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Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa: «um exemplo para futuros projetos no país»

Entrevista: Ana Clara | Fotos: Ana Clara e Geoterme

26/08/2019
Em 2017, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) apresentou a sua candidatura ao Portugal2020, no âmbito no Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), na Prioridade de Investimento "Apoio à Eficiência Energética, à Gestão Inteligente da Energia e à Utilização das Energias Renováveis nas Infraestruturas Públicas, nomeadamente nos edifícios públicos e no setor da habitação", tendo em vista a obtenção de apoio financeiro para garantir uma melhoria da eficiência energética nas suas infraestruturas. Nesta entrevista, a três vozes, falamos com os intervenientes na iniciativa. António Vieira, da Geoterme, que forneceu e instalou o Sistema de estão Técnica Centralizada e o Sistema de Monitorização, Manuel Câmara Pestana, da Inteligentheory, que geriu e coordenou a candidatura ao PO SEUR, e Miguel Geraldes Cardoso, da Ardan, que teve sob sua responsabilidade, em nome da Faculdade, a gestão técnica do projeto.
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O Instalador: Falem-me um pouco do contexto deste projeto e de como se consumou.

Manuel Pestana: o projeto começou com uma necessidade da Faculdade de Direito, que passava por reduzir a fatura de energia embora, de um modo geral, a eficiência energética e a utilização racional de energia fossem temáticas de preocupação para a Direção da FD-UL . Realizou-se uma auditoria energética, que apontou um conjunto de medidas, que permitia subir dois níveis o certificado energético da Faculdade. Contudo, cedo se percebeu que eram medidas pouco integradas. Nessa altura, surgiu a oportunidade de avançar com uma candidatura no âmbito do PO SEUR. Avaliamos as necessidades da Faculdade e as propostas da Certificação. Propusemos então à Faculdade complementar um conjunto de operações especificamente orientadas para a candidatura.

E em que ano estávamos neste ponto?

Manuel Pestana: em fevereiro de 2017.

Qual foi orçamento do projeto e a duração do mesmo?
Manuel Pestana: cerca de 1,5 milhão de euros, com a duração de três anos. Contudo, utilizámos uma virtude do PO SEUR (podem ser integradas despesas que estejam previstas e que por alguma razão já tenham sido contratualizadas anteriormente ao início do projeto) pelo que, na realidade, este projeto começou no dia 29 de julho de 2016, embora a candidatura tenha sido feita em 2017. O projeto está agora numa fase final, e em pedido de reprogramação (algumas medidas tiveram um ligeiro atraso, nomeadamente as janelas devido ao processo de licenciamento que foi muito longo). Contudo, as medidas mais importantes (o Sistema de Monitorização de Energia, a Gestão Técnica Centralizada, a produção de energia a partir de fontes renováveis integrada com um sistema de baterias e também com cogeração) estão em marcha.


Tudo isto já está em funcionamento?
Manuel Pestana: exceto a cogeração. Tudo o resto está em funcionamento. Os meses de abril, maio e junho não têm sido “simpáticos” em termos de céu limpo mas, mesmo assim temos tido uma autonomiamédia acima dos 41%, e quando estiver tudo a funcionar e a Gestão Técnica “afinada”, estimamos chegar a uma autonomia média de 80% de energia. Isto deverá acontecer, preferencialmente, até ao fim do ano de 2019. Para chegar a esse patamar falta agora a componente eficiência.


Miguel, fale-me um pouco da sua intervenção neste projeto?
Miguel Geraldes Cardoso: o interesse deste projeto é a novidade e a inovação. A minha intervenção deu-se ao nível da coordenação técnica, dada a minha experiência de projeto, aliado ao facto de gostar muito de coordenação. Eu sou engenheiro e gosto de “engenhar”, e sobretudo ao nível da integração com todas as áreas. E para isso são precisas três coisas: uma grande disciplina, capacidade de ouvir e de formar equipas. Tivemos isso de bom. As equipas de empreiteiros que trabalharam para nós, por exemplo, discutiam problemas técnicos connosco, no sentido de encontrarmos soluções em conjunto.

Este projeto, em termos de eficiência energética e consumos, é exemplo para outras Faculdades do país?
Miguel Geraldes Cardoso: sim, é. E é evidente que este é o caminho certo. Embora não tenhamos ilusões, a nossa sociedade atualmente está montada na energia e só com energia é possível evoluirmos constantemente.

Mas é um exemplo para outras Faculdades do país?
Miguel Geraldes Cardoso: sim, é um exemplo para Faculdades e não só. E poderemos ir muito longe. Mas o primeiro cuidado está em apagar a luz quando saímos.

Da esquerda para a direita: Miguel Geraldes Cardoso, Manuel Pestana e António Vieira, fotografados na FDUL, no final de junho de 2019.

Gostava de perceber em que moldes é aqui introduzida a cogeração?
Miguel Geraldes Cardoso: a subida de dois níveis do certificado, regra base da candidatura, obrigava à implementação de todas as medidas previstas e a cogeração era uma delas. Simplesmente o perito que fez o certificado escreveu que a cogeração era uma coisa pequenina. Foi difícil, mas conseguimos encontrar uma cogeração pequena na Dinamarca e outra na Eslovénia. Tínhamos algumas reservas relativamente à solução mas com as discussões técnicas que tivemos com os fabricantes, conseguimos perceber as virtudes e vantagens da instalação. Estamos convencidos que poderá ser uma solução bastante interessante em edifícios desta dimensão e, até mesmo, em edifícios menores, tendo em conta alguns pressupostos.

E quanto às janelas?
Miguel Geraldes Cardoso: o projeto considera a renovação de mais de 1.000 m² de janelas. Eu recordo que a Faculdade nasceu em 1958. O conjunto da Reitoria e das Faculdades de Letras e Direito é dos casos mais interessantes de arquitetura em Portugal, porque não é só uma obra de arquitetura monumental - do arquiteto Pardal Monteiro - mas porque vem de uma cultura de base alemã. As janelas eram das melhores à época mas, como são as da origem do edifício, há alterações que têm mesmo de ser feitas.


Gestão Técnica Centralizada

Falando da Gestão Técnica Centralizada (GTC), como tem sido este projeto para a Geoterme?
António Vieira: a Geoterme integra o projeto enquanto fornecedor e mediante um concurso que foi efetuado e que ganhámos. Na sequência do que o Miguel referiu, estamos de facto a falar de um edifício emblemático na cidade de Lisboa, mas sobretudo por estar integrado no PO SEUR e por ser um dos projetos em estado mais avançado de realização. Para nós foi um grande desafio poder entrar neste projeto, em toda a conceção de tornar o edifício mais eficiente, fazer com que a energia que o edifício
consome fosse reduzida substancialmente e também por uma parte considerável através dos sistemas que a Geoterme forneceu: o SGT com base na nossa representada DeltaControls e o Sistema de Monitorização de Energia (SME), a plataforma Enerbiz,
um produto concebido e desenvolvido pela Geoterme com 100% de engenharia portuguesa. O SME inclui contadores de energia, disseminados pelos elementos nevrálgicos do edifício, permitindo desagregar os consumos e determinar os perfis mais convenientes, semanais, diários.


Fale-me um pouco da parte de monitorização da energia?

António Vieira: nesta parte a intenção é desagregar os consumos de modo a fazer a análise dos perfis e as otimizações mais parcelares possíveis que se conseguirem fazer e, depois no sistema de gestão técnica, iremos tratar mais da operação e controlo dos equipamentos. Obviamente que pelo facto de os dois sistemas terem sido fornecidos por nós, eles estão interligados e integrados e os dados passam de um lado para o outro.


Qual foi o momento mais difícil até agora no que respeita à Gestão Técnica Centralizada?
António Vieira: o facto de ser um edifício antigo cria alguns desafios à implementação das tecnologias. Foi necessário adaptar elementos que já existiam, criar elementos novos que se integrarão numa estrutura antiga, a nível de quadros elétricos, sistemas de climatização e, com isso, temos aqui um sistema que é híbrido, que não é um sistema 100% novo mas que vai buscar dados a várias instalações que já existiam, outras novas e ter um conjunto o mais harmonioso possível.


Miguel Geraldes Cardoso: este foi um dos casos em que as equipas da Geoterme promoveram excelentes discussões, no sentido de encontrar caminhos e soluções.

Falando do projeto AVAC, fale-me um pouco das intervenções que foram feitas.
Miguel Geraldes Cardoso: a maior parte das pessoas quando fala em ar condicionado tem uma noção pouco clara do que é ar condicionado. Uma instalação de ar condicionado para ser bem feita, no fundo, tem de ter ar novo, que ter controlo, temperatura e humidade, se for possível. Mas o que temos em muitos edifícios, e aqui também, foi espalhar splits por todo o lado, que não geram valor e que não tratam “1 grama de ar”. No fundo, apenas aquece ou arrefece o ar. No caso deste projeto, não tínhamos muito por onde fugir com o ar condicionado, mas tínhamos máquinas muito pouco eficientes. O que tentamos fazer foi que, em vez de termos máquinas dispersas, tentámos concentrar tudo numa única máquina. Substituímos 14 splits por VRV, mais centralizado.


Por fim, pedia-vos um balanço do projeto de cada um até agora. Em termos de desafios, que mensagem deixariam, depois desta experiência?

Manuel Pestana: quero salientar as virtudes do PO SEUR, em termos de rentabilidade do projeto. Todo este projeto está deacordo com as regras do PO SEUR ou seja, é um projeto cujo investimento, na sua maioria, é reembolsável. Embora seja um financiamento grande, quase todo o dinheiro que é financiado à Faculdade, tem de ser reembolsado.Como? Através das poupanças geradas. Eu diria o POSEUR constitui uma oportunidade sem par para as entidades da Administração Central tornarem os seus
edifícios mais eficientes, indo assim ao encontro dos objetivos e compromissos energéticos e ambientais assumidos por Portugal. Nesta perpetiva, o PO SEUR não foi aproveitado como devia por muitos outros projetos que ainda não saíram do papel. Dos mais
de 120 projetos aprovados no âmbito dos Edifícios da administração Central, este é o que está mais avançado.

Miguel Geraldes Cardoso: uma das razões principais porque este projeto avançou foi porque conseguimos dinamizar uma equipa, com a ideia de fazer novo e resolver problemas novos.


António Vieira: para nós foi muito desafiante, porque é público que a implementação da Gestão Técnica dos Edifícios tem ganhos importantes, as normas estão instituídas mas vir para um edifício como este - com 60 anos - acarreta desafios e ganhos enormes e ver os resultados é desafiante. Os outros grandes projetos do PO SEUR estão aí e não há como não aproveitar esta oportunidade, e obviamente que os Sistemas de Gestão Técnica estão intrínsecos nesta mudança tecnológica dos edifícios. Nós aqui também fizemos história e que é essencial para o futuro. E o resultado até agora é francamente positivo.

Nota de Redação: Entrevista publicada na edição n.º 279 | Julho 2019 da revista O Instalador. Aceda aqui .

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