No entanto, na opinião da APREN, Associação de Energias Renováveis, faltou um compromisso mais alargado. A associação considera que ficaram por endereçar vários pontos preocupantes, que impedem uma resposta mais imediata à emergência climática.
A APREN explica que foi definido um acordo para reduzir as emissões líquidas globais de gases de efeito estufa em 43% até 2030 em relação ao nível de 2019 - para limitar o aquecimento global à meta de 1,5°C. A par disso, acrescenta, acordou-se que se deve integrar ainda mais a água nos esforços de adaptação para aumentar a proteção, conservação e restauração da segurança alimentar, agricultura, água e ecossistemas relacionados à água, incluindo bacias hidrográficas, aquíferos e lagos.
Sublinhou-se também a necessidade de transformar o sistema financeiro, incluindo bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições financeiras internacionais. Estes são chamados a reformar as suas práticas e prioridades, alinhar e aumentar o financiamento para garantir acesso simplificado e mobilizar financiamento climático de várias fontes.
Poder-se-ia pensar que isto significa um grande avanço. No entanto a opinião da APREN é a de que continuam a existirem pontos de cisão, que a associação considera preocupantes.
Em causa o facto de que o acordo de Paris (2015) continha duas metas de temperatura – manter o aumento da temperatura “bem abaixo de 2°C” e “prosseguir os esforços” para manter o aumento em 1,5°C. Na COP26, em Glasgow, uma vez que os compromissos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa eram muito fracos para ficar dentro do limite de 1,5°C, os vários países concordaram em voltar a fortalecê-los anualmente, mas a resolução que o exigia foi, entretanto, retirada.
Por outro lado, o texto final da COP27 contém uma disposição para impulsionar as energias de “baixas emissões”. É certo que esta expressão pode estar associada a várias soluções renováveis, porém pode também abarcar a utilização do gás natural ou do nuclear. Este é um ponto que a APREN não vê com bons olhos e que é um claro sinal da pressão de alguns países presentes na COP27 no sentido de proteger os seus negócios de gás natural e de eletricidade de fonte nuclear.
A APREN lembra que no ano passado, em Glasgow, foi acordado um compromisso de redução gradual do uso de carvão. Sendo que essa foi a primeira vez que uma resolução sobre combustíveis fósseis foi incluída no texto final. Tudo levaria a crer que na COP27 a decisão iria mais longe – na verdade alguns países – liderados pela Índia – quiseram ir mais longe e comprometer-se a reduzir gradualmente todos os combustíveis fósseis – mas a proposta acabou por falhar e não ser incluída.
Posto isto, a APREN congratula os esforços conseguidos por todas as partes envolvidas, mas, face à atual emergência climática, e tendo em conta os planos reforçados da União Europeia, como o Fit for 55 e REPowerEU, era necessário um compromisso mais profundo e alargado em prol de um futuro sustentável.
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