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Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Potenciar a energia eólica

Vasco Zeferina*19/10/2023
Nos próximos anos, Portugal deverá centrar os esforços de desenvolvimento dos projetos eólicos offshore no aproveitamento do potencial existente em baixas profundidades. O aproveitamento do potencial eólico com plataformas flutuantes será uma perspectiva mais a médio prazo, que dependerá dos avanços tecnológicos e da redução natural da curva de custos associados, impulsionado pelo elevado crescimento do número de projetos concretizados a nível global.
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A recente revisão do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC), apresentada a 30 de Junho 2023, tornou públicas as ambições da política energética, e revelou as metas de incorporação de geração renovável no sistema elétrico nacional. Em 2030, espera-se que 85% da energia elétrica em Portugal seja de fontes renováveis, sendo que no primeiro semestre de 2023 foi de, aproximadamente, 71%, segundo a APREN.
Relativamente à potência instalada de geração eólica, o PNEC projeta que, em 2030, estejam operacionais 10.4 GW de capacidade eólica em terra, e 2 GW de capacidade eólica off-shore. Está previsto, até ao final de 2030, serem disponibilizados em leilão um total de 10 GW de capacidade eólica offshore que, na maior parte, ficará operacional só nos anos seguintes.
A capacidade eólica em Portugal é constituída quase exclusivamente por geração em terra, existindo apenas um parque eólico off-shore localizado na costa de Viana do Castelo, com uma capacidade instalada de 25 MW.
Relativamente à evolução, a capacidade eólica instalada em terra, que era de apenas 83 MW em 2000, cifrava-se já, no final de 2022, em 5.67 GW. De referir que, enquanto entre 2005 e 2011, o ritmo de incorporação de nova capacidade foi em média de 546 MW por ano, a partir de 2012, o crescimento médio foi, apenas, de 118 MW por ano.
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Tendo em conta a capacidade eólica instalada em terra constante da revisão do PNEC 2030, para que a meta de 10,4 GW seja atingida, será necessário que se adicionem quase 600 MW por ano de geração eólica entre 2023 e 2030, ritmo de crescimento muito ambicioso. Em termos comparativos, refira-se que Portugal entre 2000 e 2007, ano em que se atingiu os 2.000 MW de capacidade instalada, progrediu rapidamente a expansão de novos parques eólicos, passando de 42 MW até um máximo de 700 MW instalados num ano.
Por outro lado, para a capacidade offshore, o valor médio de incorporação anual de nova geração a instalar será de, aproximadamente, 250 MW por ano – valor mais baixo, mas também muito exigente: é de realçar que as novas instalações em offshore vão requerer que sejam construídas infraestruturas e estruturas de apoio, desenvolvidas competências de instalação e de manutenção e preparadas as conexões destes parques à rede.
Existem dois grandes tipos de tecnologias para a instalação de parques eólicos offshore, as plataformas fixas e as plataformas flutuantes. Os grandes parques eólicos existentes no mar do Norte utilizam esse primeiro tipo de plataformas, sendo que a instalação destes parques é, normalmente, a profundidade inferiores aos 30m e a menos de 30 km da costa. A tecnologia deste tipo de plataformas continua em desenvolvimento, com o intuito de possibilitar a aplicação destas estruturas a maiores profundidades, esperando-se que possam chegar até aos 50m de profundidade. Em Portugal, estima-se que existe potencial para instalar entre 1.4 GW a 3.5 GW de geração eólica offshore em plataformas fixas, até uma profundidade de 40m.
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As plataformas flutuantes para geradores eólicos estão ainda numa fase mais inicial de desenvolvimento, perspectivando-se que a sua adoção comece a ser mais massificada, estando agora a ser implementados os primeiros projectos totalmente comerciais. As plataformas flutuantes podem ser instaladas até profundidades de 200m, podendo assim capturar o potencial eólico existente a maiores distâncias da costa, onde as velocidades e a regularidade dos perfis de vento possibilitam maiores factores de utilização destas instalações. Em Portugal, estima-se que o potencial, a profundidades entre 40m e 200m, seja de 40 GW.
A nível mundial, a capacidade total instalada de energia eólica chegou aos 830 GW em 2021, sendo que apenas 56 GW são offshore. No continente Europeu, encontram-se quase 30 GW desta capacidade offshore, sendo que só no Reino Unido se localizam mais de 10 GW. Esta capacidade é essencialmente baseada em plataformas fixas, sendo que o maior parque eólico flutuante em desenvolvimento é o Hywind Tampen na Noruega, com uma capacidade de 88 MW. Até 2050, a DNV estima que se atinja um total de 1748 GW de capacidade de parques eólicos offshore, sendo que 15%, aproximadamente 260 GW, serão em plataformas flutuantes.
Para concluir, é importante frisar que os níveis de incorporação de capacidade eólica até 2030 no sistema elétrico nacional, projetados na última revisão do PNEC, são exequíveis e coadunam-se com as ambições estratégicas definidas no documento plano para concretizar a ambicionada transição energética. No entanto, para alcançar estas metas, será necessário incrementar rapidamente os atuais níveis de incorporação anual de eólica em terra para valores superiores aos máximos históricos verificados entre 2006-2008. Será também preciso que a indústria eólica offshore tenha um rápido crescimento e consolidação, à semelhança do que permitiu o rápido crescimento da taxa de execução de projetos de energia eólica em terra, verificada no início da década de 2000.
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Nos próximos anos, Portugal deverá centrar os esforços de desenvolvimento dos projetos eólicos offshore no aproveitamento do potencial existente em baixas profundidades. O aproveitamento do potencial eólico com plataformas flutuantes será uma perspectiva mais a médio prazo, que dependerá dos avanços tecnológicos e da redução natural da curva de custos associados, impulsionado pelo elevado crescimento do número de projetos concretizados a nível global.
Para aproveitar ao máximo o potencial eólico offshore em Portugal, é indispensável estabelecer nos próximos anos os fundamentos que viabilizem e sustentem eficientemente a indústria. Isso inclui garantir políticas e regulamentos favoráveis, desenvolver mecanismos para financiar adequadamente os projetos e fomentar a evolução dos mercados de energia, por forma a garantir uma remuneração estável e atrativa que incentive o investimento nesses projetos. Além disso, serão necessários estudos detalhados para identificar e analisar o potencial eólico no país e adaptar a rede elétrica para integrar esses significativos volumes adicionais de energia eléctrica produzida que se caracteriza por ser tipicamente não despachável.
* Mestre em Engenharia Mecânica e Doutorado pela Universidade de Manchester em Redes Eléctricas, OFGEM e Membro dos Future Energy Leaders Portugal, Associação Portuguesa de Energia

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