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Lisboa debateu a tecnologia KNX e o futuro dos edifícios em Portugal

Reportagem e Fotos | Ana Clara08/11/2021

Associação KNX Portugal promoveu, a 4 de novembro, a construção sustentável, automação, a tecnologia KNX e as cidades inteligentes, numa conferência que reuniu vários especialistas no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).

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Durante a manhã, teve lugar uma mostra e apresentação de soluções técnicas e produtos no Protocolo KNX no auditório do ISEL, seguindo-se a abertura e a sessão de boas-vindas.

Na sessão da tarde, Rui Horta Carneiro, secretário executivo da Associação KNX Portugal (media partner das revistas O Instalador e Novoperfil), deu nota dos objetivos da conferência, entre eles, “dar a conhecer o Protocolo KNX à comunidade académica, mas também ao mercado”.

“O Protocolo conta com mais de 500 fabricantes para todas as aplicações e funções do edifício, e há fabricantes em todas as áreas possíveis”, afirmou o responsável.

Rui Carneiro lembrou que a tecnologia KNX é padronizada de acordo com a EN 50090-4-3, significa isto que o KNX bloqueia, com sucesso, os ataques de hackers à infraestrutura digital de edifícios em rede.

O KNX trata-se de um standard mundial que integra um conjunto de normas técnicas internacionais. Este protocolo permite, genericamente, uma conexão integrada de todas as funcionalidades que podemos encontrar em qualquer edifício.

“Mais recentemente, a KNX desenvolveu uma grande preocupação relativamente à cibersegurança, sendo que o Protocolo integra normas técnicas na área da segurança, quer em relação à rede quer dos próprios equipamentos. Sendo uma solução integrada, visa assegurar quatro vetores fundamentais: eficiência energética, conforto, segurança e flexibilidade”, explicou Rui Carneiro, lembrando que, além da conexão nas soluções de todo o edifício, “atualmente acrescenta-se a possibilidade de conexão com sistemas fora do edifício, e esta é hoje uma das mais-valias que o Protocolo comporta”.

Rui Horta Carneiro, secretário executivo da Associação KNX Portugal, durante uma das suas intervenções

Rui Horta Carneiro, secretário executivo da Associação KNX Portugal, durante uma das suas intervenções.

Na sua intervenção, Rui Carneiro deu ainda a conhecer os temas que a Associação trabalha e divulga em Portugal: a sustentabilidade, a eficiência energética, conforto e comodidade, mobilidade elétrica, transformação digital, segurança e redes inteligentes (cibersegurança), o KNX e o BIM (Building Information Modeling), automação com gestão integrada, conexão da gestão dos edifícios com outros sistemas, as cidades e a Internet das Coisas.

Baixos salários, “um problema grave” que importa resolver

Seguiu-se a intervenção do bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Carlos Mineiro Aires, que alertou para os níveis baixos no que respeita ao comportamento térmico dos edifícios a nível europeu. "Temos um País onde ainda há muita coisa por fazer na melhoria do conforto. Em Portugal, morre-se de frio e de calor em 2021. Temos de olhar para este problema, e quando falamos de soluções inteligentes e domótica, temos de encarar a realidade nacional, apesar da capacidade que temos em Portugal de formar engenheiros de qualidade".

Nesta linha, o bastonário lembrou os baixos salários que se pagam em Portugal comparativamente com outros países, nomeadamente no norte da Europa. "Este é um problema sério e grave para o qual temos de olhar. Estamos a formar gerações altamente qualificadas e estamos a perdê-las para outros", lamentou.

Mineiro Aires lembrou os desafios futuros, sobretudo no que respeita à eficiência material: “não podemos continuar a consumir recursos como consumimos, os recursos da Terra são finitos. As tecnologias vão constituir grandes pontes entre os cidadãos e o desenvolvimento”.

Conferência decorreu em formato híbrido
Conferência decorreu em formato híbrido.

O primeiro painel da tarde, dedicado ao tema 'Sistemas de Automação e a nova regulamentação europeia e portuguesa' contou com a comunicação de Francisco Pombas, da Domotica SGTA, que falou sobre soluções de integração e automação.

O responsável abordou a temática de integração de sistemas e o futuro no âmbito da legislação. "Atualmente estamos a evoluir para um ecossistema que gravita à volta dos sistemas de automação e controlo e que já não são as nossas áreas de origem. Por exemplo, estamos a ser mensalmente contactados por empresas de grandes edifícios de escritórios que querem saber onde é que estão as pessoas dentro do edifício. Com o teletrabalho, isto tornou-se essencial. Um caso comum é o facto de podermos estar a climatizar zonas que estão completamente desocupadas. Estar uma pessoa ou 50 num openspace, por exemplo, é completamente distinto. O mesmo se passa com salas de reunião", explica.

Francisco Pombas refere que o futuro da automação - que é hoje - vai estar centrado em grandes bases de dados de informação, como o Big Data e a Internet das Coisas.

"O futuro vai ser algo que terá uma nuvem de sensores e atuadores ligados numa rede IP, e temos algures um servidor, que faz a automação do edifício", frisa.

Sobre a legislação, nomeadamente o SACE - Sistemas de Automação e Controlo do Edifício, o responsável recordou que para edifícios acima de 290 kW de potência térmica temos de ter obrigatoriamente um sistema de gestão técnica centralizada (até janeiro de 2021 da Classe B e a partir de 1 de janeiro da Classe A).

Francisco Pombas, da Domotica SGTA

Francisco Pombas, da Domotica SGTA.

Recorde-se que os sistemas SACE desempenham um novo papel no contexto dos edifícios digitais, passando dos tradicionais sistemas de Gestão Técnica Centralizada (GTC), desenhados para controlar e monitorizar as instalações técnicas, como a climatização, ventilação, AQS, iluminação, energia, etc., para um conceito de Edifício Inteligente, com uma partilha de dados mais abrangente, suportados no uso das redes IP e na ligação a dispositivos IOT.

O novo SCE resulta da transposição da EPBD de 2018, sendo que agora, na necessidade de um projeto de GTC, há a obrigatoriedade de se aplicar a norma EN15232, designadamente a classe B que implica a existência de sistemas de GTC mais avançados.

Nos edifícios existentes com mais de 290kW (Potência Térmica combinada com Potência de Ventilação), decorrente da Diretiva EPBD de 2018, passa a ser obrigatória a implementação de sistemas SACE até 31 de dezembro de 2025.

Sobre este tema, debruçou-se Rui Fragoso, da ADENE, na sua comunicação, tendo abordado precisamente a SACE e a nova regulamentação portuguesa. O responsável da ADENE deu ainda a conhecer a importância da Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE), os apoios à renovação energética no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) bem como o Indicador de Aptidão para Tecnologia Inteligente (SRI).

Recorde-se que a revisão de 2018 da Diretiva EPBD foi ainda mais longe na promoção das tecnologias que promovem a eficiência energética e o aumento da sensibilização para os benefícios do conceito de Edifícios Inteligentes, em particular através do estabelecimento de um Indicador que mede o estado de preparação de um edifício para utilizar novas tecnologias: o SRI (Smart Readiness Indicator).

Este indicador permitirá avaliar a prontidão dos edifícios quanto à capacidade de utilizar sistemas inteligentes para adaptar sua operação às necessidades dos ocupantes, otimizando também a eficiência energética e o desempenho geral, bem como adaptar a sua operação em função da rede (flexibilidade energética).

Cidades inteligentes, mobilidade e gestão do território

Sobre o tema das cidades inteligentes, destaque para a intervenção de Miguel Castro Neto, da NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, que abordou a digitalização e falou da necessidade de as cidades apostarem cada vez mais em tecnologia para estarem ao lado da evolução. É, pois, através desse desenvolvimento digital que nascem as chamadas “cidades inteligentes”, com mais inovação e melhor desempenho.

“Só com estratégias inteligentes conseguimos contribuir para ajudar os decisores a traçarem políticas públicas eficientes”, salientou, adiantando que trabalhamos para a cidade, a vila ou a aldeia “como plataforma” e estamos, pois, a criar e a entrar numa "mudança e novo paradigma".

Miguel Castro Neto, da NOVA Information Management School, abordou o desafio atual das cidades inteligentes
Miguel Castro Neto, da NOVA Information Management School, abordou o desafio atual das cidades inteligentes.

“Temos que encontrar no protagonista desta mudança a liderança capaz de imaginar a estratégia, envolver os cidadãos e construir um road map que lhe permita chegar ao conceito de cidade inteligente e sustentável, sempre alicerçado na identidade e na realidade de cada território, de cada cidade”, sublinhou Castro Neto.

Entre os pontos mais importantes da criação e sucesso de uma cidade inteligente, Miguel Castro Neto destaca, em primeiro lugar, os dados que, depois de processados, produzem informação que melhora a capacidade de tomada de decisão.

Depois, a conectividade, extremamente importante, quase massificada, mas que “em alguns locais ainda padecem de problemas”. Por fim, as competências, “sem formação e conhecimento”, nada disto será alcançado, com sucesso.

“Quando olhamos para as cidades, e se conseguirmos fazer tudo isto, tudo passa a ser invisível”, disse, acrescentando que tudo isto acarreta novas exigências, de qualidade de vida e bem-estar das pessoas. "Chegamos aqui à chamada 'Cidade dos 15 minutos', que traz a cidade à escala humana, muito mais satisfeita e socialmente mais coesa", adiantou, lembrando que tudo isto impacta com a questão da sustentabilidade, da mobilidade e da redução das emissões de CO2.

Nesta sessão, participaram ainda Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, e Fernando Paulo Ferreira, edil de Vila Franca de Xira, partilhando com a plateia a sua visão sobre o tema bem como as políticas que têm implementado nos seus territórios em matéria de mobilidade, sustentabilidade e smart cities.

No ISEL, e no âmbito da conferência, teve lugar uma exposição de produtos e soluções KNX
No ISEL, e no âmbito da conferência, teve lugar uma exposição de produtos e soluções KNX.

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