Efcis - Comércio Internacional, S.A.
Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Solar Termoelétrico de Concentração: uma solução por desvendar em Portugal

Texto: Departamento Técnico da APREN08/02/2021
A energia solar térmica, que se caracteriza pela transformação da radiação solar em calor, a par de outras fontes de energia renovável, é uma opção tecnológica já com visibilidade em alguns mercados, devendo ter a possibilidade de competir em paralelo com outras alternativas de geração e armazenamento de energia elétrica.
Imagen

As alterações climáticas e as consequentes metas estabelecidas para a descarbonização incentivam um forte investimento em soluções tecnológicas limpas, como tal, é relevante abordar a tecnologia Concentrating Solar Power (CSP) como complementaridade às restantes tecnologias já estabelecidas.

Atualmente existem diferentes tipos de centrais CSP a operar, sendo que o conceito base é o mesmo para todas: concentrar, refletir e focar diversos feixes de radiação solar para transferir energia térmica com o objetivo de aquecer um determinado composto fluido, na maioria das vezes, um sal fundido com elevada inércia e condutividade térmica, que, ao conseguir armazenar calor (energia térmica) por várias horas, cria a possibilidade de maximizar o aproveitamento elétrico de geração da central.

Após o aquecimento do sal fundido a elevadas temperaturas (tipicamente acima de 600°C), este aquece a água de um reservatório através de um permutador de calor, transformando-a em vapor de água que, ao acionar uma turbina diretamente ligada ao gerador de corrente elétrica, permite a geração de energia elétrica.

Sublinha-se que a capacidade de armazenamento é um fator diferenciador crucial para a aposta nesta tecnologia, por possibilitar a geração de energia elétrica nos períodos com ausência de radiação solar. Esta característica é cada vez mais valorizada, pois permite capacitar e otimizar o sistema elétrico para melhor responder à crescente incorporação de eletricidade renovável variável, contribuindo ainda para assegurar a inércia global do sistema, que será em parte perdida com o phase-out previsto para as centrais termoelétricas fósseis despacháveis.

No contexto mundial, a Espanha e os Estados Unidos da América são líderes em termos de potência CSP instalada. Em conjunto representam 4 GW dos 6,2 GW instalados a nível global, sendo que estes valores indiciam um investimento nesta tecnologia ainda relativamente tímido.

Porém, nos últimos dez anos, a evolução dos indicadores de redução de custo tem sido bastante positiva para esta solução. Analisando dados de 2010 a 2019, verificou-se um claro decréscimo nos custos de investimento, bem como no LCOE (Levelised Cost of Electricity).

Segundo o artigo 'Making the sun shine at night: comparing the cost of dispatchable concentrating solar power and photovoltaics with storage' da HeliosCSP, os autores (Franziska Schöniger, Richard Thonig, Gustav Resch e Johan Lilliestam) indicam que outro dado relevante está relacionado com o armazenamento e com a constatação de que o CSP torna-se uma opção economicamente mais viável que as baterias para períodos de armazenamento mais longos.

No contexto mundial, a Espanha e os Estados Unidos da América são líderes em termos de potência CSP instalada. Em conjunto representam 4 GW dos 6,2 GW instalados a nível global, sendo que estes valores indiciam um investimento nesta tecnologia ainda relativamente tímido

Tomando em consideração o caso de Espanha, porque em termos de irradiação solar é bastante semelhante a Portugal, uma das grandes vantagens apontada pela PROTERMOSOLAR (Associação Espanhola para a Promoção da Indústria Termosolar) é não só a complementaridade que o CSP com armazenamento pode trazer à tecnologia solar fotovoltaica, nas horas em que há ausência de radiação solar, mas também a sua contribuição para a economia, nomeadamente com provas dadas ao nível da contribuição para o PIB e criação de emprego especializado, quer na fase de construção da central, quer na fase de operação da mesma.

Portugal

Relativamente a Portugal, não há, para já, qualquer investimento em energia solar termoelétrica, pelo que não há qualquer central CSP a operar no país. No entanto, refira-se que, em 2009, foi aberta uma candidatura para atribuição de PIP (Pedidos de Informação Prévia) para as tecnologias CSP no total de 28,5 MW, com o intuito de promover projetos de caráter experimental com o objetivo de demonstração do conceito tecnológico.

Contudo, estes projetos não avançaram por falta de viabilidade económica e transitaram para projetos de solar fotovoltaico concentrado e projetos de solar fotovoltaico tradicionais. Assim, neste âmbito, atualmente Portugal está apenas a promover alguns projetos-piloto para testar o solar termoelétrico de concentração, como é o caso do projeto patrocinado pela Universidade de Évora: o ALFR-ALENTEJO.
O projeto ALFR-Alentejo visa a modelação, instalação, operação e análise de um protótipo de concentrador solar ALFR (Advanced Linear Fresnel Reflector), para produção de eletricidade por via solar térmica. O projeto integra ainda sistemas de armazenamento térmico com misturas de sais fundidos. Através desta experiência, pretende-se conseguir operar a temperaturas mais elevadas, acima de 500 °C, de modo a aumentar a eficiência de conversão de energia solar.
A operação e recolha de dados são ações fundamentais para a melhoria desta tecnologia e visam ainda uma redução substancial dos custos na produção de eletricidade por via solar térmica, que hoje ainda não consegue competir com outras tecnologias de fonte renovável (em mercado spot), em estágio mais avançado de maturidade.

Segundo o PNEC 2030, o País partirá dos 0 GW de capacidade instalada de CSP em 2020, para alcançar uma meta pouco ambiciosa para 2030, de 0,3 GW. Com o encerramento das centrais a carvão do Pego em 2021 e de Sines em 2023, é sugerida a reutilização do seu equipamento para a geração de energia elétrica a partir de fontes de energia renovável.

Assim, foi colocada a hipótese da instalação de capacidade solar termoelétrica com armazenamento para produção de vapor renovável, em substituição do carvão, para alimentar as turbinas existentes nas centrais.

O PNEC define ainda, de forma vaga, a hipótese da criação de novos projetos-piloto semelhantes ao mencionado anteriormente, estando previsto avançar com centrais piloto despacháveis de produção de eletricidade via CSP, com armazenamento.

Em termos de perspetivas futuras, importa identificar os benefícios que um forte investimento em CSP pode trazer a Portugal. Concretamente, e tendo em conta a aposta no hidrogénio verde, expressa na Estratégia Nacional para o Hidrogénio, importa salientar que, com o recurso à energia solar térmica, é possível a produção termoquímica de hidrogénio proveniente da água, no que se prevê uma redução significativa do preço na produção do hidrogénio verde, e uma opção alternativa ao processo que a Comissão Europeia está a promover, a eletrólise.

Tendo em consideração o elevado potencial de energia solar em Portugal e os reduzidos preços de leilão solar fotovoltaico que se verificaram no passado, o país apresenta-se como um forte candidato e competidor no setor da produção de energia solar termoelétrica

Outra vantagem seria a capacidade de produzir combustíveis biológicos (Biofuels), com pegada carbónica zero, e com a consequente possibilidade de aproveitar as infraestruturas de armazenamento e transporte já existentes para os combustíveis fósseis. Dado o índice de irradiância ser tão elevado em Portugal, admite-se ainda a possibilidade de o país ter retorno financeiro significativo com a exportação de energia elétrica produzida por CSP, para países que não beneficiam de um DNI (Direct Normal Irradiance) tão elevado, em determinados períodos em que não haja fotovoltaico e as restantes renováveis não gerem potência suficiente para suprir o consumo em horas em que a procura é mais acentuada.

Posto isto, tendo em consideração o elevado potencial de energia solar em Portugal e os reduzidos preços de leilão solar fotovoltaico que se verificaram no passado, o país apresenta-se como um forte candidato e competidor no setor da produção de energia solar termoelétrica.

Nisto, recorda-se que para dar resposta aos compromissos climáticos e crescente ambição que tem sido delineada ao nível europeu, torna-se cada vez mais essencial dar uso ao total potencial nacional, sem alienar tecnologias que possam no futuro ter um papel significativo para garantir a segurança de abastecimento.

Assim, considera-se fulcral fazer o levantamento das principais vantagens/desvantagens, a incidir em todos os pontos da cadeia de valor e incorporando a vertente ambiental dos projetos, sempre numa base comparativa ampla, integral e multivariável com as restantes tecnologias disponíveis.

Este levantamento faz-se com forte aposta na Investigação e Desenvolvimento e na criação de projetos piloto, como é o caso do ALFR-Alentejo que, para além de avaliarem o nível de desenvolvimento das tecnologias, avaliam possíveis externalidades à sua operação. Se, até agora, o investimento em CSP tem sido próximo de zero, e tendo em consideração o desenvolvimento da tecnologia noutros mercado mundiais, significa que ainda há uma grande margem de progressão e, se a aposta passar por centrais CSP com armazenamento, a energia solar térmica pode definitivamente vir a tornar-se competitiva e um dos meios de produção de eletricidade renovável viáveis para o país, colocando Portugal no caminho certo para uma transição energética justa, coesa e inclusiva, sempre numa ótica de crescimento socioeconómico e em prol da descarbonização do País.

REVISTAS

Induglobal - Encontros ProfissionaisDaikin - Ar CondicionadoSiga-nosSoliusLisboa Feiras, Congressos e Eventos / Associação Empresarial (Smart Cities Summit - Fil - Tektónica)Profei, S.L.

Media Partners

NEWSLETTERS

  • Newsletter O Instalador

    22/04/2024

  • Newsletter O Instalador

    15/04/2024

Subscrever gratuitamente a Newsletter semanal - Ver exemplo

Password

Marcar todos

Autorizo o envio de newsletters e informações de interempresas.net

Autorizo o envio de comunicações de terceiros via interempresas.net

Li e aceito as condições do Aviso legal e da Política de Proteção de Dados

Responsable: Interempresas Media, S.L.U. Finalidades: Assinatura da(s) nossa(s) newsletter(s). Gerenciamento de contas de usuários. Envio de e-mails relacionados a ele ou relacionados a interesses semelhantes ou associados.Conservação: durante o relacionamento com você, ou enquanto for necessário para realizar os propósitos especificados. Atribuição: Os dados podem ser transferidos para outras empresas do grupo por motivos de gestão interna. Derechos: Acceso, rectificación, oposición, supresión, portabilidad, limitación del tratatamiento y decisiones automatizadas: entre em contato com nosso DPO. Si considera que el tratamiento no se ajusta a la normativa vigente, puede presentar reclamación ante la AEPD. Mais informação: Política de Proteção de Dados

www.oinstalador.com

O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal

Estatuto Editorial