A Panasonic chegou à C&R 2025 com uma mensagem clara: a climatização de hoje é mais inteligente, mais eficiente e profundamente alinhada com as metas de descarbonização. No IFEMA Madrid, onde o movimento de visitantes se fazia sentir logo nas primeiras horas da manhã, a marca apresentou uma série de novidades que mostram bem o rumo que pretende seguir — e o papel que quer assumir nesta transição.
Durante a conferência de imprensa, Enrique Vilamitjana, diretor-geral da Panasonic Heating & Cooling Solutions Europe, reforçou a ideia de continuidade e investimento. “A estratégia da empresa nos últimos anos gira em torno da descarbonização e da liderança industrial na UE e, por isso, aumentámos a nossa equipa em 13%, investimos em I&D e na produção europeia com quatro fábricas na Europa (Itália, França, Polónia, República Checa), e fechámos alianças com empresas como a Innova e a tadoº para aumentar a eficiência e o desempenho dos nossos equipamentos".
Enrique Vilamitjana, diretor-geral da Panasonic Heating & Cooling Solutions Europe.
No segmento doméstico, a Panasonic apresentou várias soluções pensadas para dar resposta às novas exigências dos utilizadores — e também da legislação. Entre elas, as novas bombas de calor AQS com refrigerante natural R290, desenvolvidas para substituir esquentadores elétricos e disponíveis em modelos de parede ou de solo, com capacidades que variam entre 100 e 260 litros. Estas unidades foram concebidas para substituir os aquecedores elétricos tradicionais, oferecendo uma alternativa mais sustentável, eficiente e amiga do ambiente.
A marca revelou ainda a Big Aquarea, uma nova solução centralizada destinada a edifícios multifamiliares, hotéis e residências, e a nova geração da Ecoflex, agora mais versátil e capaz de alimentar até três unidades interiores. O Ecoflex, que foi redesenhado para ligar até três unidades interiores, para além do depósito e de uma conduta de 9 kW. As unidades interiores incluem agora a tecnologia nanoe™ X e a solução incorpora novas funcionalidades, tais como recuperação de calor DHW (DHW) e funcionamento garantido até 25°C. O design flexível facilita a instalação, está em conformidade com as normas RSIF e, embora funcione com R32, requer menos espaço para a instalação.
Um dos destaques na C&R foi a nova Conduta Multizona, que permite criar até cinco zonas com temperatura independente — uma funcionalidade cada vez mais procurada em casas e espaços onde o conforto tem de ser personalizado. Integrada no EcoFlex, o máximo promete oferecer o máximo conforto com o mínimo consum e tem opções de instalação horizontal e vertical, reduzindo a complexidade no local.
Nas soluções domésticas ar-ar (RAC), a Panasonic apresentou a nova série Etherea, com tecnologia AI ECO, que chamou a atenção por prometer reduzir o consumo energético até 20% no modo de arrefecimento, aprendendo as condições da divisão e equilibrando as poupanças com um arrefecimento mais rápido; enquanto a série TZ, mais compacta - com apenas 765mm de largura -, foi desenhada para facilitar a vida dos instaladores — detalhe que muitos profissionais elogiaram.
As funções Aquarea Sync e Hydronic Balancing, apresentadas como novidades, vêm melhorar o equilíbrio hidráulico dos sistemas, otimizando consumos de forma automática.
A integração com os termóstatos tadoº mostra que a Panasonic quer que os seus sistemas funcionem de forma cada vez mais intuitiva — e com mais informação útil para o utilizador.
“Todas as soluções que apresentamos na C&R apoiam a estratégia do nosso modelo holístico, concebido para oferecer um serviço completo. Acompanhamos os nossos clientes desde a fase inicial de conceção dos projetos, prestando aconselhamento especializado no processo de venda e garantindo um sólido serviço pós-venda e de manutenção para fechar o ciclo. Tudo isto é apoiado por uma equipa de profissionais especializados que conhecem profundamente as necessidades de cada projeto e de cada cliente”, explica o diretor-geral da Panasonic Heating & Cooling Solutions Spain.
Um dos equipamentos que mais curiosidade despertou foi o Jet Air Stream, pensado para ginásios, armazéns e áreas de produção. A capacidade de projetar um caudal de 5.000 m³/h até 30 metros impressionou muitos dos profissionais que paravam para conhecer a solução da marca.
Já no segmento industrial, o novo Chiller Aqua-Z Evo reforça a aposta em refrigerantes com menor impacto ambiental, enquanto no setor dos data centers — que ganha relevância em toda a Europa — a Panasonic mostrou o primeiro fruto da colaboração com a Tecnair: um sistema de 21 kW concebido para ambientes críticos.
As novas séries iCORE/iCOOL, destinadas a aplicações de refrigeração avançada, e o pacote de Close Control que combina a Série P e os sistemas PACi, completam um portefólio pensado para necessidades muito específicas e exigentes.
A marca revelou ainda uma nova unidade com CO₂, sublinhando uma vez mais o compromisso com refrigerantes naturais.
Foi um dos momentos que melhor sintetizou o espírito da presença da Panasonic na C&R: tecnologia, sim — mas sempre ligada às pessoas, ao serviço e à sustentabilidade.
Pilsen, o coração europeu das bombas de calor
As inovações deste ano no setor doméstico (aerotérmico) não podem ser entendidas sem o impulso dado pela nova fábrica da Panasonic em Pilsen (República Checa), um complexo de 140.000 m² dedicado exclusivamente à produção de bombas de calor para o mercado europeu.
Inaugurada em agosto passado após um investimento de 320 milhões de euros, a fábrica simboliza o compromisso da Panasonic com a reindustrialização sustentável da Europa e a sua liderança na eletrificação do sector do ar condicionado.
A fábrica combina a precisão robótica com a experiência de mais de 700 trabalhadores, e foi concebida para atingir uma capacidade de produção de 1,4 milhões de unidades por ano até 2030, com a possibilidade de expansão para 3,000 funcionários.
Em Pilsen, a Panasonic integra todas as fases do processo: desde o fabrico de evaporadores e placas eletrónicas (PCB) até à montagem e controlo de qualidade, com verificações em três fases: protótipo, pré-produção e produção em série, garantindo o cumprimento dos mais elevados padrões.
Além disso, a partir deste centro funciona a nova Central IoT Monitoring, um serviço ligado a milhares de dispositivos em toda a Europa que analisa preventivamente o seu funcionamento para antecipar incidentes, gerir medidas corretivas com serviços técnicos locais e otimizar o seu desempenho
A Panasonic apresentou várias novidades relevantes para o setor. Que antecipações podem ser feitas já para 2026?
O próximo ano será um ano marcado pela consolidação das soluções de descarbonização e pela evolução tecnológica dos equipamentos. A Panasonic tem investido de forma muito consistente — cerca de 6% dos resultados líquidos são aplicados em investigação e desenvolvimento — o que nos permite trazer ao mercado soluções mais eficientes, mais completas e perfeitamente adaptadas às necessidades europeias.
Fala-se muito de formação. Qual é hoje o grande desafio em Portugal e na Europa, e como está a Panasonic a responder?
O problema é transversal à Europa: faltam recursos humanos qualificados. E os poucos que existem não têm tempo para se formar, porque estão sobrecarregados com projetos. A Panasonic tem mais de 40 centros de formação na Europa e abriu recentemente um Centro de Excelência interno, que nos permite testar soluções antes de formarmos clientes.
Mas temos um duplo desafio: não há técnicos suficientes; e os que entram no mercado muitas vezes não trazem base técnica devido à falta de escolas profissionais e à crescente preferência por cursos superiores.
Por isso, estamos a reestruturar toda a estratégia de formação, avaliando futuros centros em zonas estratégicas — por exemplo, Lisboa — mas sempre ponderando a volatilidade tecnológica: um showroom pode tornar-se obsoleto em poucos anos.
A meta europeia para 2030 está a mudar o setor. Como está a Panasonic a posicionar-se?
A Panasonic leva a descarbonização muito a sério. É, aliás, um dos pilares da empresa. Estamos focados em soluções altamente eficientes, como as bombas de calor A2W e sistemas com GWP muito reduzido, que utilizam gases naturais com emissões quase nulas.
Em menos de oito anos, Portugal atingiu dois dígitos de crescimento neste segmento. Acreditamos que, dentro de dois anos, a climatização e a refrigeração serão áreas absolutamente dominantes para cumprir as metas 2030.
O grande entrave não é tecnológico — é infraestrutural. A eletrificação da sociedade avança mais rápido do que a capacidade das redes. As infraestruturas precisam de acompanhar o ritmo.
Em que áreas têm sentido maior impacto?
Na saúde, hotelaria e retalho. São setores onde o conforto, o ruído, a segurança e a eficiência energética são críticos.
Recentemente realizámos projetos como:
A Panasonic apresentou várias tecnologias muito avançadas. O investimento em inovação continua a crescer?
Sem dúvida. A Panasonic é uma das empresas com mais patentes registadas a nível mundial. A evolução dos edifícios — cada vez mais estanques — exige soluções de ventilação e purificação do ar que garantam saúde e conforto. Desenvolvemos tecnologias para qualidade do ar interior, como demonstrações práticas de purificação em cabines, e estamos constantemente a testar novas soluções no nosso Centro de Excelência.
Há também um grande foco no pós-venda e na manutenção.
Sim. O consumidor final quer respostas rápidas, quer saber quanto gasta e que retorno tem. Estamos a reforçar o serviço técnico e a criar uma estrutura que permita maior proximidade com o cliente. Formar técnicos é essencial, mas também estamos a preparar equipas Panasonic para assegurar níveis de serviço compatíveis com a confiança que a marca oferece.
Há perspetivas de reforço industrial em Portugal?
Portugal tem excelentes profissionais, mas ainda não há condições industriais para receber uma fábrica Panasonic. O investimento tem acontecido sobretudo em Itália, França e República Checa. No entanto, a nova política europeia — que pretende reduzir a dependência da China para conseguir produções com 40% a 50% de origem europeia — poderá acelerar novos investimentos.
A realidade é que a empresa cresceu exponencialmente: quando entrei, éramos 280 pessoas; hoje, somos mais de 1.200 só nesta divisão. Continuamos a investir onde faz sentido, sempre guiados pelas necessidades reais do mercado.
Para mais informações, visite o website da Panasonic
www.oinstalador.com
O Instalador - Informação profissional do setor das instalações em Portugal