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Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Apostar na formação AVAC

Alexandra Costa15/03/2024

Nunca como agora foi tão necessário apostar na formação especializada. Seja pelas constantes mudanças na legislação ou na evolução tecnológica. No entanto, ao investimento necessário por parte dos fabricantes contrapõe-se a cada vez maior escassez de recursos humanos qualificados e a preocupação de formar técnicos que acabam por não permanecer nas empresas.

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Formação. Um termo cada vez mais importante. Principalmente em áreas técnicas como a climatização e, nos dias de hoje, em que a legislação europeia está em mudança. Mas qual o estado da formação portuguesa? Está em sintonia com o que se faz nos restantes países europeus? Ricardo Fernandes, da Formação e Suporte Técnico Vulcano, aponta que, de uma forma geral, a formação em AVAC é assegurada pelos fabricantes e distribuidores dos equipamentos. O técnico refere que, salvo raras exceções, além das formações estarem fragmentadas por grupo de produtos, os seus conteúdos não cobrem todas as necessidades, restringindo-se ao produto em si, não se focando na tecnologia nem nos sistemas como um todo.

Bruno Costa, Training & Technical HelpDesk Supervisor Daikin Portugal, por seu lado, explica que a formação em AVAC na Europa é oferecida por várias organizações renomadas, apresentando uma variedade de cursos projetados para atender às necessidades dos profissionais nas indústrias de aquecimento, ventilação e ar condicionado. No caso concreto de Portugal, “e em linha com os restantes países da UE, para se exercer a profissão de técnico de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) é necessário obter certificações profissionais específicas para trabalhar tanto em tarefas gerais de técnico como na manipulação de gases fluorados”. Opinião partilhada pela SGT, que refere que em Portugal, existem várias escolas profissionais e de ensino universitário com grande experiência na área do AVAC. A empresa acrescenta ainda que, “para além destas instituições, temos associações profissionais que prestam formação e certificação, tal como acontece na maioria dos países europeus”.

Já a Francisco Augusto, country leader Portugal da Trane Portugal, tem uma visão ligeiramente diferente. A empresa considera que, no que concerne ao nível dos técnicos de frio no terreno, Portugal deixou de formar para passar a certificar. “Os técnicos têm de ser certificados em variadissimas áreas, mas será que têm boa formação? Creio que não.”, constata, acrescentando que hoje a preocupação das empresas é ter pessoas com as certificações porque não têm a capacidade de formar e certificar um jovem empregado, dado que é algo que é caro e demora tempo. “Temos casos internos de técnicos muito experientes, de outros países que se propõem a mudar para Portugal e nós não os contratamos, porque iriamos demorar tempo para retirar rendimento de um técnico mesmo que experimentadíssimo”, aponta, referindo que com este cenário “deixámos de alimentar o setor e temos falta de jovens com formação de qualidade”.

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Face a isto há quem decida pôr mãos à obra e crie o seu próprio centro de formação. O Instituto de Formação Vulcano é um exemplo, mas não é caso único. A Academia Daikin, explica Bruno Costa, nasceu do facto de se estar, por um lado, perante uma profissão especializada, mas, também, porque a Daikin estabeleceu “um alto nível de mestria na instalação, operação e manutenção dos nossos produtos”. Neste momento a Academia tem espaços em Paço de Arcos e em Vila do Conde, onde dispõe de programas de formação para uma ampla gama de profissionais, incluindo especialistas em aquecimento, ventilação e ar condicionado, proprietários, técnicos de serviço, engenheiros de edifícios e sistemas, projetistas, distribuidores e funcionários internos. “Com soluções de formação modernas, onde se destacam os programas de formação do tipo B-learning, ou seja, formação que combina formação à distância e formação presencial, a Academia Daikin oferece a oportunidade de melhorar competências e desenvolver o potencial de cada profissional”, acrescenta o executivo.

Já Vítor Ferreira, sales director, na LG Electronics Portugal, refere que a sua empresa procura providenciar um serviço de qualidade em todos os âmbitos, sendo que a formação AVAC não é uma exceção. “As formações têm como objetivo acompanhar o cliente desde a fase de conceção (onde o foco são as ferramentas de dimensionamento) até à fase de arranque (destacando-se a vertente técnica e operacional). Com esta incidência e esforço de conscientização, a LGEPT procura minimizar as dificuldades do seu cliente ao longo das várias fases e garantir, igualmente, uma maior autonomia”, afirma.

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O que é preciso melhorar

Questionado sobre melhorias a fazer, a resposta de Vítor Ferreira é imediata: “neste preciso momento, o ponto fulcral de melhoria será mesmo a frequência versus o alcance associado aos momentos de formação”. O sales director da LG Electronics Portugal acrescenta que a empresa procura “também equilibrar a questão associada às formações presenciais, que consideramos imprescindíveis, face a webinars ou formações em formato digital”.

Bruno Costa, por seu lado, aponta a necessidade, urgente, de digitalizar a indústria, “com um aumento de conteúdos on demand para uso em contexto de trabalho, tornando a busca de informação mais eficiente e imediata”, e onde, na opinião do executivo, a inteligência artificial pode oferecer um contributo muito positivo. “Além disso, é crucial a formação em sistemas hidrónicos como bombas de calor ar-água, para que o mercado possa responder à transição energética no setor habitacional, edifícios de serviços e indústria”, acrescenta Bruno Costa, acrescenta que a Daikin já estabeleceu parcerias com entidades reguladoras, escolas profissionais e universidades para acelerar essa transformação. Porque, afinal, “é necessário atrair jovens para o setor”.

Na mesma linha, e porque considera que “todos nós devemos ter a responsabilidade de formar o sector do AVAC de modo que haja continuidade em haver técnicos com qualificações apropriadas a puder manusear com os equipamentos, desde a parte eletrónica à recuperação de refrigerantes, troca de componentes do sistema frigorígeno das unidades, etc” Francisco Augusto refere a necessidade de haver protocolos de cooperação entre os centros de formação profissionais e as empresas do setor. A isto Ricardo Fernandes acrescenta a necessidade de os profissionais, sejam instaladores ou técnicos de reparação/manutenção, terem um conhecimento mais abrangente, de todo o sistema. Algo que, refere, se torna ainda mais crítico com a rápida expansão do mercado de bombas de calor, cujas instalações englobam mais componentes do que apenas o produto. Face a isto o executivo da Vulcano considera ser de extrema importância uma atualização da legislação no que diz respeito às exigências de formação e certificação para as diferentes tecnologias e atividades profissionais. “Se, do ponto de vista da oferta, a criação de percursos profissionais, devidamente definidos, em função das diferentes áreas de atuação e profissões, é de extrema necessidade, já do ponto de vista da procura, os profissionais devem ver a formação como um investimento, não como um custo”, constata.

A SGT tem uma visão mais abrangente. A empresa considera que uma medida que poderia contribuir para uma maior divulgação e interesse nesta atividade seria introduzi-la no ensino profissional das escolas secundárias, à semelhança do que já está a ser feito com outras áreas de atividade. Uma forma de, mais facilmente, dar a conhecer esta área a um público mais jovem. A par isso a SGTconsidera que seria benéfico incluir, nos cursos de Engenharia do ensino superior, nomeadamente no plano de estudos de cada um dos cursos lecionados, informação mais aprofundada sobre o AVAC.

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Próximos desafios

O mundo está a evoluir a uma velocidade estonteante. Como aponta Bruno Costa, a evolução tecnológica, aquela que visa tornar os sistemas mais eficientes e criar soluções sustentáveis, tem sido exponencial. O conhecimento na área de AVAC é abrangente, englobando desde energias, mecânica de fluidos e materiais até eletrónica e eletricidade. Face a isto o executivo da Daikin acredita que, para além dos desafios do ensino e da pesquisa de informação, a expansão das áreas de estudo apresenta-se como um desafio significativo no futuro. Isto sem esquecer a consolidação do conhecimento básico, que é crucial, por ser a raiz para todos os programas de formação.

Ricardo Fernandes, por seu lado, lembra que o mercado não só a nível local, como à escala europeia, está a enfrentar uma crise persistente de escassez de mão-de-obra qualificada, verificando-se uma agregação de trabalhadores de áreas completamente distintas, e sem qualquer conhecimento de AVAC. Em simultâneo, acrescenta, a transição energética rumo à descarbonização vem ditar a necessidade de dotar os atuais instaladores da combustão dos conhecimentos necessários para instalações multi-tecnologia, continuando a apoiá-los no portfolio de equipamentos de combustão, que continuarão a ser introduzidos no mercado. e se isto já parece desafiador, o executivo da Daikin junta mais um fator preponderante: o facto de a idade média dos instaladores a nível europeu ser bastante elevada, prevendo-se uma saída crescente de profissionais qualificados, torna-se evidente a extrema necessidade de dotar os novos talentos com as diversas competências necessárias.

Uma opinião, em certa medida, partilhada por Francisco Augusto, que aponta que o desafio está em trazer para este setor técnicos qualificados. “O setor por motivos estruturais não está a atrair jovens, podemos confirmar que a média de idades dos técnicos é bastante alta. Tornou-se um setor em que a complexidade com as certificações, tipo de atividade sem atração tecnológica e baixos salários simplesmente não atrai jovens. É esse o desafio, atrair jovens”, constata. Uma visão partilhada pela SGT que refere que a dificuldade atual, relacionada com a falta de mão de obra qualificada, tenderá a agravar-se.

Na opinião de Vítor Ferreira, e do ponto de vista estrutural, o formato da formação existente encontra-se, de certa forma, estabelecido. Sendo que “é sempre importante adaptar a formação a um público-alvo – algo que constitui sempre um desafio, dado que é necessário ter informação relativamente aos seguintes tópicos: necessidades do cliente; enquadramento e contexto enquanto cliente; e tipo de exposição (equilíbrio do tipo de informação dentro de um espectro, podendo a exposição tender para algo mais técnico ou comercial).

Já no que concerne ao ponto de vista temático, o sales director da LG Electronics Portugal, considera que, dado tratar-se de um ramo intimamente ligado à engenharia, pautando-se pela melhoria contínua e investimento em inovação, é sempre importante garantir que a informação se encontra atualizada, especialmente do ponto de vista das especificações do produto, e esclarecer como estes dados se enquadram dentro das normas/diretrizes europeias.

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Dificuldades de quem está no terreno

O contraponto do investimento necessário na formação dos investimentos, como aponta o country leader Portugal da Trane Portugal, é haver um investimento das empresas na formação dos técnicos e depois saírem das companhias. Algo reforçado pela SGT que afirma que as principais dificuldades por parte dos instaladores são a dificuldade na obtenção e contratação de mão de obra qualificada e a dificuldade em manter os quadros das empresas, retendo talentos. Bruno Costa acrescenta, de forma categórica:” a escassez de mão de obra qualificada e até mesmo não especializada”. O executivo da Daikin afirma ainda que, para tentar mitigar esta situação, que é transversal a toda a indústria, a Daikin está a promover um conjunto de iniciativas que têm como missão atrair talento para a área de AVAC. Entre as várias iniciativas destaque para a Academia Daikin e as parcerias com entidades como a ATEC, com quem a Daikin assinou um Protocolo de Parceria no âmbito do desenvolvimento de cursos de Aprendizagem e de Especialização Tecnológica na área da Refrigeração e da Climatização.

Sobre a falta de recursos humanos Ricardo Fernandes esclarece que essa é uma realidade com que, de forma geral, todos os instaladores se deparam, e que os levam, muitas vezes, à contratação de pessoal menos qualificado.

Em paralelo, é constantemente reportado a dificuldade de reter estes novos profissionais pois, após os dotarem com algumas qualificações, estes abandonam a empresa movendo-se para outras do mesmo ramo, ou mesmo para criar empresas similares. Esta realidade está associada não só à elevada procura destes profissionais por outras empresas instaladoras, mas também pelo próprio mercado.

Tudo isto tem, aponta o executivo da Vulcano, um forte impacto na formação, levando muitas empresas a uma desaposta na formação, ou em alternativa à alocação desses custos aos colaboradores. Situação, acrescenta, que levou a Vulcano, em 2019, a criar o Instituto de formação Vulcano (IFV), através do qual oferece um leque abrangente de formações necessárias às diferentes realidades dos profissionais. “O IFV, aberto a todos os profissionais, oferece não só diferentes soluções de percursos profissionais como também soluções individuais, com temáticas comportamentais, técnicas e legais, de acordo com a tecnologia ou sistemas em causa”, afirma.

Vítor Ferreira, por seu lado, aponta dois outros desafios. Para o executivo da LG Electronics Portugal as dificuldades dos instaladores prendem-se, sobretudo, com o tipo de formação e de informação que está a ser transmitida no momento. “Desta forma, estas acabam por ser diversificadas e associadas ao contexto das formações”, refere, acrescentando que, de um modo geral, verifica-se que as questões mais prementes tendem a estar associadas à vertente elétrica e ao controlo dos equipamentos.

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