Passados vários meses desde o início da pandemia de Covid-19, já todos constatámos que o mundo mudou em muitos aspetos do nosso quotidiano, principalmente no que concerne aos aspetos higio-sanitários e de interação pessoal, designadamente nos locais de trabalho, que são aqueles que interessam aqui focar neste artigo sobre os sistemas de GTC.
A pandemia trouxe uma (ainda) maior relevância sobre a urgência da Descarbonização da Economia e, consequentemente, a Eficiência Energética dos Edifícios. Prova disso, são os fundos da União Europeia previstos para fazer face à Covid-19, desenhados para responder em áreas estratégicas, como a transição digital ou a economia verde, que se juntam, no caso de Portugal, aos já aprovados programas nacionais para a energia e clima e, descarbonização: PNEC2030 (Plano Nacional Energia e Clima) e RNC2050 (Roteiro para a Neutralidade Carbónica). Não obstante, o forte impacto que esses investimentos terão no mercado de engenharia de edifícios e, obrigatoriamente, também dos sistemas de GTC, pretendo focar este texto nos aspetos do dia-a-dia dos locais de trabalho, profundamente alterados pela pandemia e para os quais os sistemas de GTC são a resposta evidente e eficaz.
Este primeiro aspeto é aquele que se relaciona com a redução da propagação do Coronavírus no interior dos espaços. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para reduzir os riscos de propagação do Coronavírus, os caudais de ventilação devem ser aumentados, sempre que possível, com recurso a 100% de ar novo, os sistemas de filtragem devem ser melhorados, a par do aumento do tempo de funcionamento do sistema de ventilação, num período de duas horas, antes e depois do normal horário de funcionamento dos espaços. Ora, para se implementarem estes requisitos da OMS, os sistemas de GTC são essenciais porque são aqueles que garantem a eficácia da regulação dos caudais de Ar Novo, da Monitorização do estado de colmatação dos filtros e no ajustamento dos períodos de funcionamento, sejam de duas horas ou outros períodos que se considerem mais apropriados.
Ainda nesta área do controlo da propagação do Coronavírus, refira-se que a implementação de regimes de 100% de ar novo é muito dispendiosa em certas alturas do ano em que as condições climatéricas sejam mais extremas. Também aqui os sistemas de GTC desempenham um papel único uma vez que, através da utilização de sensores de QAI (qualidade do ar interior), será possível ajustar os caudais de ar novo, evitando-se, assim, o desperdício de energia inerente à manutenção de um regime de 100% de ar novo, quando não seja necessário.
Outra área fundamental e reveladora da importância dos sistemas de GTC no contexto de pandemia, é o da simples operação dos sistemas técnicos, como a Climatização, Iluminação, Abertura de Portas, Estores, onde habitualmente são utilizados dispositivos de comando manipulados por múltiplos utilizadores, como é o caso de Interruptores, Puxadores, Termostatos, Painéis Táteis, etc.
Olhando para outras áreas, a tecnologia que estava disponível permitiu que se efetuasse um rápido ajustamento para fazer face aos constrangimentos de uma crise pandémica, exemplo disso é o caso dos sistemas de pagamento, em que rapidamente os bancos emitiram milhões de novos cartões “contactless” para assim se evitar a necessidade de contacto com os terminais de pagamento. Este sistema já estava disponível, mas foi a pandemia a exponenciar o seu uso, e agora, muitos de nós, quase se esqueceram do que é efetuar pagamentos em dinheiro.
No caso específico da indústria dos sistemas de GTC, nos últimos anos, os engenheiros de empresas como a Deltacontrols desenvolveram os chamados conceitos “hands-off office” (escritório mãos livres) ou paredes limpas (o que também é o sonho de qualquer arquiteto), como é o caso do sistema O3, não por razões de saúde, mas sim por razões de eficiência energética e de flexibilidade de operação. Lee Billington, diretor da empresa multinacional de arquitetura Gensler, dizia antes da pandemia: “Tudo o que possa impedir o fluir através de um espaço é considerado ruído. Custa tempo!”.
No caso dos edifícios, é claro que iremos continuar a tocar no nosso mobiliário, no nosso computador ou nos pertences individuais, mas será que necessitamos de tocar noutros equipamentos? Com já se referiu, os novos sistemas de GTC, capazes de oferecer sistemas mais eficientes, respondem que não. Os novos sistemas de GTC como os da Deltacontrols utilizam (entre outras possibilidades) o telemóvel de cada ocupante para, de uma forma personalizada, interagir com o edifício, e assim, salvaguardando-se questões como a segurança e privacidade, realizar funções como: abrir portas, regular condições de luminosidade e climatização, tornando os ambientes de trabalho mais limpos e descontaminados, para além de mais eficientes e flexíveis.
A ocupação dos espaços de escritórios na era Pós-Covid representa um dos maiores desafios para os gestores. Quer se tratem de espaços de trabalho partilhados (co-working) ou de espaços pertencentes à mesma empresa, a gestão da ocupação dos ambientes de trabalho, atendendo ao crescimento do teletrabalho e à necessidade de garantir o distanciamento entre postos, tem a necessidade de incorporar ferramentas associadas à GTC, que também já estavam disponíveis antes da pandemia mas agora têm condições para uma utilização muito mais expressiva.
Se é verdade que algumas das funcionalidades referidas neste artigo, cujo uso é agora exponenciado pela pandemia, ainda podem ser uma novidade, a possibilidade de gerir e monitorizar remotamente as instalações de um edifício, recorrendo ao sistema de GTC, é uma funcionalidade com vantagens reconhecidas por todos, mas que, apesar disso, não tem tido uma grande adesão por parte dos operadores e gestores de edifícios.
As novas tecnologias têm sido vitais para responder aos desafios da Pandemia e, no caso dos edifícios, os sistemas de GTC, como elemento tecnológico de gestão e operação, são essenciais e imprescindíveis na era Pós-Covid
Este é outro exemplo de uma tecnologia madura, disponível a um preço competitivo e que terá uma maior adesão na era Pós-Covid.
Note-se que durante o período da pandemia, não raras vezes, verificou-se que, a não existência de sistemas de GTC corretamente instalados, comissionados e mantidos, inviabilizou a eficaz adoção e implementação das orientações da OMS e de outras organizações.
A par de uma manutenção adequada, a possibilidade de operação remota das instalações é uma ferramenta diferenciadora e altamente eficaz. Num contexto como o da pandemia, com constantes limitações nas deslocações presenciais dos técnicos, a oportunidade que surge com a operação remota das instalações, é mais do que evidente - só assim se conseguirão controlar/reduzir as condições de propagação do vírus e monitorizar as condições ambientais.
Atendendo ao drama que se vive atualmente nos lares de idosos, esta bem que poderia ser uma medida a adotar em larga escala - a gestão e monitorização remota das instalações dos lares seria um passo inequívoco para garantir as necessárias condições ambientais dos espaços ocupados, monitorizar áreas de isolamento, etc..
As novas tecnologias têm sido vitais para responder aos desafios da pandemia e, no caso dos edifícios, os sistemas de GTC, como elemento tecnológico de gestão e operação, são essenciais e imprescindíveis na era Pós-Covid.
À semelhança do exemplo dos cartões com pagamento “contacless” cuja tecnologia já existia, mas só com a pandemia tiveram um grande crescimento, também os sistemas de GTC, que se representam como uma das soluções mais eficazes para fazer face às necessidades dos edifícios na era Pós-Covid, terão um crescimento exponencial.
Seguramente que será assim a nível global. Por cá, veremos se a GTC vai continuar a ser uma empreitada desvalorizada e sempre suscetível das famosas “otimizações” para reduzir os custos das obras, mesmo que isso signifique apagar uma boa parte das vantagens do sistema.
Confio que não, porque este tempo não é para facilitar!
Sintetizando aquilo que poderá ser a GTC na era Pós-Covid, utilizando unicamente os exemplos expostos neste artigo, com soluções tecnológicas correntes no mercado, deveremos ambicionar um edifício em que o sistema de GTC está corretamente instalado e comissionado, tem manutenção regular e pode ser gerido remotamente.
Para reduzir a propagação de contaminantes (vírus e outros), este edifício, de forma automática, maximiza os caudais de ar novo de ventilação, tendo em conta os níveis de concentração de poluentes monitorizados por sondas de QAI. Os filtros são monitorizados e em caso de colmatação é gerado um alarme no sistema. Os horários de ventilação são ajustados para promover a renovação de ar eficaz. Os ocupantes acedem ao edifício, aos elevadores e aos seus locais de trabalho, através de permissão no sistema de controlo de acessos, permissão essa ativada pelo telemóvel. Em cada piso a informação sobre a disponibilidade dos locais de trabalho e o respetivo ruído está disponível num monitor, onde também existe informação sobre a qualidade do ar e o desempenho energético.
Caso seja aplicável no edifício, os ocupantes reservaram previamente o seu posto de trabalho numa aplicação de telemóvel. Por fim, uma vez nos respetivos postos de trabalho, as condições ambientais, temperatura, iluminação, etc., são definidos no telemóvel de cada ocupante.
Parece um edifício do futuro? Não! É um edifício atual.
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