Os consumidores estão cada vez mais empenhados na reciclagem. Esta é a conclusão de um estudo recente da Sociedade Ponto Verde (SPV), que indica que 71% dos lares portugueses já faz a separação domiciliária de embalagens usadas.
Sinais positivos são também dados pelos números referentes à recolha seletiva. No primeiro semestre de 2019, Portugal registou, face ao período homólogo, um crescimento de 11% na quantidade de resíduos de embalagens recolhidos, atingindo um total de 175 mil toneladas.
Não obstante, a atualidade coloca o desafio de metas cada vez mais ambiciosas no que concerne à reciclagem e reutilização, colocando-as como fundamentais no processo de transição para uma economia circular. Um desafio colocado não só à SPV, enquanto entidade gestora de resíduos de embalagem, mas a todos os players da cadeia de consumo, dos embaladores aos consumidores.
Neste sentido, cresce, a cada dia que passa, a atenção dada pelas diversas entidades a nível nacional e europeu às temáticas da sustentabilidade e com ela surgem novas políticas e novos reptos aos quais todos temos de responder. O novo Pacto Ecológico Europeu - Green Deal - vem desafiar a forma como também, no setor dos resíduos criamos um novo modelo económico de desenvolvimento, preservando os recursos e o ambiente.
No que à gestão de resíduos diz respeito, todas as medidas que visem promover a sustentabilidade através do incentivo a este tipo de comportamentos são novos esforços para o cumprimento das metas estabelecidas, sejam os 65% de preparação para reutilização e reciclagem até 2035 da Diretiva Quadro dos Resíduos ou os 70% até 2030 da Diretiva Embalagens.
Em Portugal, muito se tem feito para implementar um verdadeiro processo de mudança, mas ainda é longo o caminho a percorrer seja com a melhoria do nível de serviço prestado ao consumidor ou com o aumento da recolha porta-a-porta. Medidas de PAYT (pay as you throw) onde o cidadão paga pelos resíduos indiferenciados que produz contribuem para a sua responsabilização no processo e, consequentemente, ao aumento da sua participação no mesmo.
A nível internacional, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido demonstra igualmente um empenho no contributo para a circularidade. É disso exemplo a Estratégia Europeia sobre Plásticos, adotada em 2018 pela Comissão Europeia e que vem introduzir novas medidas no que diz respeito ao incentivo à inovação através do financiamento de projetos para criação de materiais plásticos mais recicláveis e com maior eficiência no processo de reciclagem.
A par disso, aumenta a exigência das metas oriundas da UE face aos plásticos para as quais a SPV tem vindo a trabalhar no sentido de encontrar as melhores soluções.
Em 2018, a taxa de reciclagem específica de embalagens de plástico atingiu os 44,4%, superando assim as metas europeias para 2020. Já no primeiro semestre de 2019, a quantidade de resíduos de embalagens de plástico recicladas aumentou 5%.
Cresce a reciclagem, mas também os problemas identificados um pouco por todo o planeta cuja culpa é atribuída a este tipo de material. Mas a resposta não está na radicalização do plástico. Os diferentes materiais de embalagens existentes cumprem funções específicas de acondicionamento e segurança. A solução não é, por isso, a substituição direta de um material por outro de forma simples e linear.
Para que seja possível fazer mais é imperativo reconhecer que todos têm um papel a desempenhar na construção de uma economia circular. É crucial que as empresas contribuam ativamente para a circularidade e reciclabilidade de forma a promover o conhecimento e a inovação e, consequentemente, reduzir o impacto ambiental. É para isso que a SPV trabalha através de iniciativas como o Ponto Verde Lab. Uma plataforma que procura ajudar aqueles que têm responsabilidade na colocação de embalagens no mercado através de uma ferramenta de partilha de conhecimento, que permita apoiar o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis aplicando os princípios de Ecodesign.
Em 2018, a taxa de reciclagem específica de embalagens de plástico atingiu os 44,4%, superando assim as metas europeias para 2020. Já no primeiro semestre de 2019, a quantidade de resíduos de embalagens de plástico recicladas aumentou 5%
Também as novas metas definidas na Diretiva Quadro dos Resíduos vêm colocar pressão no setor, exigindo uma maior atenção à caracterização dos resíduos urbanos que revela que o potencial da reciclagem assenta na recolha seletiva multimaterial, nomeadamente resíduos de embalagens (24% em peso dos resíduos urbanos) e biorresíduos (39% em peso dos resíduos urbanos). Importa para isso que a recolha seletiva de biorresíduos seja significativamente impulsionada, garantindo que é possível alcançar a meta global nacional de preparação para reutilização e reciclagem, evitando a contaminação de resíduos de embalagens e aumentando o seu potencial de reciclabilidade.
Os sinais são, no entanto, positivos. A SPV e o setor das embalagens estão já a cumprir as metas definidas à frente do tempo e o foco é continuar a fazê-lo. Não vamos baixar os braços e acreditamos que o país também não. Só assim será possível garantir um bom desempenho e alcançar os resultados ambiciosos, mas realistas, que o futuro impõe.
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