Entrevista
Trabalho em equipa e inovação: a fórmula de sucesso da Be Air
Com uma equipa jovem, dinâmica e especializada, a Be Air tem consolidado a sua presença no mercado nacional com soluções de climatização e energias renováveis que privilegiam eficiência, inovação e um acompanhamento próximo ao cliente. Em entrevista à revista 'O Instalador', Sílvia Nogueira e Nuno Valério, responsáveis da empresa, revelam a estratégia de crescimento, as principais preocupações do setor e a visão para o futuro num mercado cada vez mais competitivo e exigente.
Sílvia Nogueira e Nuno Valério, responsáveis pela Be Air.
Num setor em permanente transformação, onde a eficiência energética deixou de ser tendência para se tornar exigência e a inovação tecnológica dita a velocidade do mercado, a Be Air tem sabido crescer com solidez e afirmar-se pela proximidade ao cliente. Entre alterações fiscais que mudam regras de consumo, cadeias de abastecimento pressionadas por contextos geopolíticos e uma transição energética imparável, Sílvia Nogueira e Nuno Valério revelam como a empresa enfrenta os desafios e aproveita as oportunidades que estão a redefinir o setor AVAC em Portugal.
Como descrevem a evolução da Be Air nos últimos anos? O que distingue a empresa no mercado nacional, especialmente nas áreas de climatização e energias renováveis?
A Be Air, nos últimos anos, tem primado por um crescimento acentuado em termos de volume de vendas, o que se traduz também num aumento dos nossos quadros de recursos humanos. O que nos distingue no mercado nacional é a nossa dinâmica e organização enquanto empresa. Contamos com uma equipa jovem e especializada, cujo principal foco é o cliente. O nosso departamento técnico, formado por engenheiros mecânicos, é responsável pela validação e oferta de produto técnico, que, em parceria com o nosso departamento comercial, são promovidos e divulgados junto dos nossos clientes-alvo.
Pretendemos sempre oferecer ao cliente uma solução que vá ao encontro das suas reais necessidades. Trabalho em equipa, uma equipa técnica especializada, produtos inovadores e eficientes, a par de um bom acompanhamento pré e pós-venda, são os principais fatores para o nosso sucesso.
Atualmente, qual é o peso relativo dos segmentos de climatização, sistemas fotovoltaicos e tratamento de água no vosso portefólio? Algum deles tem crescido mais rapidamente?
Os segmentos da climatização e dos sistemas fotovoltaicos são os que representam um maior volume de vendas, sendo o tratamento de água uma complementaridade dos nossos produtos. O segmento dos sistemas fotovoltaicos é, sem dúvida, o setor que mais tem crescido e evoluído em termos tecnológicos.
O recente aumento do IVA para sistemas de climatização e energias renováveis tem-se refletido numa menor procura? Como têm sentido essa mudança do ponto de vista comercial?
Do ponto de vista comercial, até ao momento, não sentimos impacto. Houve uma grande procura de produto antes da transição da taxa de IVA de 6% para 23%. Atualmente, estando no pico do verão — meses tipicamente fortes, sobretudo na climatização —, continuamos com a taxa de crescimento que tínhamos perspetivado para este ano. A longo prazo é motivo de preocupação, pois o acréscimo de 17% na fatura, em virtude desta alteração no valor do IVA, para o consumidor final, vai traduzir-se num menor poder de compra.
Num contexto global marcado por instabilidades geopolíticas — como a guerra na Ucrânia, tensões no Mar Vermelho e conflitos no Médio Oriente —, como é que estas situações têm afetado as vossas cadeias de abastecimento e custos logísticos?
Os custos logísticos têm aumentado bastante, o que implica, da parte do nosso departamento de compras, uma negociação quase diária com as diferentes transportadoras com que trabalhamos. Os nossos principais fornecedores são maioritariamente europeus ou têm postos de armazenamento na Europa, pelo que os prazos de entrega de produto nos nossos armazéns logísticos já estabilizaram. Sentimos mais esse impacto quando se iniciou a guerra na Ucrânia. Relativamente aos conflitos do Médio Oriente, este sempre existiu, com maior ou menor gravidade, o que não afetou, para já, as nossas cadeias de abastecimento.
“A eficiência energética e as tendências digitais, são sem dúvida, as forças impulsionadoras deste mercado”
Que tendências tecnológicas estão a moldar o setor AVAC em Portugal? Existem áreas emergentes onde a Be Air está a investir de forma particular?
Em Portugal, o setor AVAC tem sido moldado maioritariamente por tendências globais e externas. A eficiência energética e as tendências digitais são, sem dúvida, as forças impulsionadoras deste mercado. O conceito de “Casa Inteligente” e os sistemas de monitorização são áreas em que apostamos, procurando sempre otimizar o consumo de recursos energéticos nas soluções que disponibilizamos ao cliente. Consideramos de extrema importância a modernização deste setor e é nosso compromisso acompanhar os avanços científicos e tecnológicos na especialidade.
Que novidades podemos esperar da Be Air para este último trimestre de 2025 e para 2026, em termos de novas marcas, produtos ou tecnologias?
Contamos manter-nos fiéis às atuais marcas que representamos e nas quais acreditamos. As principais novidades serão na nossa marca própria, Be Pro, onde serão introduzidos novos produtos. As principais novidades serão sempre no ramo do fotovoltaico, onde irão surgir novos produtos associados a novas tecnologias. É um setor com uma dinâmica quase imprevisível…
Quais são, na vossa perspetiva, as principais preocupações do setor AVAC em Portugal atualmente?
Neste momento, a principal preocupação prende-se com a alteração da taxa de IVA e com o facto de o nosso mercado nacional se tornar aliciante para os concorrentes externos, favorecidos por esta alteração. Consideramos urgente uma ação que contrarie este aumento de IVA.
O setor AVAC continua a ser maioritariamente masculino. Qual é o papel das mulheres na Be Air e no setor, e que passos consideram essenciais para promover uma maior inclusão?
É verdade que continua a ser um setor maioritariamente masculino. Na Be Air procuramos contrariar essa discriminação, incluindo mulheres em todos os departamentos da organização, onde também ocupam cargos de liderança e de elevada complexidade técnica. Infelizmente, vivemos numa sociedade em que há uma tendência para nivelar por baixo o desconforto causado por esta desigualdade de género. Os passos essenciais para promover uma maior inclusão passam por implementar políticas de igualdade salarial, criar um ambiente de trabalho seguro e livre de assédio e garantir igualdade no acesso a cargos de liderança. É importante exigirmos sempre melhores condições para todos e é isso que nos torna mais humanos e ricos em valores.
A vossa equipa é descrita como jovem e dinâmica. Que tipo de cultura organizacional fomentam internamente para manter essa motivação e empenho?
Promovemos sempre uma cultura de proximidade junto da nossa equipa. O estarmos presentes diariamente na empresa e acessíveis a todos é o elemento-chave para manter a motivação e o empenho. Todos os departamentos trabalham de forma autónoma e sentem o nosso apoio no desempenho das suas funções. O ato de supervisionar passa muito por tornar o trabalho de todos autónomo, promovendo sinergias entre as várias áreas da empresa. Procuramos, pelo menos uma vez por trimestre, reunir toda a equipa na sede para alinhar estratégias e promover ciclos de formação interna. Organizamos também, uma vez por ano, uma atividade de 'team building', que se revela sempre um bom momento de convívio.
No que diz respeito à formação técnica, que novidades têm implementado para garantir que os profissionais que trabalham convosco estão sempre atualizados e capacitados para oferecer serviços de qualidade?
Promovemos ações de formação técnica sobre os produtos ou soluções que comercializamos, sobretudo quando apostamos em novos equipamentos. Essa formação, por norma, é ministrada pelo nosso departamento técnico, por vezes em colaboração com as marcas que representamos.
Temos também uma parceria com o centro de formação “Saber Sem Limites”, onde participamos mensalmente, na qualidade de entidade formadora, em cursos de sistemas fotovoltaicos, bombas de calor AQS e aquecimento, bem como no curso técnico de gases fluorados.
Sempre que há exposições internacionais da especialidade (AVAC ou fotovoltaico), acompanhamos o nosso departamento técnico, para que esteja a par da evolução do mercado externo e faça investigação sobre novos produtos ou soluções a implementar em Portugal.
Prevemos integrar mais um elemento no departamento técnico ainda este ano, possivelmente na área da engenharia mecânica ou eletrotécnica.
PERSPETIVAS E CRESCIMENTO
"É um mercado que ainda tem muito explorar, sobretudo quando se pretende fazê-lo de forma profissional e honesta"
Que oportunidades ainda veem no mercado português, que acreditam estar por explorar no vosso setor?
É um mercado que ainda tem muito a explorar, sobretudo quando se pretende fazê-lo de forma profissional e honesta. O mercado que opera nas remodelações/construção civil continua com um forte crescimento e, cada vez mais, se verifica por parte do consumidor uma preocupação em climatizar a habitação e torná-la energeticamente eficiente, proporcionando um maior conforto no lar e independência energética com recurso a sistemas fotovoltaicos.
Para terminar, como têm evoluído os números da Be Air nos últimos anos? Podem partilhar algumas perspetivas sobre o crescimento do negócio e os principais fatores que têm impulsionado essa expansão?
Temos evoluído favoravelmente. Todos os anos se tem verificado o crescimento do negócio, o que nos tornou autónomos financeiramente, atuando, ao dia de hoje, somente com capital próprio.
Temos, anualmente, sido distinguidos com os prémios PME Líder e PME Excelência. Perspetivamos que este crescimento se continue a verificar no ano de 2025, com expetativa de que supere o ano de 2022, que foi o nosso melhor ano.
A responsabilidade financeira com que gerimos o nosso negócio, sendo a Be Air uma pequena/média empresa, tem impulsionado a nossa expansão. Evitamos o risco financeiro ao máximo, sob pena da não concretização de alguns negócios. As boas práticas financeiras e comerciais, a par de uma gestão responsável do nosso stock, têm, sem dúvida, impulsionado a nossa expansão.