Numa mensagem divulgada no site da associação, Rui Godinho começa por dizer que, em tempo de olharmos para as futuras políticas públicas pós-Covid-19, “há que recordar o que a APDA vem assinalando desde, pelo menos, 2017: a gestão da água será um dos mais sérios problemas políticos das próximas décadas, não só em Portugal, mas também na Península Ibérica, como na Europa e outros continentes, como a Ásia, onde o balanço ‘disponibilidades/necessidades’ se desequilibra a um ritmo assinalável”.
“Acresce que estamos confrontados, igualmente, com o facto de assegurar a procura global de alimentos e energia, garantindo, ao mesmo tempo, adequado fornecimento de água, situação hoje fortemente agravada com as consequências devastadoras da pandemia de Covid-19 sobre as populações mais vulneráveis”, salienta o responsável.
Para Rui Godinho as “mudanças globais” em curso, como as alterações climáticas, as migrações, o fortíssimo crescimento populacional em megacidades mais desordenadas, o aumento da procura global por alimentos e energia “tornam imperativas estratégias e políticas para obtenção de segurança hídrica adequada a necessidades exponencialmente crescentes”.
“Não há futuro para uma gestão sustentável da água sem ter em conta os vários nexos que estabelece com outros setores, onde assume um papel essencial, como são por exemplo, a energia, a agricultura e a alimentação, a indústria, as cidades e o território e o seu ordenamento e a biodiversidade, constituindo uma das combinações da ‘Five Fingers Alliance’, como a designamos no Conselho de Governadores do World Water Council (Conselho Mundial da Água)”, acrescenta.
Também a sua função como fator de desenvolvimento “não tem merecido a atenção que se impõe, sendo mesmo menorizada - e mesmo esquecida - pelos decisores na definição das políticas públicas. Urge corrigir esta ausência, integrando na sua formulação as fortes interligações entre gestão dos recursos hídricos e a preservação da biodiversidade, tendo em conta a íntima relação entre água e natureza numa lógica de promoção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável”.
...estamos confrontados (...) com o facto de assegurar a procura global de alimentos e energia, garantindo, ao mesmo tempo, adequado fornecimento de água, situação hoje fortemente agravada com as consequências devastadoras da pandemia de Covid-19 sobre as populações mais vulneráveis (...)
O presidente da APDA refere que “o equilíbrio entre água para os seres humanos e água para a natureza constitui uma linha virtuosa de atuação que permitirá ganhos significativos, por exemplo na procura e na adoção das denominadas ‘nature based solutions’ em inúmeras situações onde não se justifica aplicação das soluções convencionais, por vezes ‘pesadas’ em custos de investimento e operação”.
Por fim, sublinha Rui Godinho, “esta diferente abordagem tem todo o sentido ser incluída no ‘European Green Deal’ da atual Comissão Europeia, integrando ‘novos acordos ecológicos’ que coloquem em parceria ‘água, biodiversidade, desenvolvimento e saúde pública’, sabendo-se o importante efeito ‘tampão’ que os sistemas biodiversos exercem na contenção de pandemias como a que hoje nos atinge, quando dificulta a passagem direta de vírus de animais para os seres humanos”.
www.oinstalador.com
O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal