Texto e Entrevista: Ana Clara
Foto: Renault
Este é um projecto, assumem os promotores, que pretende ser pioneiro na criação de uma solução de mobilidade sustentável a partir do desenvolvimento de um ecossistema eléctrico. Basicamente visa transformar Porto Santo num território sem combustíveis fósseis e emissões quase nulas de dióxido de carbono.
Uma das principais marcas do “Smart Fossil Free Island” passa pela interacção entre os automóveis eléctricos da Renault (ZOE e Renault Kangoo Z.E.), o carregamento inteligente (feito em função das necessidades do utilizador e da electricidade disponível na rede - ver caixa ), a segunda vida das baterias eléctricas de veículos eléctricos Renault (que permitirá armazenar a energia estacionária) e a reversão do carregamento (V2G) (que permitirá a injecção de energia eléctrica na rede aquando dos picos de consumo).
«As soluções do Grupo Renault permitirão à ilha de Porto Santo, armazenar e regular o suporte flutuante de energia produzida em estações solares e parque eólicos, e deixam a “porta aberta” para o desenvolvimento de novos modelos energéticos úteis no futuro», disse Eric Feunteun, Director do Programa de Veículos Eléctricos e Novos Negócios do Grupo Renault, em Abril deste ano.
«A mobilidade é um elemento crucial mas não é o único»
Ricardo Oliveira, Director de Comunicação e Imagem da Renault, fala do projecto em entrevista.
O Instalador: Comecemos pelo início deste projecto, o “Porto Santo Sustentável - Smart Fossil Free Island”. Quando surgiu a ideia de transformar a Madeira na primeira “Smart Island” do mundo?
Ricardo Oliveira - Oprojecto “Porto Santo - Smart Fossil Free Island” é uma iniciativa do Governo Regional da Madeira que delegou a sua execução na EEM- Empresa de Electricidade da Madeira, SA. A questão da mobilidade é, no entender do promotor do projecto uma das componentes fulcrais para a implementação. A Renault, SA foi envolvida no projecto em 2017 a convite da EEM.
Em termos práticos, de execução do projecto em que ponto estamos neste momento, Junho de 2018?
O anúncio oficial do projecto foi realizado há um mês. Mas desde 2017 que os parceiros trabalham no seu desenvolvimento. As primeiras medidas concretas e com aplicação no “terreno” começaram no início de Junho.
Um dos pilares essenciais deste projecto é o envolvimento da Renault, nomeadamente através dos eléctricos da Renault (ZOE e Renault Kangoo Z.E.) e a ideia sustentável de dar uma segunda vida às baterias eléctricas. Fale-me em concreto desta vossa interacção no projecto?
A presença da Renault vai muito para lá da introdução dos automóveis eléctricos. A Renault e a EEM irão implementar os sistemas de “smart charging” que automaticamente “decidirão” a velocidade de carregamento dos automóveis em função das necessidades da rede eléctrica, os sistemas V2G (Vehicle to Grid) em que os próprios automóveis poderão fornecer à rede eléctrica a energia que têm armazenada na bateria e os sistemas de armazenamento de electricidade (utilizando baterias de automóveis eléctricos) que permitirão armazenar a electricidade produzida quando ela é menos necessária (de noite, por exemplo) e colocá-la à disposição quando preciso o que permite, por exemplo, limitar as necessidades de produção de electricidade obtida a partir de combustíveis fósseis. Em todas estas componentes a Renault é parceira da EEM e é também uma oportunidade para testar “in loco” o desenvolvimento e a aceleração de novas tecnologias como, por exemplo, o V2G.
Ao todo quantos carros eléctricos irão ser disponibilizados e quais os agentes que irão usufruir dos mesmos?
Na primeira fase do projecto, e a muito curto prazo, serão 20 automóveis. Que serão utilizados por alguns habitantes da ilha no seu quotidiano e que permitirão realizar os testes práticos sobre os sistemas e as tecnologias mencionados na questão anterior.
Transformar a ilha de Porto Santo «num território sem combustíveis fósseis e emissões quase nulas de dióxido de carbono» é um dos objectivos. Quais são as outras medidas inerentes ao projecto que irão suportar esta ideia?
É de facto um objectivo. A mobilidade é um elemento crucial mas não é o único. A habitação, as actividades, por exemplo, turísticas, são outros sectores envolvidos no projecto.
Qual é, para si, a importância de um projecto desta natureza e que impacto terá (a nível económico, ambiental, ganhos de eficiência, etc.)?
Na sua política de sustentabilidade a abordagem da Renault vai muito para além da comercialização de automóveis eléctricos. A Renault quer colaborar com as entidades públicas ou privadas para o desenvolvimento de ecossistemas mais sustentáveis quer sejam eles, comunidades, cidades ou, no caso vertente, uma ilha. O projecto Porto Santo - Smart Fossil Free Island enquadra-se perfeitamente nesta estratégia da marca, e resulta na primeira aplicação prática, em todo o mundo, da criação de um ecossistema sustentável à dimensão de uma ilha.
Para a Renault este é um projecto pioneiro? Que objectivos a empresa estabeleceu com o projecto?
Este projecto é mesmo pioneiro a nível mundial. Existem várias outras comunidades ou cidades e até mesmo outras ilhas que anunciaram as mesmas intenções mas o projecto da Ilha de Porto Santo começará a ter as primeiras aplicações práticas nas próximas semanas.
Nota Editorial: Artigo e entrevista publicados na edição de Junho de 2018 da nossa revista.
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