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Renovação energética dos edifícios comerciais na Europa em risco de falhar meta de 2030

04/09/2025
Especialistas alertam para o ritmo insuficiente de intervenções e defendem aposta na inteligência digital.
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A Europa enfrenta um desafio considerável na corrida contra o tempo para tornar os seus edifícios comerciais mais eficientes em termos energéticos, segundo uma recente análise do Buildings Performance Institute Europe (BPIE). O estudo revela que apenas 0,4% dos edifícios comerciais do continente são alvo de renovações energéticas todos os anos – um valor dez vezes inferior ao objetivo definido. Com este ritmo, mais de 99% dos edifícios não vão conseguir cumprir a meta estabelecida para 2030, conforme acordado pelos países na cimeira do clima COP28.

De acordo com a legislação da União Europeia, 16% dos edifícios com pior desempenho energético deverão ser renovados nos próximos cinco anos. No entanto, com menos de 0,5% de edifícios renovados por ano, os especialistas alertam que nem o objetivo mínimo será alcançado. Esta preocupação foi sublinhada por especialistas em eficiência energética da Exergio, uma empresa que desenvolve plataformas baseadas em inteligência artificial para otimização energética.

O setor dos edifícios é responsável por cerca de 30% da procura energética global e 26% das emissões de CO2 relacionadas com energia, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Os edifícios são, de facto, os maiores emissores e a melhoria do seu desempenho energético é fundamental para atingir as metas climáticas assumidas na COP28.

Obstáculos persistentes e falta de dados operacionais

O relatório do BPIE identifica vários problemas recorrentes em diferentes regiões da Europa. Entre eles está a existência de metas sem mecanismos eficazes de fiscalização, bem como padrões de desempenho inconsistentes. Outro ponto crítico é a inexistência de dados operacionais em tempo real que permitam análises precisas e ajustes imediatos nos sistemas dos edifícios.

Donatas Karciauskas, CEO da Exergio, é perentório: “as renovações profundas praticamente não acontecem no setor edificado. Temos de parar de fingir que acontecem. Não se consegue corrigir o que não se vê, e neste momento ninguém está a monitorizar os números em tempo real. Precisamos de inteligência digital capaz de identificar ineficiências ocultas e otimizar, em tempo real, toda a operação energética dos edifícios”.

Ir além dos consumos globais

O BPIE recomenda que os países ultrapassem a simples medição do consumo total de energia e passem a analisar como a energia é distribuída entre os diferentes sistemas dos edifícios – aquecimento, arrefecimento, iluminação – e de que forma os espaços são utilizados ao longo do dia. Esta abordagem permite identificar ineficiências específicas e ajustar operações em função das necessidades reais dos ocupantes.

Segundo os especialistas, os sistemas de monitorização europeus, como o Eurostat e o EU Building Stock Observatory, ainda apresentam lacunas, mas servem de modelo para a recolha e comparação de dados energéticos dos edifícios em diferentes países.

Para o BPIE, a eficiência não deve ser avaliada apenas pelo consumo energético, mas sim pela quantidade de energia que é realmente necessária para garantir o conforto e a usabilidade dos espaços. Ou seja, um edifício eficiente é aquele que, com o mínimo de recursos, consegue criar ambientes adequados às pessoas que o utilizam.

Plataformas digitais: a chave para desbloquear eficiência

As soluções para colmatar estas lacunas já existem, sublinha Karciauskas. Plataformas digitais de gestão energética podem monitorizar em tempo real sistemas como climatização (HVAC), iluminação e outros, identificar desperdícios e ajustar automaticamente as operações de vários edifícios em simultâneo.

De acordo com o CEO da Exergio, “os dados são a ferramenta de renovação mais rápida que temos. Ao coordenar cargas e otimizar controlos, as plataformas orientadas por inteligência artificial podem ajudar os edifícios a operar de forma eficiente sem os longos prazos e elevados custos das renovações profundas. Esta abordagem operacional tem permitido, na nossa experiência, que os proprietários de edifícios reduzam o desperdício de energia em até 29% e recuperem o investimento num ano. O objetivo número um dos países deve ser transformar promessas em progresso real”.

Impacto ambiental e económico das renovações energéticas

A renovação energética dos edifícios comerciais não é apenas uma exigência ambiental – tem também implicações económicas relevantes. Edifícios mais eficientes consomem menos energia, reduzem custos operacionais e aumentam o valor imobiliário, além de contribuírem para a criação de empregos no setor da construção e das tecnologias digitais.

Por outro lado, o incumprimento das metas coloca em causa objetivos climáticos globais e pode levar à imposição de sanções ou restrições adicionais por parte da União Europeia. O atraso na transição energética ameaça ainda a competitividade das empresas europeias face a regiões que apostam fortemente na digitalização e na sustentabilidade.

O papel da inteligência artificial e das tecnologias emergentes

A integração de inteligência artificial e análise de dados em tempo real está a transformar a forma como os edifícios são geridos. Estas ferramentas permitem identificar padrões de consumo, antecipar necessidades e ajustar operações para maximizar a eficiência sem comprometer o conforto.

Os sistemas digitais avançados podem, por exemplo, desligar automaticamente equipamentos em horários de menor utilização, regular temperaturas de acordo com a presença de pessoas e adaptar a iluminação à luz natural disponível. Esta flexibilidade é crucial para enfrentar os desafios impostos pela variabilidade do clima, o aumento dos custos energéticos e as exigências regulamentares cada vez mais rigorosas.

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