Artigo exclusivo publicado na edição de abril da revista O Instalador, o número que celebra os 25 anos da nossa publicação
As respostas para o tratamento do lixo eram escassas e deficitárias, e as que existiam não eram, de todo, a solução mais eficaz. O tratamento dos resíduos urbanos não era uma prioridade da época e não existia uma estratégia para o mesmo.
O lixo que aqui era despejado fermentava ao sol e ardia em combustões lentas, libertando para a atmosfera componentes perigosas, ou infiltrando-se no solo com as chuvas, contribuindo para a contaminação das águas subterrâneas, muitas vezes, usados para rega ou consumo. Era urgente agir!
Neste período crítico, a Quercus teve um papel fundamental para esta área, com a realização de dois estudos importantes, como a caraterização da situação nacional em matéria de reciclagem e a avaliação do setor dos resíduos urbanos, que acabaram por servir de base para a organização de uma estratégia nacional. E aqui foi o ponto de viragem, o setor foi-se organizando e surgiu a responsabilização do produtor, para o qual foi atribuído uma eco-taxa a quem colocava embalagens do mercado que no futuro se transformavam em lixo. Esta medida permitiu criar um sistema que garante uma resposta para a maioria dos resíduos urbanos – embalagens de papel e cartão, vidro, metal ou plástico, eletrodomésticos e equipamentos elétricos e eletrónicos, pneus ou medicamentos fora de prazo e suas embalagens.
Ao longo destes últimos 25 anos o movimento ambientalista, e a Quercus em particular, conseguiu influenciar e contribuir para que a gestão dos resíduos fizesse parte da agenda e que as medidas para melhorar este setor viessem a ser concretizadas. O problema dos resíduos - urbanos, industriais perigosos e hospitalares -, tem sido alvo de várias polémicas publicas a que Portugal assistiu: durante décadas tiveram como destino todo o tipo de destinos menos o que deveriam ter.
O caminho foi-se percorrendo. Fora das cidades o embaraço que a expansão dos novos lixos gerou ficou bem claro no movimento 'Vamos Limpar Portugal', que em 2010 levou às ruas 100.000 portugueses numa das maiores ações de cidadania antes vistas.
A imensa e complexa gestão do lixo em Portugal está hoje entregue a 281 entidades diferentes, suportada por inúmeros diplomas, regulamentos e estratégias nacionais que ajudam a organizar este setor. Na prática, a questão do lixo articula serviços desde a escala de proximidade local à municipal, intermunicipal, regional, comunitária e até internacional.
No Centro de Informação de Resíduos (CIR) da Quercus, temos consciência destas dificuldades, e por acompanhar de perto a realidade da gestão dos resíduos em Portugal, sabemos que as soluções existem, mas faltava ligar a procura com a oferta, pelo que desenvolvemos a Wasteapp - https://www.wasteapp.pt – que é uma aplicação que está disponível para telemóvel (ios e android), bem como pelo acesso através de computador, que disponibiliza o destino para cerca de 50 tipologias de resíduos diferentes, muito fácil de utilizar e que permite indicar o local onde entregar o lixo que possui em casa. Para além de indicar o local, ajuda a chegar lá através da indicação geográfica do ponto de entrega através de GPS. Só precisa de pesquisar o que quer deitar fora e encontrar o local mais próximo onde o entregar. Poderá ainda esclarecer as dúvidas que ainda tem sobre os resíduos que deve ou não colocar.
O futuro próximo traz-nos novas metas no que concerne à preparação para a reutilização e reciclagem, nomeadamente: 55% para 2025; 60% para 2030 e 65% para 2035. No caso da deposição de resíduos urbanos em aterro, a meta está fixada nos 10% ou menos da quantidade total de resíduos urbanos produzidos, a atingir até 2035. Ora, o que nos espera é um desafio sério na gestão destes resíduos, em conformidade com a hierarquia europeia de gestão de resíduos.
O futuro próximo traz-nos novas metas no que concerne à preparação para a reutilização e reciclagem, nomeadamente: 55% para 2025; 60% para 2030 e 65% para 2035
A compostagem é um processo biológico, através do qual micro-organismos (como bactérias, fungos e leveduras) transformam matéria orgânica (restos de folhas, comida, etc.), num produto rico em nutrientes e com aspeto de terra, chamado composto, que pode ser utilizado para melhorara as caraterísticas físicas, físico-químicas e biológicas dos solos – agrícolas e/ou florestais.
«Não esqueço nunca do que posso fazer por isso, lembrar, fazer lembrar e pensar como pensavam as pessoas desde sempre acerca dessas coisas, que é preciso voltar atrás, nem que seja por vergonha», Valter Hugo Mãe, in 25 Anos Quercus.
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