Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Especialista em... Reabilitação urbana

Alexandra Costa18/07/2025
Embora o país reconheça a importância da reabilitação urbana e da eficiência energética, em face do trabalho hercúleo que temos pela frente, a resposta nacional tem sido insuficiente para criar uma verdadeira transformação estrutural.
A instalação de sistemas de aproveitamento de energias renováveis, o reforço do isolamento térmico e a substituição de janelas e coberturas são fundamentais, mas nem sempre viáveis sem apoio técnico e financeiro adequado. Assim, este desafio exige um planeamento integrado, com colaboração entre arquitetos, engenheiros e instaladores, bem como uma aposta clara na formação e qualificação dos profissionais do setor.
Manuel Reis Campos, presidente da AICCOPN e da CPCI

Manuel Reis Campos, presidente da AICCOPN e da CPCI.

Portugal tem acompanhado o desafio europeu no que diz respeito à reabilitação dos edifícios?

Atualmente, o setor da construção e do imobiliário enfrenta inúmeros desafios destacando-se, entre eles, a necessidade de regeneração do parque edificado, assegurando que estes processos de reabilitação se encontram plenamente alinhados com as metas de descarbonização e de eficiência energética preconizadas pela União Europeia. Neste contexto, a nova Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), publicada em maio de 2024, representa um marco regulatório de grande relevância, ao elevar substancialmente o nível de ambição e impor uma transformação profunda num parque imobiliário europeu ainda marcado, em larga medida, por uma ineficiência energética estrutural.

O nosso país tem dado sinais de progresso no que respeita a esta nova tendência, contudo, dada a dimensão desta transformação, ainda não se perspetiva uma evolução significativa. De acordo com os Censos de 2021, o número de edifícios que careciam de obras aumentou em 253.889 face a 2011, passando de 28,9% para 35,8% do total do parque edificado. Além disso, aumentou também o número de edifícios com necessidades médias ou profundas de intervenção, totalizando quase meio milhão. Destes, cerca de 163 mil encontram-se em muito mau estado de conservação.

Embora o país reconheça a importância da reabilitação urbana e da eficiência energética, em face do trabalho hercúleo que temos pela frente, a resposta nacional tem sido insuficiente para criar uma verdadeira transformação estrutural. Continuamos, por isso, a uma distância considerável das metas estabelecidas pela Comissão Europeia.

Quais são os principais desafios de conjugar a reabilitação urbana com a eficiência energética dos edifícios?

Conjugar a reabilitação urbana com a eficiência energética é, por natureza, complexo. As intervenções nos edifícios existentes — muitas vezes com valor patrimonial, em centros urbanos consolidados ou com múltiplos proprietários — exigem soluções técnicas exigentes e investimentos avultados. A instalação de sistemas de aproveitamento de energias renováveis, o reforço do isolamento térmico e a substituição de janelas e coberturas são medidas fundamentais, mas nem sempre viáveis sem o apoio técnico e financeiro adequado. Este desafio exige, por isso, um planeamento integrado, assente na colaboração entre arquitetos, engenheiros e instaladores, bem como uma aposta clara na formação e qualificação dos profissionais do setor.

A existência de programas de incentivo é, na sua opinião, fundamental para cumprir as metas estabelecidas pela Comissão Europeia?

Os programas de incentivo são cruciais para que se possa alcançar as metas definidas pela Comissão Europeia. É fundamental assegurar a continuidade de programas como o 'Edifícios Mais Sustentáveis' ou o 'Vale Eficiência', bem como a mobilização de verbas do PRR para o setor da habitação.

Tão ou mais importante do que os apoios diretos, é a criação de um ambiente fiscal favorável à reabilitação urbana. A aplicação da taxa reduzida de IVA (6%) às obras de reabilitação deve ser alargada a todo o território nacional, sem exceções. Este é um passo decisivo para tornar as intervenções mais acessíveis às famílias e mais viáveis para os promotores e empresas, incentivando uma verdadeira dinâmica de reabilitação com critérios de sustentabilidade energética.

É certo que a reabilitação urbana, contemplando a eficiência energética, é uma das principais ferramentas para dar resposta à crise habitacional, combater a pobreza energética e reduzir as emissões poluentes. Contudo, para que o objetivo seja atingido com sucesso, é necessário ir mais longe. A União Europeia já estabeleceu metas claras. Cabe agora ao país mobilizar os meios, eliminar obstáculos e agir com determinação — porque há, de facto, ainda muito por fazer.

Manuel Reis Campos

Presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que integra o Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP)

Presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN)

Presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Reabilitação de Imóveis, S.A. (SORI)

REVISTAS

Ordem dos EngenheirosVálvulas Arco, S.L.

Media Partners

NEWSLETTERS

  • Newsletter O Instalador

    14/07/2025

  • Newsletter O Instalador

    07/07/2025

Subscrever gratuitamente a Newsletter semanal - Ver exemplo

Password

Marcar todos

Autorizo o envio de newsletters e informações de interempresas.net

Autorizo o envio de comunicações de terceiros via interempresas.net

Li e aceito as condições do Aviso legal e da Política de Proteção de Dados

Responsable: Interempresas Media, S.L.U. Finalidades: Assinatura da(s) nossa(s) newsletter(s). Gerenciamento de contas de usuários. Envio de e-mails relacionados a ele ou relacionados a interesses semelhantes ou associados.Conservação: durante o relacionamento com você, ou enquanto for necessário para realizar os propósitos especificados. Atribuição: Os dados podem ser transferidos para outras empresas do grupo por motivos de gestão interna. Derechos: Acceso, rectificación, oposición, supresión, portabilidad, limitación del tratatamiento y decisiones automatizadas: entre em contato com nosso DPO. Si considera que el tratamiento no se ajusta a la normativa vigente, puede presentar reclamación ante la AEPD. Mais informação: Política de Proteção de Dados

www.oinstalador.com

O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Estatuto Editorial