Dois anos de pandemia e muitas restrições depois, o setor da Construção e Obras Públicas reencontrou-se, de 12 a 15 de maio, na FIL, em Lisboa. Sem máscaras que impusessem entraves, com abraços que simbolizaram uma luz ao fundo do túnel no que respeita à Covid-19, a Tektónica 2022 regressou já em moldes muito próximos do modelo tradicional. Um certame que contou com vários momentos de networking, conferências e centenas de empresas em exposição. A eficiência energética e as tecnologias para controlo de residências e edifícios foram os dois grandes temas em destaque. Revistas O Instalador e Novoperfil - editora Induglobal – foram media partners da principal feira do setor em Portugal.
Uma das conferências das Tek Talks que acompanhámos na Tektónica foi organizada pela ANFAJE, e centrou-se no tema ‘Mais janelas eficientes, mais eficiência para Portugal’, moderada por João Gomes, presidente da ANFAJE.
Em discussão esteve o contributo das janelas eficientes na melhoria da eficiência energética dos edifícios portugueses e bem como o ponto de vista dos oradores convidados perante o atual cenário económico, a execução da ELPRE, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), os programas de apoio existentes e os desafios e as oportunidades que advêm dos investimentos imobiliários em empreendimentos mais eficientes.
Paulo Santos, da Agência para a Energia (ADENE), referiu que “a ELPRE é uma estratégia” e, neste sentido, “aponta caminhos e algumas prioridades”, como a renovação do edificado, a situação energética, a formação e a qualificação, o combate à pobreza energética, informação, consciencialização e monitorização. “É através do mix destes instrumentos que se vai passar da estratégia à prática e com o qual se mobilizam as verbas necessárias para esse efeito, desde a criação a incentivos como alguma atualização do quadro normativo e regulamentar”.
Mas, e qual é o papel do promotor imobiliário nesta questão? “A cadeia do imobiliário começa com o promotor, aquele que compra o terreno ou o edifício para reabilitar, e que desenvolve o projeto e o coloca no mercado”, começa por contextualizar.
"Depois existe a figura do investidor imobiliário, que muitas vezes se associa ao próprio promotor que é quem financia e, claro, o utilizador do edifício. E é nesta lógica do investidor imobiliário que devemos olhar para este plano de longo prazo, nesta fase de utilização dos recursos que estão a ser postos à disposição no mercado. Na lógica do investidor, ele financia o projeto para ter retorno imediato com a venda das frações - projetos de habitação – mas há o investidor institucional, os fundos de pensões, bancos, etc., que estes sim são detentores de património numa lógica de rentabilidade", acrescentou.
Diogo Pinto Gonçalves, afirma que “devemos olhar para a sustentabilidade de outra forma e não apenas o tema das janelas”. “A sustentabilidade começa na conceção de um edifício, a seguir na construção e depois na exploração. Se queremos olhar de forma séria para o tema da descarbonização, temos de o fazer com mais profundidade, nomeadamente, em termos de legislação, porque temos de mudar toda uma legislação que nos permita ter um projeto mais eficaz, uma construção melhor e uma exploração eficaz”, vinca. Nesta medida, deixou um alerta: “a conceção dos edifícios hoje é feita à luz de um conjunto de regras completamente obsoletas”.
João Joanaz de Melo, da FCT – Nova, foi outro dos oradores nesta Tek Talk, e não tem dúvidas: “a ELPRE é um passo no caminho certo”, mas é essencial outras alternativas. “A ELPRE tem objetivos muito ambiciosos e faz um bom diagnóstico. Mas depois tem várias falhas, comuns a muitos planos em Portugal. Desde logo, faz uma fraca distinção de prioridades, o que é verdadeiramente prioritário”.
Para o professor, "faltam objetivos, metas intermédias e meios credíveis para lá chegar. Tem de haver uma lógica colaborativa, é preciso mobilizar os vários agentes e isso significa que investimentos dessa ordem só se fazem se os interessados estiverem, desde logo, dispostos a investir (os que podem, e nem todos podem). O conforto das pessoas é outro ponto essencial". Lembrou que três quartos das famílias portuguesas vivem em casas que não cumprem os requisitos mínimos de conforto. Assim, sublinhou Joanaz de Melo, "a ELPRE aponta para uma classe A+, enquanto que se calhar devíamos apontar para mínimos como horizonte de dez anos para, pelo menos, numa casa, para B-. Para muitas famílias, isso faz toda a diferença. E esta ambição do ótimo em vez da suficiência do razoavelmente bom é um dos erros da ELPRE em minha opinião", criticou, sustentando que a primeira prioridade tem de ser a melhoria da envolvente.
À margem da Tektónica e no contexto do seminário ‘Portugal Steel’, organizado pela Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista (CMM), na tarde de 13 de maio, com o objetivo de promover temáticas do setor, falamos com o Presidente da CMM, Luís Simões da Silva, sobre a iniciativa.
À nossa reportagem, o dirigente começou por explicar que o ‘Portugal Steel’ tem como objetivo promover o setor no contexto nacional e internacional. Na Tektónica, aquela conferência centrou-se na digitalização, em temas como o BIM, a realidade aumentada na Construção das ‘Lase Scanning 3D’, ferramentas integradas na metodologia BIM aplicadas a construções metálicas’.
Lembrou que o ‘Portugal Steel’ foca-se em todos os aspetos que são relevantes para o setor da Construção “centrados naquilo que a construção metálica pode trazer de mais-valias sobre múltiplos pontos de vida, ou numa lógica de ciclo de vida”.
“A ideia é ajudar as empresas a adotarem, no seu dia-a-dia, estas ferramentas nos seus processos”, afirma Luís Simões da Silva. Quanto aos entraves atuais que se colocam à digitalização do setor, tendo em conta os constrangimentos económicos, o responsável lembra que “falamos de um mercado que tem muitos intervenientes em todo o processo e, para conseguir tirar o partido da digitalização, todos eles têm de já ter implementado as soluções em toda a cadeia”. “Os vários stakeholders, alguns deles até podem já estar em fases avançadas de processos digitais, mas se depois se perde esta capacidade de comunicar, não vai funcionar”, adianta, lembrando que um dos constrangimentos “é precisamente haver um desequilíbrio entre a adoção das práticas para poder garantir esta interoperabilidade”.
Além disso, Luís Simões da Silva considera que do lado do regulador (o Estado), “tem que haver também um estímulo, que passa por obrigar a que os processos transitem para essa via digital, o que aceleraria imenso toda a adoção”.
No que respeita a recursos humanos, “Portugal não está ao nível do norte e centro da Europa”. Para isso, a “formação é essencial”, refere o responsável da CMM. “Tudo o que são recursos humanos especializados, não há”, lamenta, apelando, ao mesmo tempo, para a necessidade de formar profissionais “com mínimos de preparação”. Além disso, “trabalhar na capacitação” dos recursos humanos também é “fundamental”.
Nos últimos anos, a CMM elegeu como grandes metas a digitalização e internacionalização. E continuam a ser as grandes bandeiras para 2022, ano em que a associação celebra 25 anos. “Neste sentido, e neste momento de celebração, é claro para nós que o nosso trabalho já demonstrou que as empresas portuguesas já tenham níveis de internacionalização muito interessantes”, adianta Luís Simões da Silva. A este propósito, a CMM está a preparar uma publicação dedicada a obras executadas por empresas portuguesas no estrangeiro, em mercados distintos, “e que demonstra a capacidade que o setor teve de concretizar projetos”, conclui o Presidente da CMM.
A partir do Taguspark, o Aqva More desenvolve um sistema de poupança de água para habitações e serviços. Foi reconhecido nos Prémios Inovação com uma Menção Honrosa, na Tektónica 2022.
A Aroundinspire Lda., startup sediada na Incubadora Taguspark, desenvolveu o Aqva More, um sistema tecnológico, intuitivo e fácil de instalar em qualquer habitação, que permite poupar água de forma considerável. Como exemplo, numa habitação com quatro pessoas, o AQVA MORE pode evitar o desperdício de cerca de 20 mil litros de água por ano. O sistema é comercializável e já pode ser reservado. Com esta tecnologia, o AQVA MORE venceu igualmente o prémio Start Up Portugal Smart Cities Summit 2019.
“O Aqva More foi distinguido, em 2020, no Planetiers World Gathering com o 1º Prémio AQUA+ da ADENE, para a Eficiência Hídrica dos Edifícios. Este prémio traz à nossa marca a visibilidade de um trabalho desenvolvido no Taguspark e a partir do qual será feita toda a produção e início das vendas. Esta novidade em termos de Eficiência Hídrica vem trazer para o mercado um novo paradigma na utilização da água potável que, cada vez mais, importa usar de forma responsável e consciente. Com o Aqva More, o desperdício de água é coisa do passado!”, afirma o CEO João Guerreiro.
José Silva, comercial da ArquiteToldos, deu-nos a conhecer as principais novidades que a empresa levou à Tektónica, com destaque para as pérgolas bioclimáticas, para aplicação doméstica e comercial. “Falamos de um produto moderno, as lamelas abrem e fecham para entrada de luz natural e podem ser adaptadas a cortinas de vidro”.
Manuel Presa, sócio-gerente da Districlima (da empresa Climacom), diz que a participação no certame visou "dar a conhecer a marca aos projetistas e instaladores com o objetivo de fazer revenda de equipamentos". "Promovemos a comercialização de equipamentos de ventilação para renovação do ar em habitação, comércio, serviços e indústria, bem como equipamentos de climatização", adiantou.
Para 2022, os objetivos passam por "aumentar o volume de faturação e ter mais clientes". A empresa, que presta igualmente assistência técnica e acompanhamento de projeto, realça ainda que atualmente, devido à guerra na Ucrânia, os maiores constrangimentos passam pela "falta de equipamento e cumprimento dos prazos de entrega".
As empresas do Grupo Preceram participaram na Tektónica 2022, onde apresentaram e divulgaram as suas mais recentes novidades.
Ávila e Sousa destacou as soluções do Grupo na Tektónica, “uma feira sempre com boa recetividade do público profissional”. Soluções sempre direcionadas para a eficiência energética e o conforto.
Numa presença marcada pelo lançamento de um novo produto, a Gyptec Gold foi um dos maiores destaques. Agora já é possível usar uma única placa para toda a obra de reabilitação e/ou construção nova, com substanciais vantagens ao nível do desempenho mecânico, térmico e acústico das soluções.
O Grupo Preceram participou no workshop 'Descarbonização e circularidade - Como fazer?'. Nesta ação, organizada pelo Cluster Habitat, debateram-se os desafios da descarbonização e circularidade para a construção do nosso Habitat. No dia 14 de maio, decorreu o seminário do Grupo Preceram com o tema: 'A (re)construção eficiente. Adaptar, modificar e melhorar o desempenho térmico e acústico dos edifícios'. Em debate, questões ligadas ao conforto e o comportamento energético dos edifícios e sendo que a empresa apresentou a nova biblioteca de soluções de paredes exteriores adequadas a edifícios NZEB. Esta nova biblioteca de soluções foi elaborada em conjunto com o parceiro estratégico Itecons que aceitou o desafio da Gyptec para levar a cabo o cálculo de um conjunto de soluções construtivas que combinassem o tijolo térmico e acústico Preceram, lã mineral Volcalis e as placas de gesso Gyptec.
Destaque ainda para a divulgação dos novos objetos BIM da biblioteca da Gyptec. Nesta área de trabalho é possível encontrar agora ainda mais sistemas e soluções para construção e reabilitação de paredes e tetos. Depois da formação teórica, teve lugar no stand do Grupo Preceram, o workshop prático de aplicação de Tijolo Térmico e Acústico.
Marques Correia, gerente da Lestada, mostrou-se “muito satisfeito com a Tektónica”, tendo em conta que os produtos que levou ao certame foram, ao longo dos quatro dias de feira, um sucesso junto dos visitantes. Falamos das máquinas da IQ Power Tools (empresa americana), comercializadas e distribuídas em Portugal pela Lestada. Tratam-se de equipamentos de corte, sem pó, sem água e que “não trazem problemas”.
“Estas máquinas cortam pavimentos, desde pedra, a todo o tecido de alvenaria e não faz pó nenhum, com uma perfeição de 99,9%, é versátil, adaptando-se a qualquer sítio, tem rodas, manobrando-se muito facilmente, e os discos duram imenso”, refere o responsável, adiantando que a garantia é de três anos.
Mas é na área dos pavimentos que a Lestada indica ser o segmento de vendas onde está a liderar atualmente. “Estamos muito satisfeitos e somos únicos representantes da marca em Portugal”, realça.
A Presdouro, empresa há 40 anos no mercado, também marcou presença na Tektónica. Especialista em préfabricados em betão, redes eletrossoldadas e betão pré-esforçado, a marca deu a conhecer algumas das suas soluções durante os quatro dias de feira.
A Presdouro conta com duas unidades industriais no país, fornece para Cabo Verde, Espanha, França, Marrocos, Argélia e Colômbia.
O sistema é uma solução global que permite o fornecimento de água quente instantânea em todas as torneiras da habitação. Graças a uma bateria térmica baseada numa tecnologia 100% portuguesa, a coluna de chuveiro Hoterway elimina o tempo de espera das soluções convencionais armazenando calor durante o duche, que usa depois para aquecer a água no início do próximo duche, permitindo desta forma poupar milhares de litros de água por ano. As baterias são carregadas durante o período do banho permitindo que no início do banho seguinte não seja necessário esperar até que a água atinja a temperatura desejada. Compatível com todo o tipo de estruturas de banho e com um design sofisticado, o chuveiro Hoterway é de fácil instalação e não precisa de estar ligado à eletricidade.
Os prémios Inovação Tektónica foram entregues ao final do dia 13 de maio. Foram premiados os seguintes projetos e empresas:
Prémio Inovação:
Menções Honrosas:
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