"2021 vai fechar como ano recorde, sendo o melhor de sempre da filial portuguesa, quer em faturação quer em resultados líquidos a apresentar aos acionistas". É este o balanço traçado por Francisco Augusto, Diretor-Geral da Trane Portugal, nesta entrevista em que analisa também os objetivos estratégicos da empresa em Portugal, os desafios e as perspetivas de negócio para o futuro.
A Trane posiciona-se como líder de sistemas de produção centralizada no mercado nacional, sendo desde há muito número 1 em quota de mercado em alguns dos segmentos mais representativos, com shares acima de 50%. E número 2 nos restantes segmentos onde está presente.
O ano de 2021 vai fechar como ano recorde, sendo o melhor ano de sempre da filial portuguesa (já 2020 o tinha sido), quer em faturação quer em resultados líquidos a apresentar aos acionistas. Todos os departamentos estão com fortes ganhos, assentes em programas inovadores e com grandes resultados junto dos clientes.
Mudámos de instalações no Porto e estamos em mudança de instalações também em Lisboa.
Podemos dizer que tivemos crescimento contínuo e sólido nos últimos 10 anos.
Teve um impacto profundo. Não diria negativo, porque não foi o caso, mas tivemos alteração do tipo de solicitações. Houve setores que quase pararam enquanto outros subiram muito. Nesse sentido fomos fortemente pressionados ao nível da nossa assistência técnica em tudo o que é área hospitalar, sistemas de comunicação e farmacêuticas.
Tivemos muito rapidamente de formar os empregados todos, mas especialmente os que estão na linha da frente e adquirir equipamentos de proteção (o que há um ano atrás era dificílimo). No trabalho de campo, tivemos uma equipa excelente que sempre respondeu aos clientes, especialmente no início quando tudo era ainda desconhecido. Os nossos técnicos foram altamente profissionais e nunca deixaram um cliente institucional, como um hospital, sem a devida assistência no pico da pandemia. Para eles especialmente, o meu profundo agradecimento. Desta feita, os clientes puderam assim confirmar que a Trane é muito mais que uma empresa de chillers.
A Trane está no mercado português diretamente há 26 anos, mas antes era representada por um distribuidor, a Fonseca e Seabra, o que faz com que a Trane, na realidade já esteja em Portugal há muito mais do que os 26 anos. Nestes anos a Trane passou de um fornecedor de chillers, para um fornecedor de mais produtos mas especialmente fornecedor de serviços e soluções, sendo que presentemente o fornecimento de chillers está longe de ser o nosso principal negócio.
A Trane procurou, ao longo dos anos, não só fornecer equipamentos de qualidade onde aplica muita engenharia própria com patentes e componentes desenvolvidos internamente, mas também acrescentar serviços de grande valor para os clientes. Entre os quais pode-se referir a poupança energética, aumento da longevidade via melhoria das máquinas e centrais, implementar a gestão das centrais, produtos satélites e serviços técnicos que influem positivamente nas centrais e unidades. Tudo isto só possível graças a um corpo técnico único no nosso País.
A Trane, muito embora esteja presente no mercado do AVAC, não é nesse setor onde mais opera. Os seus clientes principais estão no setor industrial, que valoriza aspetos como a fiabilidade, eficiência, qualidade e o serviço técnico. São todos estes aspetos que estão em linha com a forma de trabalhar da empresa.
Nesse sentido, os produtos onde é mais procurada são os da gama industrial com unidades chillers com tecnologia de parafuso e de levitação magnética, com eficiências elevadas e baixo GWP. Fornece soluções com máquinas específicas para os mais diversos processos, bem como na refrigeração para os produtos perecíveis. Ao longo dos últimos anos tem havido uma tendência na eletrificação do aquecimento onde tem soluções para a produção de água quente até aos 120°C.
Nos últimos anos também tem sido feita uma forte aposta nas unidades do tipo roof top no setor do retail, com excelentes resultados. É um produto para clientes muito específicos onde a versatilidade do fabricante é testada ao máximo.
A gestão de centrais tem sido uma maior valia para os clientes. Há casos onde controlando a central, sem alterar os equipamentos existentes, conseguem-se ganhos energéticos acima de 20%. Cada vez mais, os clientes pensam nesta questão da gestão, como uma forma de poupança nos gastos energéticos.
A questão é que habitualmente quem faz os algoritmos, baseia-se num controlo muito básico 'tudo ou nada', aplicando muito pouco conhecimentos de hidráulica ou de aerólica. Na verdade o controlo não retira todo o potencial de poupança das centrais e até dos edifícios, porque os algoritmos são 'genéricos'. Neste sentido, a Trane tem desenvolvido um trabalho em centrais com equipamentos de produção aplicando os seus controladores (de fabrico próprio) e com o seu know-how. Com esta implementação têm-se obtido resultados incríveis.
Há casos em que clientes trocaram unidades antigas por unidades de última geração com bons benefícios energéticos e, posteriormente, aplicaram o controlo da Trane e as poupanças foram maiores com a gestão das centrais do que tinham sido na primeira fase aquando da troca das unidades.
Sim, é um negócio que a Trane tem há algum tempo, em que a ideia é ajudar os clientes de várias formas, nos seus serviços e produção. Há clientes de todos os setores e pelos motivos mais diversos. A Trane tem várias dezenas de unidades parqueadas em Portugal, a norte e a sul, e mais a frota internacional com vários milhares de unidades. Com isto, pode-se responder muito rapidamente às solicitações.
A Trane tem todo o tipo de unidade para aluguer desde os -70°C, que foram importantíssimas ultimamente para armazenar e conservar as vacinas contra a Covid até ao muito quente, 120°C, com as super bombas de calor.
Genericamente, existem dois tipos de clientes. Os que têm urgência porque necessitam de frio ou de aquecimento, e o cliente que tem programado algum tipo de intervenção ou evento e programa o aluguer, isto, independentemente do setor.
Para melhor servir o mercado, tal como referido, estamos a mudar de instalações e um dos motivos é melhorar os serviços de aluguer, não irá haver comparação no mercado neste tipo de serviços. Em breve, trazemos notícias!
No sentido de dar continuidade à eletrificação do aquecimento e no sentido de diminuir a dependência da energia primária e reduzir as emissões de CO2, a Trane está a ampliar a sua oferta das unidades bomba de calor.
Serão, pois, apresentadas as 'super bombas de calor' que podem produzir água quente até 120°C, o que faz com que a Trane entre definitivamente no mercado da alta temperatura. Com isso, poderá resolver várias questões em centrais por esse país fora. Será uma nova linha revolucionária, um 'game changer'.
A outra novidade será ao nível da gama média, vulgarmente conhecida como a gama com tecnologia de compressores scroll. Toda a gama, sem exceção, será atualizada com o novo refrigerante R545B que é neste momento a melhor solução ecológica, e diria que única, no mercado para compressores scroll. Existem outras soluções como o R32 mas, em agosto, após revisão pelo IPCC (Assessment Report 6), colocaram-no com um índice proibitivo de GWP acima dos 750 contra um índice de apenas 531 do R454B (-45% de impacto no aquecimento global).
Assim a grande aposta da Trane será em produtos mais ecológicos, com esperança de vida 'legal' sem termo, e apostar fortemente na eletrificação.
No sentido de dar continuidade a eletrificação do aquecimento e de diminuir a dependência da energia primária e reduzir as emissões de CO2, a Trane está a ampliar a sua oferta das unidades bomba de calor
Felizmente existem várias obras emblemáticas nestes últimos meses como a recentemente inaugurada fundação Botton-Champalimaud, onde voltaram a investir em máquinas Trane, o que é bom sinal!
A nova central Térmica do Hospital de Santa Maria, este ano, onde foram entregues algumas das unidades maiores que existem em Portugal, incluindo os 'gigantes' parafusos bomba de calor com uma poupança energética anual expectável de... 1 milhão de euros.
E a Fima Olá – produtos alimentares mais 5 MW de potência no mercado este ano.
Como em quase todos os setores, vamos agora enfrentar a transição energética e a descarbonização que irão desafiar os fabricantes a encontrarem soluções, especialmente no aquecimento, com a chamada eletrificação do aquecimento.
Com isto, o mercado tem de entender todo este novo processo de projeto, fornecimento e instalação. Todos os intervenientes têm de se 'educar' com este novo mundo.
A falta de liquidez no mercado pode condicionar alguns negócios, creio que nos próximos meses esta questão irá ser muitíssimo importante ao nível da decisão.
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