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Como as organizações deverão gerir as alterações climáticas

Carmen Lima, Luís Malheiro e Mariana Milagaia16/12/2022
A resiliência das sociedades modernas às alterações climáticas passará inevitavelmente pela integração da sustentabilidade nas organizações.
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O atual estado do Planeta

O Planeta enfrenta atualmente grandes desafios ambientais que ameaçam colocar em desequilíbrio não só os sistemas biológicos e os habitats, como a micro e a macroeconomia. A resistência da humanidade às mudanças do meio, aos efeitos cada vez mais nefastos na sua saúde e à escassez de recursos resultado da consequência dos impactes ambientais de um historial de poluição, passará inevitavelmente por integrar práticas e hábitos mais sustentáveis. Falamos do verdadeiro conceito da sustentabilidade, o equilíbrio e o respeito pelos três pilares fundamentais das sociedades modernas – ambiente, social e económico.
Durante anos este equilíbrio pareceu utópico, a mesma forma que pareceram utópicos os estudos científicos que apontavam para variações climáticas descontextualizadas dos ciclos já existentes, resultado dos efeitos da emissão de gases com efeito de estufa. O aceleramento destes ciclos rapidamente tornou-se visível e começou a afetar a vida das populações, com consequências graves e onerosas, por vezes irreversíveis. O problema das alterações climáticas passou, ao fim de alguns anos e muita pressão, a ser considerado na agenda das Nações Unidas e consequentemente nas agendas dos países. O ano de 2015 ficará marcado na história da humanidade como o ano em que foi definida a Agenda 2030, constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Apesar de ser, provavelmente, um dos mais importantes documentos apresentados pelas Nações Unidas, que promove a paz, a justiça e a eficiência das organizações, a Agenda 2030 é ambiciosa no que respeita às várias dimensões do desenvolvimento sustentável – social, económico e ambiental.

Na Europa, a ambição e o foco manteve-se elevado e em dezembro de 2019 é apresentado mais um documento exigente em matéria de sustentabilidade, com a apresentação do Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal), que define medidas quase estruturais para preparar as organizações e os cidadãos para um processo de transição sustentável, nomeadamente com a definição da meta da neutralidade climática até 2050 assente na renovação energética dos edifícios, públicos e privados, até 2020.

Conscientes desta relação, não faltaram factos e evidências que a fundamentaram, faltou durante largas décadas considerar que o pilar económico, por mais estrutural que seja para as sociedades, tornar-se-á frágil quando os outros dois estiverem gravemente ameaçados. A escassez de recursos naturais tem sido uma realidade crescente, que numa conjuntura internacional cada vez mais difícil, que aliada a um conflito armado sem fim à vista, tem agravado o acesso aos recursos alimentares e energéticos, que conduzem sem grande surpresa para uma crise energética global.
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Como agimos?

É cada vez mais urgente apostar na eficiência das tecnologias e dos recursos. É esperançoso ouvir discursos de apelo à união e à proteção ambiental, os compromissos e acordos globais são importantes, mas o que irá fazer realmente a diferença e surtir efeito será atuar no terreno, passar à prática. A gestão das organizações e a estratégia que estas definirem serão a chave para tornar as sociedades modernas resilientes aos desafios atuais e futuros, ambientais e sociais, que serão a forma mais adequada e eficiente para gerir os recursos, com uma vantagem direta no controlo de custos e gestão dos recursos financeiros.

As sociedades modernas terão que considerar que as alterações climáticas são mais um dos desafios de gestão que deverá ser considerado na adaptação dos edifícios às alterações climáticas e as organizações aos princípios da sustentabilidade corporativa.

Os ODS – Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e as respetivas metas podem proporcionar às empresas um quadro de referência fundamental orientador, que permita avaliar inclusive o contributo de cada uma, quer através da sua atividade e dos seus negócios para as comunidades locais, regionais e nacionais, como para o quadro da sustentabilidade, este que se impõe que tenha benefícios a nível global.

O pilar ambiental

No quadro das preocupações descritas na Introdução, e tendo em conta a interdependência entre os diversos pilares que se identificam, é fundamental que as Organizações (públicas e privadas) assumam definitivamente, no terreno, a urgência em passar à prática os objetivos e estratégias que, apoiadas nas tecnologias disponíveis, possam no seu conjunto, contribuir decisivamente para a redução das emissões, transformando os seus ativos relacionados com o Ambiente Construído, de forma convergente com os enormes desafios de Sustentabilidade que se colocam de forma incontornável.

Significa isto que devem ser avaliados aspetos tão diversos, mas complementares, tais como:

  • Redução da energia incorporada nos materiais e equipamentos da construção, em edifícios novos ou alvo de grandes reabilitações;
  • Otimização da envolvente dos edifícios (isolamento e sombreamento);
  • Aproveitamento da inércia térmica estrutural;
  • Aumento da inércia térmica com elementos adicionais passivos de armazenamento de energia e regularização da sua disponibilidade;
  • Ventilação natural cruzada em conjunto com sistemas de purga noturna;
  • Otimização da eficiência dos equipamentos de produção e distribuição de energia térmica e elétrica;
  • Uso de fontes de energia renovável com recurso, sempre que necessário, à contratualização com entidades certificadas como fornecedoras de energia renovável;
  • Monitorização de consumos;
  • Gestão otimizada da manutenção e operação dos edifícios;
  • Sistemas de comunicação promovendo a transformação de comportamentos das organizações e dos utilizadores.

Naturalmente, a concretização equilibrada e exequível destas estratégias passa fundamentalmente pela vontade das Organizações, mas também pela capacidade das equipas projetistas e de gestão de obra, designadamente para os edifícios existentes (que vão ter que negociar o faseamento da sua convergência com os edifícios novos).

O pilar social

A consciência ambiental e social dos cidadãos, o acesso à informação e as mudanças nos mercados são fatores que inevitavelmente vão trabalhar a favor daqueles que se posicionem no mercado com uma visão transparente, ecológica e socialmente favorável.

Mecanismos de avaliação e reporte de desempenho das organizações nas vertentes sociais e ambientais, para além das económicas, são práticas cada vez mais comuns e nalguns casos já começam a decidir os investimentos.

As estratégias corporativas do presente/futuro devem compreender estes desafios e procurar integrar os critérios ESG (governança ambiental, social e corporativa) e os ODS como forma de se assumirem como sustentáveis e consequentemente mais competitivas.

O pilar económico

O termo ESG foi usado pela primeira vez em um relatório de 2004 intitulado ‘Who Cares Wins’ (‘Quem se importa ganha’, em tradução literal), que foi uma iniciativa conjunta de instituições financeiras a convite da ONU.

Isto é um facto interessante para pensarmos para onde irá o investimento no futuro. É já uma realidade que o custo financeiro das consequências das alterações climáticas, escassez de recursos essenciais, perda de território, etc. é elevadíssimo. Nesta COP27 este foi um dos assuntos que resultou no avanço da formação de um fundo para financiar danos climáticos sofridos por países mais vulneráveis, mas para além destes já fazemos muitos investimentos em adaptação, porque ela vai ser necessária. A economia vai ter de se ajustar de forma a evitar mais sobrecarga no planeta, sob pena de reduzir os impactos enormes na própria economia e na vida de tantas pessoas.

Em Portugal, segundo um relatório da Allianz Global Investors, cerca de 92% dos investidores está interessado em temas relacionados com a sustentabilidade e 87% refere que investiria em fundos com objetivos de desenvolvimento sustentável.

As áreas dentro da sustentabilidade que suscitam mais interesse para os investidores são: a água limpa (99%), a saúde (99%), a educação (98%), os salários justos (98%), a luta contra a corrupção (97%), os direitos humanos e sociais (97%) e o combate às alterações climáticas (97%).

As sociedades modernas terão que considerar que as alterações climáticas são mais um dos desafios de gestão que deverá ser considerado na adaptação dos edifícios às alterações climáticas e as organizações aos princípios da sustentabilidade corporativa

Sustentabilidade corporativa, o desafio do futuro

As questões da sustentabilidade são hoje decisivas e inevitáveis para os promotores que assumem a responsabilidade, o empenho e o compromisso neste domínio e querem estar em consonância com as diretivas europeias sobre este tema e, em termos gerais, com as recomendações do Acordo de Paris e dos debates da COP27.

Há uma relação, digamos, quase ténue e invisível aos olhos, que passa muitas vezes despercebida. A humanidade e a natureza estão completamente ligadas. Qualquer efeito provocado num deles terá consequência no outro e na relação existente - de degradação do meio natural ou, por outro lado, na saúde através do desenvolvimento de patologias, em muitos casos do foro oncológico. Este comportamento é já uma evidência comprovada, amplamente divulgada no meio científico e pelos canais de comunicação.

Perante os enormes desafios que a Europa e o Mundo enfrentam em geral, a Presidente Ursula Von der Leyen lançou, no seu discurso sobre o Estado da União 2020, a Nova Bauhaus Europeia, que estabelece um projeto ambiental, económico e cultural de esperança, que visa combinar o desenho do ambiente construído com critérios de sustentabilidade, acessibilidades, custos e investimentos controlados, inscritos nos objetivos do Green Deal Europeu.

Quem não considerar no presente uma gestão fortemente marcada pela perspetiva da Sustentabilidade Ambiental, Social e de Gestão (Governance) estará, a curto e médio prazo, desatualizado face às tendências macro, bem como às exigências e critérios de qualidade e satisfação que os clientes cada vez mais irão exigir. Aqui a transparência em relação à sustentabilidade das atividades organizacionais é do interesse de todos, dos diferentes atores que se relacionam com a empresa desde o próprio mercado, os clientes, os fornecedores, os trabalhadores, e outros parceiros como organizações não-governamentais ou investidores.

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