11,9% nas vendas, impulsionado principalmente pelas construtoras ACS e Acciona.
As empresas europeias continuam também a liderar o capítulo da internacionalização: 66% das suas receitas provêm de mercados externos, em comparação com 63% em 2023. No ranking de vendas internacionais, a VINCI mantém a liderança pelo terceiro ano consecutivo, com 44,8 mil milhões de dólares, correspondentes a 57,8% do seu volume de negócios.
Em 2024, a receita das 30 maiores empresas com vendas internacionais aumentou para 21,3% do total das vendas, a maior proporção dos últimos cinco anos e comparando com 18,4% em 2023. Ainda assim, o setor enfrenta desafios estruturais: escassez de mão de obra, volatilidade nos preços das matérias-primas, constrangimentos nas cadeias de abastecimento e pressão para adotar práticas mais sustentáveis.
No plano acionista, a capitalização bolsista conjunta das 100 maiores empresas cresceu 13,3%, passando de 703,2 mil milhões para 796,5 mil milhões de dólares. Os Estados Unidos e a Índia foram os principais motores desta valorização, com aumentos de 60,3 mil milhões e 25 mil milhões de dólares, respetivamente.
Apesar da desaceleração vivida em 2024, a Deloitte projeta para o setor uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,5% entre 2025 e 2030, sustentada pela urbanização, envelhecimento da população, digitalização e descarbonização. Estes fatores deverão impulsionar investimentos significativos em transportes, energia, telecomunicações e ativos digitais, apoiados pela adoção de tecnologias como o Building Information Modelling (BIM) e soluções de gestão baseadas em inteligência artificial.
“A incerteza geopolítica tem conduzido a uma desaceleração económica generalizada, com impacto significativo no setor da construção, ainda que, mais do que nunca, haja uma necessidade premente por novas construções, quando é esperado que, cada vez mais, as populações se concentrem nas grandes cidades, colocando uma pressão acrescida em infraestruturas e zonas residenciais. Por reconhecer que é imperativo avançar, o setor a nível mundial mostra-se bastante
resiliente no médio-longo prazo e com perspetivas sustentadas de crescimento até 2030, o que indicia oportunidades de investimento”, refere Miguel Fontes, partner da Deloitte.
Miguel Fontes, partner da Deloitte.
Crédito da fotografia: Tiago Matos.
A curto prazo, porém, as perspetivas permanecem incertas. Em 2024, a produção global da construção cresceu 3,1%, abaixo do ano anterior, e deverá desacelerar para 2,3% em 2025, devido a riscos de recessão e tensões comerciais, apesar da descida da inflação e do alívio nas políticas monetárias.
Para mais informações consulte o estudo na íntegra através deste link.


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