Correspondente a cerca de 1% do PIB nacional, cabendo ao mercado de AVAC 1.500 M€.
Recentemente, foi dado amplitude por revistas da especialidade do Setor de AVAC em Portugal a um estudo da entidade ‘Informa D&B’, que procurava analisar o mercado ibérico de Ar Condicionado (Fonte: Estudo Setores DBK da Informa D&B ‘Equipamentos de Ar Condicionado – Mercado Ibérico’), em diversas publicações e plataformas. Segundo o conteúdo do artigo, o “mercado ibérico de ar condicionado cresceu quase 10% em 2021 para os 1.350 milhões de euros”, acrescentando que relativamente ao mercado português “cresceu 8,1%, valendo agora 200 milhões de euros”.
A APIRAC rebate em absoluto a informação difundida, sustentando que o artigo sofre de várias deficiências. Uma, desde logo, quanto ao conceito de mercado. A opção considerada, que recai apenas no segmento comercialização/ venda de equipamentos de ar condicionado, não reflete obviamente a cadeia de valor, que é muito mais ampla e inclui diversas especialidades e áreas de mercado, nomeadamente bombas de calor, ventilação, refrigeração industrial, comercial e profissional, mas também segmentos como os sistemas de automatização e controlo de edifícios e qualidade do ar interior.
Outra, ainda mais grave, é que, mesmo que se quisesse fazer uma análise para a mera comercialização de equipamentos identificáveis como ar condicionado, considerando as diversas tipologias, o valor em causa (divulgado no artigo) é inferior a 50% do valor real (na verdade ronda apenas os 40%!). Ora, de acordo com os dados que dispomos, a cadeia de valor do Setor está atualmente a valer 2.000 M€, o que corresponde a cerca de 1% do PIB nacional, cabendo ao mercado AVAC 1.500 M€. Olhando apenas o canal Distribuição, o valor aponta para 500 M€.
E como chegamos a esta conclusão? Porque, sendo a APIRAC uma Associação Setorial vertical, integra toda a cadeia de valor nacional, e fruto da dinâmica que envolve o Setor representado surgem compromissos e responsabilidades inerentes ao desenvolvimento da atividade associativa na área da Indústria Térmica, Energia e Ambiente, na envolvente do edifício. Uma das atividades mais relevantes, já com vinte e cinco anos completos e ininterruptos, no âmbito dos trabalhos da nossa Comissão de ‘Distribuidores, Importadores e Representantes de Equipamentos’, tem sido a recolha e análise de Dados Estatísticos de Vendas de Equipamentos de AVAC. Realizam-se anualmente duas recolhas semestrais: num primeiro momento referente ao 1º semestre, e num segundo momento referente ao 2º semestre e ano completo.
Especificamente no mercado AVAC, depois de uma estagnação entre 2019 e 2020, em 2021, verificamos que nas várias categorias de equipamentos houve crescimento global de quantidades vendidas de 22%, com especial destaque aos segmentos de mercado de Aquecimento (+103%), onde se regista como significativo os incrementos na comercialização de Bombas de Calor compactas com depósito (AQS) e Bombas de Calor Ar-Água (AQS), com crescimentos de 98% e 515%, respetivamente, face a 2019.
Na vertente expansão direta, particular realce para os Multi Split, com crescimentos de 36%, considerando equipamentos exteriores e interiores, num crescimento de 50.000 unidades, e para as vendas globais de Mono Splits (exteriores e interiores) com 17% de variação positiva, que traduzem um aumento absoluto de 44.000 equipamentos vendidos em 2021, face a 2020 e 2019.
No segmento Ventilação, são protagonistas as UTAs e Permutadores recuperadores autónomos Ar-Ar, com desempenhos de crescimento de vendas de +25% e +32%, respetivamente, face a 2019.
Infelizmente, 2022 fica indelevelmente marcado pelo desencadear da Guerra na Ucrânia, cuja amplitude das consequências não é ainda mensurável.
Alguns factos e notas merecem particular atenção:
Inflação na Europa e em Portugal em níveis nunca vistos nos últimos 30 anos, o que afeta a confiança dos consumidores (empresas e particulares) e rendimento disponível das famílias (capacidade aquisitiva fortemente afetada);
Taxa Euribor e taxas de juro a subir, reduzindo capacidade de acesso a empréstimos bancários por parte das famílias portuguesas, e orçamento familiar afetado pelo aumento das prestações mensais;
O Programa Edifícios Mais Sustentáveis – Fase II terminou a 2 de maio e o mercado Residencial sentiu a quebra, especulando-se quanto à sua redinamização;
Cliente final adia decisão de compra na expetativa de descida de custo de matéria-prima e do relançamento de instrumentos de apoio à aquisição de equipamentos energeticamente eficientes;
Com o fim da contingência e redução drástica do teletrabalho, as pessoas começaram a regressar gradualmente aos postos de trabalho tradicionais com o critério “conforto” no Setor Residencial a perder alguma importância;
Alterações ao nível dos vistos gold afeta investimento residencial de luxo;
Custos de instalação agravados e sérias dificuldades de orçamentação em toda a cadeia de fornecimento.
Em conclusão, depois de um crescimento assinalável em 2021, a inflação galopante e o aumento generalizado de preços estão agora a provocar abrandamento no Setor da Construção.
De todo o modo, as incidências das alterações climáticas e a forte exposição do país em termos de pobreza energética, quer em aquecimento, quer em arrefecimento, aliado à desejável reposição, mas, sobretudo, maior consistência na programação financeira de apoio à eficiência energética e descarbonização poderão atenuar dificuldades que os indicadores atuais indubitavelmente evidenciam.
A APIRAC
A APIRAC é uma Associação Patronal, sem fins lucrativos, constituída 1975, que desde sempre tem pautado a sua atividade pela defesa e proteção dos interesses dos seus Associados, contribuindo para a adequada estruturação e desenvolvimento do Setor da Refrigeração e da Climatização em Portugal. Congrega, verticalmente e simultaneamente numa única associação, toda a cadeia de negócio: projeto; consultoria e certificação energética; fabrico; importação, representação e distribuição de equipamentos e componentes; instalação, manutenção e assistência técnica; sistemas de automatização e controlo de edifícios; e, ainda, as empresas de qualidade do ar interior.
550 empresas associadas
25.000 postos de trabalho
3% das exportações nacionais de máquinas
2.000 milhões de euros de volume de negócios.
Milhares de agentes de mercado orientados para a diminuição dos consumos energéticos, melhorando rendimentos energéticos, com responsabilidade ambiental e consagrando a satisfação no cliente final.
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