Com mais de seis décadas de experiência acumulada e uma parceria histórica com a Mitsubishi Heavy Industries, a Lumelco afirma-se como um dos players mais sólidos e inovadores do setor AVAC. Em entrevista, Francisco Mesquita, diretor comercial da Lumelco Portugal, partilha a visão de uma empresa que alia a herança de confiança e fiabilidade a uma estratégia orientada para a transição energética, a digitalização e a formação técnica. Sustentabilidade, inovação e proximidade com o cliente são as palavras que melhor definem o presente — e o futuro — da Lumelco em Portugal.
Na verdade, estas seis décadas proporcionaram-nos uma valiosa bagagem. Ao longo de todo este tempo, a empresa foi-se transformando, atravessando períodos de bonança e de dificuldade, crises económicas globais, a pandemia — enfim, uma verdadeira panóplia de experiências, apenas ao alcance das empresas que conseguem manter-se ativas num mercado global durante tanto tempo. Tudo isto permitiu-nos retirar importantes aprendizagens que continuam a orientar o nosso caminho nos dias de hoje.
Importa, contudo, ressalvar que estas seis décadas dizem respeito à nossa casa-mãe, em Espanha. Em Portugal, o projeto Lumelco nasceu em 2013, dando continuidade a outro projeto igualmente bem-sucedido: a Caupel. Desde 1982, a Caupel detinha a exclusividade de distribuição, no nosso país, dos equipamentos da Mitsubishi Heavy Industries, entre outras marcas. Com a decisão do seu proprietário, essa representação passou, em 2013, para as mãos da Lumelco Portugal.
Também desta transição trouxemos valiosos ensinamentos. A integração com os métodos, dinâmicas e ferramentas da nossa casa-mãe em Espanha trouxe-nos uma nova vitalidade, que foi rapidamente assimilada pela nossa equipa e que, sem dúvida, nos conduziu ao estatuto que hoje ocupamos no mercado português.
Não é menos verdade que o nosso setor atravessa atualmente uma fase de grande dinamismo. Toda a legislação que está a ser produzida e aprovada pela Comissão Europeia, com vista à proteção do meio ambiente, exige constantes reajustes na estratégia das empresas, bem como investimentos na formação técnica e na aquisição de ferramentas adequadas.
Felizmente, grande parte deste trabalho é desenvolvido pelos fabricantes e, nesse aspeto, temos a sorte de colaborar com algumas das melhores marcas do setor. Este facto permite-nos, uma vez mais, encarar o mercado com a serenidade de que falei no início.
A Mitsubishi Heavy Industries (MHI) foi a primeira marca a entrar no mercado português com a tecnologia de “bomba de calor”. Os primeiros equipamentos passaram pela Alfândega Portuguesa no ano de 1983. Naquela altura, os equipamentos de ar condicionado existentes destinavam-se apenas ao arrefecimento e, quando havia necessidade de aquecimento, este era conseguido através do apoio de resistências elétricas.
Ao longo destes 42 anos, os equipamentos evoluíram de forma extraordinária. A marca tem sabido utilizar toda a experiência acumulada — não só no mercado português, mas também a nível internacional — para desenvolver soluções que respondem às expectativas e necessidades das pessoas. Essa perceção do que o mercado procura é transmitida à marca por nós, os importadores, que estamos diariamente no terreno. A verdade é que a nossa relação com a MHI é muito próxima e produtiva.
A fiabilidade e a tecnologia sempre estiveram presentes nos equipamentos da marca. Os produtos fabricados pela MHI são reconhecidos mundialmente pela sua qualidade, fiabilidade e resistência — e, naturalmente, também pelos profissionais portugueses que, todos os dias, instalam os nossos equipamentos.
Temos empresas parceiras que já vão na segunda geração e que continuam ligadas a nós e à marca. Esse facto, além de ser uma enorme honra, é uma prova inequívoca de que os equipamentos da MHI merecem a confiança dos nossos clientes profissionais — e, por consequência, dos clientes finais que escolhem a nossa marca.
Contudo, a nível global, a transição não é — nem será — fácil. Os únicos fluidos com baixo GWP são, na sua maioria, inflamáveis ou apresentam características de funcionamento que dificultam a sua aplicação em equipamentos de utilização doméstica, como o próprio CO₂ ou o R454B.
Compreendemos que este é um caminho sem retorno — e assim deve ser —, mas acreditamos que não será um processo simples. Naturalmente, esta responsabilidade recai, mais uma vez, sobre os fabricantes e, sinceramente, ainda não vemos alternativas totalmente viáveis, sobretudo para os sistemas domésticos split e multi-split.
No que diz respeito à nossa gestão, temos centrado os esforços no cumprimento rigoroso da legislação em vigor e na preparação da nossa equipa técnica, garantindo que todos os colaboradores possuem as certificações necessárias. Paralelamente, procuramos manter os nossos clientes devidamente informados, transmitindo-lhes as atualizações que recebemos tanto da fábrica como da APIRAC, associação da qual fazemos parte.
O impacto desta transição será inevitável também para instaladores e projetistas, uma vez que a adoção destes novos fluidos exigirá maior cuidado, tanto na fase de projeto como na instalação. Será essencial reforçar a atenção à segurança, não porque ela hoje não exista, mas porque estamos a lidar com fluidos que possuem características muito distintas das atuais.
Os instaladores terão de regressar à formação e obter novas credenciações. E, na minha perspetiva, é fundamental que deixem de olhar apenas para o preço no momento de apresentar um orçamento. Não podemos ter instalações apressadas porque se cortou no orçamento. É necessário apresentar orçamentos realistas, mas com bom senso.
Com a utilização destes novos fluidos, não podemos cortar na segurança. Sempre que se reduzem custos de forma excessiva, há algo que acaba por ficar por fazer — e as consequências podem ser, de facto, muito graves.
Portugal, felizmente, está relativamente bem preparado para este desafio. Dispomos de excelentes profissionais, bons planos formativos e uma oferta sólida por parte das marcas. No entanto, é importante olhar também para montante: com a clara intenção da Europa em promover a transição energética para a eletricidade, o nosso país terá inevitavelmente de se preparar para um aumento exponencial do consumo de energia elétrica.
Reconheço que muito tem sido feito neste campo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantirmos a segurança de que nada falhará. Ainda está fresca na memória de todos a ocorrência do apagão no passado mês de abril.
É certo que já contamos com uma produção relevante de energia eólica e fotovoltaica, além dos contributos da produção hídrica e do gás natural. Mas num mundo que se prevê totalmente eletrificado, será isso suficiente? Afinal, estas fontes de energia dependem sempre de fatores ambientais — vento, sol e água.
Do ponto de vista cultural, não antevejo grandes dificuldades: Portugal é hoje um mercado tecnologicamente maduro e recetivo à inovação. O principal desafio estará, sem dúvida, no preço dos equipamentos.
A bomba de calor continua a representar um investimento elevado para a maioria das famílias portuguesas. No caso dos equipamentos destinados apenas à produção de AQS (Água Quente Sanitária), o investimento é mais acessível, mas quando falamos de soluções globais — que integram AQS e climatização —, a realidade é diferente. O investimento continua fora do alcance de grande parte das famílias.
Por isso, é fundamental que o Governo, através das respetivas agências, promova e apoie esta transição, como já o fez no passado. Um bom exemplo foi a redução da taxa de IVA para 6% aplicada a este tipo de equipamentos, uma medida acertada que deveria ser novamente implementada.
Só através de políticas deste género será possível alcançar uma transição energética completa e sustentável, baseada em fontes não fósseis e acessível a todos.
Para além disso, conscientes de que esta convergência tecnológica nasce, essencialmente, na fase de projeto, colaboramos diariamente com gabinetes de engenharia e arquitetura para a integração das nossas soluções nos mais diversos projetos de AVAC.
Estamos em constante contacto com a marca, transmitindo-lhe as necessidades e tendências do mercado, de forma a garantirmos que permanecemos tecnologicamente na linha da frente.
Nos últimos anos, temos vindo a digitalizar muitos processos do dia a dia da empresa. Esta digitalização é essencial para o bom funcionamento da organização e para garantir respostas mais rápidas e eficientes. No nosso caso, a digitalização passa, essencialmente, por disponibilizar aos nossos clientes informações comerciais e técnicas de forma eletrónica, em vez de papel. Inclui também a digitalização dos processos contabilísticos e de faturação, pois acreditamos que, desta forma, acabamos por simplificar também o trabalho dos nossos clientes.
A Inteligência Artificial (IA), por outro lado, é diferente. Honestamente, ainda não entrámos nesta área, até porque, para já, não sentimos essa necessidade. No que diz respeito à sua incorporação nos equipamentos, ela já existe, mas ainda apenas para o mercado japonês. Julgo que poderão ser introduzidos no mercado Europeu nos próximos dois anos. Quanto à utilização da IA nos serviços técnicos, acredito que a maioria dos nossos clientes prefira interagir com técnicos humanos. O técnico português gosta de dialogar com os seus pares: colocar questões, partilhar experiências, discutir situações e aprender com os colegas.
Considero que, em algumas áreas, a IA não substitui o ser humano. Claro está que o futuro passará, cada vez mais, pela integração desta tecnologia, e estamos, obviamente, atentos a todas as oportunidades que ela poderá trazer.
O que fazemos, de forma consistente, é promover a formação junto dos nossos clientes, indicando entidades certificadas para credenciação e incentivando o associativismo, que consideramos essencial para a compreensão e resolução dos problemas que surgem no setor. Paralelamente, organizamos tardes técnicas para partilhar conhecimentos sobre os nossos equipamentos, uma iniciativa que acreditamos ser bem-sucedida e que, no final, acrescenta valor aos técnicos e ao mercado onde atuam.
Reconhecemos, contudo, que a nossa área — tal como muitas outras — sofre de falta de mão de obra, seja ela especializada ou não. Trata-se de um problema transversal que nos preocupa enquanto player, mas que não está inteiramente nas nossas mãos para resolver, e, na minha opinião, não terá solução a médio prazo.
Este é, naturalmente, um entrave à transição energética, assim como constitui uma limitação ao desenvolvimento e evolução das nossas empresas.
Na verdade, esta é a área da empresa que mais dores de cabeça me dá. É verdade! Infelizmente, e de uma forma geral, estas empresas trabalham de forma deficiente — e que me desculpem os seus responsáveis, mas é a minha opinião. Ao longo dos anos, já trabalhei com muitas e nenhuma cumpre integralmente o que é acordado.
Hoje em dia, as grandes empresas externalizam toda a sua logística e transportes, o que transforma o processo num negócio despersonalizado, sem verdadeiro interesse pela qualidade do serviço prestado. Publicitam um serviço de excelência, mas, na prática, raramente o concretizam.
O resultado? Clientes insatisfeitos, equipas sob stress, e uma sensação constante de impotência, porque, por mais e-mails que se enviem, por mais tentativas de pressão que se façam, nada parece mover estas empresas. As mercadorias são entregues quando e como lhes convém, e isso é frustrante. A falta de profissionalismo neste setor é, de facto, preocupante.
Já o suporte técnico é totalmente diferente. É algo que controlamos internamente — e que funciona. Temos uma regra muito clara: o cliente final deve ser contactado nas 24 horas seguintes à receção do pedido de assistência.
Salvo nas situações em que há demora na chegada de peças necessárias à reparação, o serviço técnico é, em regra, executado e concluído no máximo em duas semanas. E estamos a trabalhar para reduzir esse prazo para uma semana, um objetivo definido para 2026, que acreditamos ser perfeitamente alcançável.
Os nossos clientes, quando compram um equipamento Mitsubishi Heavy Industries, não compram apenas um produto — compram também um serviço, e esse serviço tem de ser bom.
É verdade que o cliente profissional pode ter mudado um pouco, embora, na minha opinião, não tanto quanto por vezes se pensa — mas é apenas a minha perceção, claro.
Quando iniciámos a digitalização de alguns processos na empresa, tivemos precisamente isso em conta. Hoje temos clientes mais jovens, quadros técnicos mais preparados para o digital e mais abertos à mudança, e isso impulsionou-nos também a adaptar a forma como desenvolvemos e disponibilizamos as nossas ferramentas comerciais.
O digital já fazia parte da Lumelco, como referi anteriormente, e o restante processo aconteceu de forma muito orgânica.
Quanto ao pós-venda, a minha resposta está, na verdade, refletida na questão anterior: tudo decorre da mesma filosofia de adaptação e proximidade ao cliente.
O mercado espanhol está mais maduro, sobretudo no que diz respeito aos canais de venda. A comercialização de equipamentos domésticos — e até alguns comerciais — destinados ao instalador profissional está, há já muitos anos, centralizada nos armazenistas, e a presença das grandes superfícies é algo perfeitamente aceite e normalizado.
Em Portugal, a realidade é diferente. A venda continua, em grande parte, a ser feita diretamente ao instalador profissional, e as grandes superfícies ainda são vistas como um “bicho-papão” por muitos agentes do setor.
Estar presente nos dois mercados ajuda-nos muito a perceber o que podemos melhorar e adaptar na nossa forma de trabalhar — e temos vindo a fazê-lo, especialmente na abordagem à prescrição, quer junto dos gabinetes de projeto, quer dos promotores e investidores.
Já com os instaladores profissionais, a mudança é um pouco mais difícil. Esta parte tão importante do mercado continua, em muitos casos, a ser bastante tradicional na forma de trabalhar, sobretudo no segmento doméstico.
Na minha opinião, os instaladores portugueses — e sublinho, não todos — poderiam aprender com os colegas espanhóis a não ter tanto receio da concorrência que vai surgindo através de novos canais de venda, e a valorizar mais o associativismo e a abertura a novas oportunidades que essa concorrência pode trazer.
Por último, a regulamentação é muito semelhante nos dois países, até porque ambos têm de cumprir as mesmas diretivas e regulamentos europeus.
Em suma, são mercados próximos, sim, mas diferentes — e é precisamente essa diferença que nos permite crescer, aprender e evoluir continuamente.
Sustentabilidade, porque é inevitavelmente o caminho do futuro. O setor AVAC tem de continuar a evoluir com tecnologias mais eficientes, com menores impactos ambientais e com soluções que contribuam de forma concreta para o cumprimento das metas europeias de descarbonização.
Inovação, porque só com uma aposta constante no desenvolvimento tecnológico — seja na eficiência dos equipamentos, na digitalização dos processos ou nas novas formas de gestão energética — poderemos continuar a responder às exigências do mercado e às necessidades dos nossos clientes.
E, por fim, Proximidade, porque apesar de toda a tecnologia, continuamos a acreditar que o verdadeiro valor está nas pessoas. Estar perto dos clientes, ouvir os instaladores, apoiar os projetistas e acompanhar o utilizador final é o que nos tem distinguido até hoje — e será o que continuará a orientar a nossa atuação no futuro.
É este o caminho que queremos continuar a seguir: um percurso assente na confiança, no compromisso e na vontade de contribuir ativamente para um setor AVAC mais moderno, mais eficiente e mais sustentável em Portugal.
Somos também Dantherm, com uma gama muito completa de equipamentos de desumidificação; Helios Ventilatoren, com uma extensa oferta de soluções de ventilação de elevada qualidade; LMF, com equipamentos de ventilação com recuperação de calor e circuito frigorífico integrado; Sonniger, com as suas reconhecidas cortinas de ar; e Hubbard, especializada em sistemas de refrigeração.
Mas, acima de tudo, a Lumelco é um grupo de pessoas — uma equipa dedicada, disponível todos os dias para apoiar, colaborar e encontrar as melhores soluções para os nossos clientes.
Eles são, em última análise, a razão de ser da nossa existência.


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O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal