O 'XI Encontro Nacional de Gestão de Resíduos: uma nova Era' decorreu no dia 16 de dezembro, durante todo o dia, no auditório do metropolitano do Alto dos Moinhos, em Lisboa. Revista O Instalador foi media partner do evento organizado pela Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (APEMETA).
Encontro decorreu em Lisboa em formato físico e contou com uma enorme adesão de participantes. Revista O Instalador foi media partner.
No evento vários especialistas debateram temas como o PERSU 2030, como atingir as metas, modelos de financiamento, bioresíduos, valorização da fração resto e a taxonomia, o SIGRE e o Sistema de Depósito, Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos bem como a importância da sensibilização para uma verdadeira mudança de cidadania.
Inês Costa, secretária de Estado do Ambiente, abriu a sessão e falou dos desafios do País em matéria de Resíduos e naquele que é um dos momentos mais desafiantes e exigentes para o setor.
“Aquilo que eu vou dizer é o ponto de vista de alguém que tem a mais absoluta certeza e convicção que nesta área em particular, Portugal tem cartas para dar. Temos capacidade para fazer”, disse Inês Costa, lembrando que "é menos difícil convencer qualquer um de nós da importância e da mais-valia económica da proteção da água, gestão dos efluentes, do solo ou mesmo até do ruído, ao contrário dos resíduos (porque é lixo, é sujo, são restos)".
"Estamos a perder ao não termos missões nacionais, lideradas pelo próprio setor em conjunto, em prol do melhor desempenho de serviço público e objetivos nacionais ambiciosos. Quando olhamos para os indicadores e para a sua relativa estagnação, percebemos isso, ainda que haja projetos muito importantes em marcha", disse a governante.
Inês Costa lembrou que continuamos "numa escalada de produção de resíduos significativa, e onde a fronteira do que é urbano e não é ainda é muito difusa, e em que a discussão sobre os bioresíduos continua centrada nos custos, e onde as abordagens à mitigação de efeitos são ainda pouco discutidas". Adiantou que é essencial "colocar a responsabilidade onde ela tem que estar, em quem coloca no mercado a montante e a quem produz o resíduo, seja ele cidadão ou empresa".
A secretária de Estado vincou ainda que "focamos a sensibilização e educação ambiental nas crianças e jovens," mas "esquecemos" os atos dos adultos em tantas e tantas situações.
"Esquecemos que dizemos que o valor do serviço não pode aumentar porque as pessoas não podem pagar mas depois ligamos a tarifa dos resíduos ao consumo da água, onde estamos a cobrar bem abaixo do 1% que o regulador diz ser o teto adequado. Não se torna a tarifa social uma arma, verdadeiramente eficaz nesse sentido, para não falar de não se cumprir os gastos, nem tendencialmente na maioria dos casos, para pensar em novos investimentos. E nem sequer paramos para pensar que os aterros sanitários recebem resíduos das casas de quem protesta, das empresas onde trabalham e onde fazem compras. É facto: as unidades de valorização energética e os aterros sanitários nunca poderão deixar de ser parte de uma rede de serviços essencial à gestão e tratamento mas devem-no ser como a derradeira opção, a redundância reservada somente para o que resiste após tudo o que pode ser eficazmente reduzido, separado, recolhido separadamente, o ser verdadeiramente. E esse eficaz não é certamente os 80/20 que hoje temos, porque não podemos esperar que alguém se esforce verdadeiramente por separar na fonte e pela recolha dedicada se o sistema no seu conjunto é mais barato que o aterro e/ou a incineradora como destino final/principal", disse.
Inês Costa não tem dúvidas: "continuamos focados no fim de linha, porque é muito custoso falar do que é preciso exigir, investir, distribuir, formar, para realmente começar a resolver este desafio. Por isso, é fundamental olhar para toda a cadeia de valor e introduzir o fator resíduo nesse mesmo sistema de valor". "Foram 360 milhões de euros no último ciclo, serão 600 milhões no próximo, entre 400 milhões para a gestão de recursos, e 200 milhões para ações na área da Economia Circular", lembrou a responsável.
Os desafios do PERSU 2030
Sílvia Ricardo, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), falou do PERSU 2030 - Plano Nacional de Gestão de Resíduos, um documento evolutivo, de quarta geração, no qual se propõe dar continuidade à aplicação da política de resíduos em Portugal Continental, orientando os agentes envolvidos para o estabelecimento de medidas e implementação de ações que permitam ao país estar alinhado com as políticas e orientações comunitárias.
A responsável enumerou ainda os seus principais objetivos:
Cenários de evolução para o período 2020-2030. Fonte: Persu.
No âmbito do PERSU 2030 foram consideradas metas para os 23 SGRU de Portugal Continental, não se tendo considerado, para o efeito, contributos das Regiões Autónomas, que devem cumprir as metas que venham a ser estabelecidas nos respetivos planos, remetendo à ANR a informação necessária para efeitos de cálculo e comunicação de dados a remeter à Comissão Europeia (RGGR).
'Oportunidades de financiamento para o setor dos resíduos' foi o tema apresentado por Pedro Fonseca Santos, da 2GO OUT Consulting, que explanou à plateia os diversos programas, nacionais e europeus, de financiamento para o setor dos resíduos. Ferramentas que abrangem projetos de inovação, de economia circular, transição energética, descarbonização e ação climática, mobilidade sustentável, bioeconomia, etc.
Destaque para os tópicos relevantes deixados por Pedro Santos e que estão a concurso em 2022:
www.oinstalador.com
O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal