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Quais os principais desafios e constrangimentos do setor AVAC em Portugal?

31/03/2025

Este foi o mote para a discussão, em formato de mesa redonda, que decorreu a 10 de abril no Auditório F&P Espaço Eficiência Energética no Pavilhão 4 na edição deste ano da Tektónica. Paulo Bessa, Jorge Carvalho, Luís Graça e Nuno Roque foram os oradores do evento organizado pel’O Instalador e que juntos discutiram as medidas mais urgentes para ultrapassar os desafios do setor.

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À semelhança da edição anterior da Tektónica, O Instalador promoveu, no primeiro dia da feira — que decorreu na FIL, entre 10 e 12 de abril —, uma mesa redonda dedicada aos principais desafios do setor AVAC em Portugal. Depois de, em 2024, o foco ter estado no novo Regulamento F-Gas, este ano o debate centrou-se na escassez de mão de obra, na transição energética e nas oportunidades de inovação tecnológica, reunindo representantes de empresas e organizações setoriais.

Durante 45 minutos, os quatro oradores convidados partilharam preocupações e propostas para um setor que se encontra em mudança acelerada, marcado por exigências regulamentares, transformação tecnológica e novas expectativas por parte dos consumidores.

Nuno Roque, diretor-geral da APIRAC, destacou o período em que vivemos, “de grandes transformações legislativas e regulamentares, motivadas por temas de fundo, como o impacto ambiental e a necessária descarbonização, a gestão eficiente dos recursos e o desempenho energético condizente com a sociedade evoluída que desejamos ser. Esta resposta tem de ser dada enquanto sociedade e, de modo mais micro, por diversos setores económicos, entre os quais o nosso. Os edifícios, que são compostos por diversos sistemas técnicos, e nomeadamente energéticos, representam 40% do consumo energético na União Europeia e são responsáveis 36% das emissões em CO2”.

Por essa razão, “as empresas e os profissionais do nosso setor são convocados a entregar respostas que resolvam estes impactos e apontem soluções mais eficientes energeticamente, sem utilização de combustíveis fósseis”.

Quanto às medidas mais urgentes a serem tomadas para fazer face aos desafios, Nuno Roque indica que estão a ser desenvolvidas soluções tecnológicas “para responder com a maior capacidade ao desafio extremamente exigente que se coloca ao setor e às empresas, em particular. Do ponto de vista ambiental, as bombas de calor serão a forma mais económica e neutra para efeitos de aquecimento e arrefecimento, embora se apresentem ainda como um investimento dispendioso para os consumidores. Os decisores políticos têm de corrigir esta situação, comprometendo-se inequivocamente com as tecnologias das bombas de calor, criando condições económicas favoráveis para a solução de climatização mais limpa que existe”.

Como medida imediata, o responsável da APIRAC defende que “as políticas devem visar a redução do custo da eletricidade para aplicações residenciais, comerciais e industriais. Exige-se uma ação governamental concreta, que crie condições económicas mais favoráveis do que as existentes. Mas, no cenário real de concentração urbana existente, a rede de distribuição e a rede de fornecimento não estão preparadas para a implantação em massa de bombas de calor, pelo que se impõe, a par, uma descentralização da produção, aproximando a produção do local de consumo, mitigando as inadequações de infraestrutura da rede elétrica e reduzindo o custo da eletricidade para as aplicações referidas”.

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Eficiência energética e inovação tecnológica

Paulo Bessa, Business Solutions Manager da SGT Energia e Climatização, SA, destacou o sistema Multi Circle da Midea como um exemplo de inovação com impacto prático na eficiência e nos custos energéticos. Lançado o ano passado, este sistema permite integrar climatização e produção de água quente sanitária, reaproveitando o calor das unidades exteriores, sobretudo durante o inverno. “Nos meses de janeiro, fevereiro e março consegui ter três meses de água quente gratuitos”, revelou. “O sistema permite que, quando estamos a fazer frio com as unidades interiores, a unidade exterior ia libertar calor para a atmosfera. Desta forma aproveitamos esse calor para produzir água quente”.

Com esta solução, o calor que seria normalmente dissipado é canalizado para aquecer água, reduzindo o desperdício e respondendo a novas exigências regulatórias, como o fim da obrigatoriedade de redes de gás em novos edifícios. “Há uma transição de caldeiras e esquentadores para bombas de calor, mas depois surge a questão: onde se colocam esses depósitos, dentro de casa ou na varanda? Estes novos sistemas permitem localizar dentro de casa o deposito de água quente, já que são sistemas com um diâmetro de 50 centímetros, cabem num armário de 60X60”, sublinhou.

Formação, mercado e associativismo

Jorge Carvalho, Business Director da Eurofred, alertou para os riscos da guerra de preços num mercado em crescimento, mas onde a diferenciação se torna cada vez mais desafiante. “Acima de tudo, o que se tem de vender é a solução porque o mercado está a crescer. O boom doméstico foi muito grande, as alterações climáticas são uma realidade e o mercado não cresce à proporção do que as marcas desejam, daí a guerra de preços”, explicou.

“O cliente tem de sentir que há uma mais valia na compra do produto e também temos de apostar na formação dos clientes. Mais do que poupar, é importante não desperdiçar”. E destacou duas palavras ainda causam confusão, mas que deviam andar casadas: eficiência e eficácia. “Os sistemas têm de ser eficientes, mas eficazes. Não me serve de nada um sistema eficiente quando, nos picos de calor, não funciona”.

Jorge Carvalho abordou ainda a falta de associativismo que se vive no setor. "Digo isto com alguma mágoa porque fui dirigente durante vários anos [APIRAC e EFRIARC] e já notava isso. A primeira coisa que as pessoas perguntam é: 'o que é que eu ganho com isto?' É preciso carolice, não saturar os dirigentes atuais para não desistirem no final dos mandatos, tem de haver sempre uma renovação e cativação".

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Medidas urgentes e perspetivas de futuro

Para Luís Graça, sócio-gerente da Frostline, a escassez de mão de obra — qualificada e não qualificada — é um problema transversal. “Falta apoio às empresas do sector e falta unidade e sintonia dos ‘players’ do mercado AVAC&R, principalmente das organizações sectoriais e grupos de trabalho”.

Entre as medidas mais urgentes a tomar para ultrapassar estes desafios, Luís Graça destaca “uma legislação mais eficiente, menos burocrática e com planos alargados para uma adaptação gradual das empresas às alterações legislativas relacionadas com a descarbonização. Não há um planeta Europa, há um planeta Terra e, como tal, estes processos deveriam ser à escala global e não local”.

Para Nuno Roque, “o setor da refrigeração, ar condicionado e bombas de calor é incontornável e fundamental para o bem-estar da sociedade, mas 75 % dos edifícios da União Europeia ainda são ineficientes do ponto de vista energético. Por conseguinte, a redução do consumo de energia, em consonância com o princípio da prioridade à eficiência energética e a utilização de energia proveniente de fontes renováveis no setor dos edifícios constituem medidas importantes e necessárias para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e a pobreza energética na União. O setor térmico está na primeira linha de resposta às necessidades e exigências. Neste contexto, a APIRAC irá, como tem sido o seu compromisso, apoiar os associados na transição para soluções mais ecológicas, assegurando que a sustentabilidade do setor da refrigeração e da climatização é tida em consideração na legislação e regulamentações relativas à energia”.

O debate promovido por O Instalador na Tektónica 2025 veio confirmar que o setor AVAC vive um momento de viragem. Entre constrangimentos estruturais e avanços tecnológicos, os profissionais mostram-se conscientes da sua responsabilidade na transição energética e na construção de um modelo mais sustentável. A inovação, a formação e a cooperação setorial surgem como pilares essenciais para um futuro mais eficiente e resiliente.

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