Portugal regista em 2020 a segunda maior área ardida na União Europeia
Redação Induglobal02/10/2020
De acordo com os registos do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS, na sigla em inglês), envolvendo os incêndios com área ardida superior a 30 hectares, Portugal regista, até ao momento, a segunda maior área ardida em 2020 na União Europeia (UE), com mais de 61 mil hectares ardidos.
A maior área ardida foi registada este ano na Roménia, tal como já registado em 2019, numa situação invulgar face ao histórico da década.
Na última década (2006-2019), Portugal surge destacado com a maior área ardida registada neste período, conforme demonsta o gráfico:
Em 2016 e 2017, Portugal registou as maiores áreas ardidas na União Europeia, respetivamente com 161.522 e 540.630 hectares.
Em 2018, Portugal registou a terceira maior área ardida na União Europeia, com 43.702 hectares ardidos, antecedido apenas pela Itália e pela Croácia, respetivamente com 161.987 e 48.543 hectares queimados. Em 2019, Portugal ficou com o quinto maior registo, com 34.661 hectares, antecedido pela Roménia, Espanha, França e Itália, respetivamente com 73.444, 66.406, 45.235 e 39.655 hectares queimados. Todavia, em 2019 Portugal registou a segunda maior área ardida num só incêndio em toda a União Europeia. Em 2020, Portugal sobe da quinta para a segunda posição.
Ao nível das ocorrências, no período 2008-2019 e para os incêndios com área ardida superior a 30 hectares, Portugal e Itália destacam-se na União Europeia, com uma média anual superior a 220 ignições. Todavia, em 2020 a Itália assume o lugar cimeiro, seguida pela Roménia e Espanha, só depois surgindo Portugal, com cerca de 160 ocorrências.
“Os sucessivos registos alcançados por Portugal evidenciam um elevado risco para as populações, colocando em causa a vida das pessoas, a saúde pública e a sua fixação em meio rural. Têm ainda um forte impacte negativo no território, seja ao nível de conservação dos solos, dos recursos hídricos e da biodiversidade. Acresce ainda o forte impacto ao nível das emissões de gases de efeito estufa. Este risco abiótico condiciona fortemente o investimento em silvicultura, designadamente na produção lenhosa”, salienta a Acréscimo, em comunicado.
A associação refere ainda que, a avaliação efetuada recentemente pelo Governo português, para a época de incêndios de 2020, “desvaloriza a influência meteorológica, a qual tem de ser encarada num espectro mais abrangente. Uma avaliação comparativa, sobretudo ao nível dos Estados-membros do sul da União Europeia, evidencia os enormes problemas existentes em Portugal no que respeita aos tipos de uso e de ocupação dos solos. Neste domínio, a estratégia até agora seguida, na atual e na anterior legislatura, em nada contribuiu para um menor risco no território, seja em termos ambientais, seja em termos sociais e económicos”.