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Europa a construir o futuro da água: Portugal em ação pela resiliência hídrica dos edifícios

Filipa Ambrósio Monteiro, técnica especialista na Direção de Sustentabilidade e Mobilidade da ADENE

13/11/2025
Os recursos hídricos em Portugal têm vindo a estar sob uma pressão crescente, em especial no centro e no sul do país. Esta decorre de diversos fatores, entre os quais se destacam as alterações climáticas, o acréscimo da procura, a ineficiência na gestão e a falta de resiliência das infraestruturas de abastecimento. A disponibilidade de recursos hídricos tem enorme variabilidade regional, sendo o Alentejo e o Algarve as regiões mais afetadas. O país tem ainda sofrido uma sequência de anos hidrologicamente secos, levando os governos a apostarem em políticas públicas e planos, tanto nacionais como regionais, focados no aumento da resiliência e eficiência hídrica.
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A preocupação com os recursos hídricos não se restringe a Portugal. De facto, a 3 de junho de 2025, a Comissão Europeia apresentou a Estratégia Europeia para a Resiliência Hídrica, com o intuito dos Estados-Membros reforçarem a sua segurança hídrica, fazerem face a eventos extremos (secas, cheias), protegerem os ecossistemas aquáticos e garantirem que todos os cidadãos da União Europeia têm acesso a água limpa.

Desta forma, a resiliência hídrica foi colocada no topo da agenda política, permitindo que todos os países da União Europeia consigam melhorar a gestão das massas de água, combater a escassez hídrica, apostar na inovação por parte do setor da água, garantindo sempre que são adotadas abordagens ambientalmente circulares.

“As alterações climáticas colocam uma pressão acrescida na implementação destas mesmas políticas, devido à imprevisibilidade dos eventos extremos”

A Estratégia Europeia para a Resiliência Hídrica

Os três grandes objetivos definidos na Estratégia Europeia para a Resiliência Hídrica são: i) restaurar e proteger o ciclo da água como base para um abastecimento sustentável, ii) construir uma economia de água 'inteligente', aumentando a competitividade e permitindo atrair investidores e aumentar a prosperidade do setor da água e iii) garantir acesso a água limpa e acessível para todos, aumentando a resiliência das cidades.

Para viabilizar os objetivos elencados nesta estratégia foram definidas áreas de ação, nomeadamente:

  • Governança e implementação;
  • Finanças, investimento e infraestruturas;
  • Digitalização;
  • Investigação, inovação e indústria;
  • Segurança e preparação.

Para se manter alinhado com os objetivos estratégicos da União Europeia, assim como para procurar resolver os desafios do país, Portugal tem vindo a desenvolver instrumentos públicos que visam aumentar a resiliência hídrica e acomodar os objetivos definidos na Estratégia. São eles:

  • Estratégia Nacional 'Água que Une', com um horizonte de projeto até 2040, acautelando um investimento de 5 mil milhões de euros e atuando em três grandes eixos estratégicos: Eficiência, Resiliência e Inteligência.
  • Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), que aposta no aumento da eficiência na governação e restruturação do setor da água, assim como na eficácia na segurança, resiliência e ação climática.
  • Planos de Gestão das Regiões Hidrográficas, instrumentos obrigatórios ao abrigo da Diretiva-Quadro da Água da UE (2000), que incluem medidas que possam garantir a manutenção do estado das massas de água, avaliar o consumo e disponibilidades hídricas e calcular o WIE+ (índice de exploração de água). Estes planos são reportados à Comissão Europeia que, em parceria com a Agência Europeia do Ambiente (EEA), desenvolveram a plataforma WISE (Water Information Sytem for Europe), que disponibiliza publicamente informação sobre as massas de água superficiais e subterrâneas da Europa, pressão sobre os recursos hídrico e políticas europeias da água.

Vários fundos e apoios europeus contribuem para a implementação destas políticas, como o PRR, Portugal 2030, Fundo Ambiental, assim como fundos europeus e cooperação com instituições como o BEI (Banco Europeu de Investimento).

O grande desafio à implementação destes instrumentos prende-se com possíveis atrasos e incumprimentos no planeamento e execução dos mesmos. É essencial assegurar que as políticas elaboradas não ficam apenas no papel, que existe continuidade política e capacidade técnica e institucional para implementar as mesmas.

As alterações climáticas colocam uma pressão acrescida na implementação destas mesmas políticas, devido à imprevisibilidade dos eventos extremos, à projeção de diminuição da disponibilidade hídrica e ao aumento da intensidade e duração das secas, exigindo por parte dos decisores respostas rápidas e robustas.

“A metodologia do AQUA+, desenvolvida para edifícios Residenciais e de Comércio e Serviços, com o apoio do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, é uma ferramenta simples e ágil, que permite avaliar e classificar a eficiência hídrica dos edifícios com base nas suas infraestruturas, dispositivos e equipamentos de uso de água”

AQUA+ - Sistema de Classificação de Eficiência Hídrica em Edifícios

Na sequência do quadro macro atrás referido, a ADENE desenvolveu o AQUA+ - Sistema de Classificação de Eficiência Hídrica em Edifícios, ferramenta que visa responder aos desafios impostos pela escassez hídrica, os quais ganham dimensão primordial no centro e sul de Portugal, contribuindo para o aumento da resiliência e eficiência hídrica do parque edificado. A metodologia do AQUA+, desenvolvida para edifícios Residenciais e de Comércio e Serviços, com o apoio do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, é uma ferramenta simples e ágil, que permite avaliar e classificar a eficiência hídrica dos edifícios com base nas suas infraestruturas, dispositivos e equipamentos de uso de água.

A avaliação é realizada em qualquer fase de vida dos edifícios (projeto, uso ou reabilitação), por técnicos formados e qualificados pela ADENE para o efeito, atribuindo uma classificação de F a A+, seguida de um relatório de auditoria com proposta de medidas de melhoria e de um plano de ação para auxílio na implementação dessas mesmas medidas.

Desde 2020 que o AQUA+ permite valorizar os edifícios e as soluções mais eficientes, identificar oportunidades de melhoria e orientar e promover as melhores práticas, auxiliando na gestão e utilização dos edifícios.

O aumento da eficiência hídrica do parque edificado contribui não só para a poupança de água, mas também para a redução do consumo de energia, através da relação intrínseca água-energia (nexus água-energia). De facto, ao reduzir o consumo de água nos edifícios, diminui-se igualmente a energia necessária para o aquecimento de água quente e para o funcionamento dos equipamentos que utilizam água, promovendo uma utilização mais racional de ambos os recursos.

A interligação entre eficiência hídrica e eficiência energética ganha particular relevância em contexto urbano, onde o consumo de água influencia diretamente o gasto energético em todo o ciclo urbano da água. Assim, garantir um uso eficiente da água significa, simultaneamente, garantir maior eficiência energética.

Em Portugal, esta relação assume especial importância, dado que o setor da água é um dos principais consumidores de energia, através da captação, tratamento e distribuição de água, representando 2,5% do consumo elétrico nacional. Por outro lado, a produção de energia hidroelétrica desempenha um papel fundamental no equilíbrio energético nacional, representando 23% dos 61% de TWh de energia proveniente de fontes renováveis. Deste modo, assegurar a disponibilidade hídrica é essencial, não apenas para o abastecimento e a sustentabilidade ambiental, mas também para a manutenção da produção de energia renovável no país.

Atualmente, o AQUA+ conta com mais de 2990 classificações emitidas, existindo no mercado 331 gestores AQUA+ e 113 auditores, que se encontram na listagem pública de técnicos AQUA+ e que estão aptos à realização de consultoria e auditorias de eficiência hídrica em edifícios.

Através das auditorias AQUA+, com base nas medidas de melhoria propostas pelos auditores, já foi identificado um potencial de poupança de água de 87 milhões de litros de água (14% da água faturada em 2024) o que corresponde, aproximadamente, a 17 milhões de garrafões de água de 5 litros ou 35 piscinas olímpicas.

O AQUA+, como ferramenta de apoio no combate à escassez de água e no aumento da eficiência no uso da água e da resiliência climática das cidades em Portugal, ganhou enorme relevância, sendo hoje um instrumento essencial no caminho da inovação preconizado na Estratégia Europeia para a Resiliência Hídrica.

Filipa Ambrósio Monteiro, técnica especialista na Direção de Sustentabilidade e Mobilidade da ADENE
Filipa Ambrósio Monteiro, técnica especialista na Direção de Sustentabilidade e Mobilidade da ADENE

 

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