O aproveitamento da biomassa residual diminui a dependência nacional de combustíveis fósseis e, em simultâneo, incentiva à gestão das áreas florestais, reduzindo o risco de incêndio.
Segundo o site Florestas.pt, a produção anual de energia renovável nacional revela um assinalável contributo da biomassa: 56% do total produzido em 2017, de acordo com as estatísticas rápidas sobre renováveis, da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), publicadas em setembro de 2019.
A importância estratégica da biomassa nas Fontes de Energia Renovável (FER) - que englobam, além da biomassa, a hidroelétrica, eólica, solar, geotérmica e biocombustíveis – tem sido uma constante ao longo dos últimos anos.
Em 2016 e 2017, aproximadamente 57% da biomassa foi utilizada para transformação em centrais termoelétricas com ou sem cogeração, 34% foi utilizada diretamente para a produção de calor, maioritariamente no setor residencial, e os restantes 9% foram exportados sob a forma de pellets e briquetes, revela a ADENE – Agência para a Energia.
Este contributo é essencial para apoiar as metas da diretiva comunitária 2009/28/CE, que fixou para Portugal o objetivo de incorporar 31% de Fontes de Energia Renováveis (FER) no consumo final bruto de energia, até 2020.
Segundo o Florestas.pt, aa fração elétrica do consumo energético nacional representa cerca de um quarto da energia consumida no país, estando a restante parcela a cargo dos transportes, processos térmicos industriais e aquecimento de edifícios.
Dentro dessa vertente elétrica renovável, a biomassa representou, em 2018, mais de 8% (2.558 gigawatts-hora) da produção com base em renováveis e mais de 4,5% do total da eletricidade produzida, revelam as estatísticas rápidas sobre renováveis da DGEG. A região centro é a que mais contribui para a produção elétrica a partir de biomassa: cerca de 62% do total.
Em 2018, a produção renovável representou mais de metade do total de energia elétrica consumida. Nesse ano, a produção hídrica e eólica representaram 25% e 23% da produção, respetivamente, enquanto a biomassa gerou perto de 5% e a fotovoltaica de 2%
Ainda de acordo com a DGEG, é notório que a biomassa se tem consolidado, ao longo dos anos, como a terceira principal fonte de eletricidade renovável, a seguir à hídrica, com um peso histórico em Portugal desde finais do século XIX, e à eólica.
A geração de energia elétrica a partir de biomassa destaca-se por reduzida variabilidade ano após ano e elevada previsibilidade. Veja-se por exemplo o caso da hídrica cuja geração em 2018 representou um aumento de 78% face ao ano anterior.
Enquanto não avança o levantamento no terreno da biomassa disponível (previsto pelo DL n.º 120/2019), a avaliação do potencial deste recurso energético apenas pode ser feita com base em estimativas. O LNEG – Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia apresentou quantitativos estimados de biomassa florestal residual para energia, no âmbito do Plano Nacional para a Promoção das Biorrefinarias (2017). Estas são algumas das conclusões sobre a disponibilidade deste recurso por região e espécie florestal:
Segundo um relatório recente da Bioenergy Europe, a associação europeia do setor da Biomassa, o peso desta fonte de energia no setor do Aquecimento cresce desde o ano 2000. Mais concretamente, 3% ao ano.
Em 2018, vinca o documento, a Biomassa representava 85% da energia renovável utilizada para aquecimento.
Entre as considerações, a Bioenergy Europe, não tem dúvidas: a resposta para a descarbonização do setor do aquecimento pode ser encontrada no recurso à biomassa.
“Não reconhecer o papel de equipamentos de aquecimento desatualizados e ineficientes para as emissões de gases com efeito de estufa tem o potencial de afetar a capacidade de a UE alcançar as suas metas climáticas”, salienta a associação.
“Existe uma necessidade incontestável de uma maior penetração de soluções de energias renováveis e de uma maior eficiência energética” no setor do aquecimento, considerando a Biomassa como uma “solução eficaz para o aquecimento residencial e para os processos industriais”, já que é uma fonte de energia “acessível, eficiente e abundante”.
GOTECFOR
O INESC TEC está envolvido em dois projetos ligados à floresta – o GOTECFOR e o BIOTECFOR - e ambos valorizam a biomassa florestal.
O GOTECFOR - Tecnologia para a mobilização e aproveitamento de Biomassa Florestal na agroindústria tem como objetivo a aplicação e desenvolvimento de soluções de aquecimento de estufas com recurso a biomassa florestal e resíduos agroflorestais.
As explorações de horticultura intensiva e floricultura em estufas/culturas protegidas têm necessidades de soluções de aquecimento eficientes para aumentar a sua produtividade e competitividade entre meses de outubro e maio.
As soluções de aquecimento de natureza fóssil estão expostas a constantes flutuações dos preços que influenciam a capacidade de planeamento a médio e a longo prazo. Em paralelo, existe um recurso florestal disponível e subvalorizado/subaproveitado para a produção de biomassa para fins energéticos (nomeadamente calor).
Face a estas duas realidades, existe uma oportunidade de criação de valor tanto para os proprietários florestais (PF), para as empresas prestadoras de serviços, como para as atividades agroindustriais através da utilização da biomassa de origem agroflorestal (BF) para aquecimento das estufas. Esta é uma abordagem que valoriza a floresta e viabiliza as atividades das culturas protegidas, através da diminuição dos custos energéticos recorrendo a fontes endógenas renováveis e de origem nacional/local.
Uma vez que foram diagnosticados alguns problemas nesta matéria (recolha, planeamento logístico e transporte; custos de recolha; aumento da segurança; diminuição do esforço físico dos operadores; adaptação/alteração/redimensionamento das estufas de modo aumentarem a sua eficiência e diminuírem o consumo de energia), esta operação irá atuar na aplicação e desenvolvimento de soluções de aproveitamento adequado às necessidades de aquecimento de estufas com recurso a biomassa florestal e resíduos agroflorestais.
BIOTECFOR
O BIOTECFOR – 'Bionegócios e Tecnologia para a valorização eficiente dos recursos florestais endógenos no Norte de Portugal e Galiza para promover a valorização dos recursos florestais' tem como objetivo aumentar os níveis de eficiência na utilização dos recursos florestais.
Recorrendo a sistemas robóticos inteligentes para a recolha e processamento de biomassa e procurando novas aplicações para novos materiais, promove a bioeconomia e a economia circular na região do Norte de Portugal e Galiza.
Os recursos florestais são dos principais recursos naturais do Norte de Portugal e da Galiza. Apesar do elevado potencial, é necessário otimizar os processos ao longo da cadeia de valor. O BIOTECFOR dá resposta a estas necessidades, adotando modelos e processos de produção de energias renováveis e outras formas de valorização, identificando novas aplicações e desenvolvendo técnicas e tecnologias inovadoras.
O projeto pretende capacitar os atores, identificar novos bionegócios, desenvolver ferramentas e tecnologias inovadoras de aproveitamento e valorização dos recursos florestais, o que impulsionará uma gestão sustentável dos espaços florestais e induzirá uma maior rentabilidade da atividade florestal e uma diminuição dos riscos de incêndio.
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O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal