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Opinião

Contimetra | Sistemas de gestão de edifícios e novas Diretivas da UE (parte 1)

José Luis Damián de Las Heras, Country Manager, Global Products Control, Espanha & Portugal , da Johnson Controls

23/10/2025

Artigo adaptado pelo Grupo Contimetra/Sistimetra a partir do original “Building Management Systems and New EU Directives: A Johnson Controls Perspective” da autoria de José Luis Damián de Las Heras.

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José Luis Damián de Las Heras, Country Manager, Global Products Control, Espanha & Portugal, da Johnson Controls
José Luis Damián de Las Heras, Country Manager, Global Products Control, Espanha & Portugal, da Johnson Controls
Na Europa, os edifícios estão a passar por uma transformação crucial com a introdução de novas normas e diretivas destinadas a melhorar o desempenho energético e a sustentabilidade dos mesmos. No centro desta transformação estão os Sistemas de Automação e Controlo de Edifícios (SACE) – que os regulamentos mais recentes enfatizam fortemente. Neste artigo de opinião, examinamos os principais requisitos da norma EN ISO 52120-1 e a Diretiva de Desempenho Energético de Edifícios (Energy Perfomance of Buildings Directive - EPBD) atualizada, discutimos de que forma algumas soluções se alinham com essas ideias, descrevemos os benefícios e os desafios respeitantes à conformidade com a norma e partilhamos a nossa opinião sobre o futuro do SACE à luz destas mudanças.

EN ISO 52120-1: Elevar a fasquia no controlo inteligente de edifícios

Metasys 14.0.
Metasys 14.0.

Uma base importante para o novo cenário regulamentar é a EN ISO 52120-1:2022, a norma internacional que define como os sistemas SACE contribuem para a eficiência energética. Esta norma, que substitui a antiga EN 15232, estabelece um quadro comum para avaliar e classificar as capacidades do SACE e o seu impacto no desempenho energético de um edifício 1.

Uma característica fundamental desta norma é a definição de quatro classes de eficiência (A, B, C, D) para edifícios:

  • Classe D – Controlo não eficiente em termos energéticos (essencialmente automação nula ou mínima). Os edifícios desta classe são considerados ultrapassados e devem ser melhorados 1.
  • Classe C – Esta é uma linha de base de medidas de controlo comuns (por exemplo, programação básica de AVAC e iluminação).
  • Classe B – SACE avançado com algumas funções técnicas de gestão de edifícios. Isto implica estratégias de otimização AVAC com base em previsões meteorológicas ou ligar vários sistemas entre si 1.
  • Classe A – SACE de alto desempenho com Gestão Técnica de Edifícios integrada. Este nível superior envolve um sistema totalmente integrado e inteligente, onde todos os serviços dos edifícios estão coordenados para a eficiência com recursos como a ventilação controlada com base na necessidade real, proteção à exposição solar automatizada e otimização energética global baseada em análise1.

O objetivo da EN ISO 52120-1:2022 é claro: foco na Classe A ou B para alcançar economias de energia significativas. A norma propõe métodos para calcular a melhoria energética que um conjunto de funções de controlo pode oferecer 1. Por exemplo, a norma quantifica os benefícios de ações como o ajuste automático da temperatura com base na ocupação.

Esta norma reforça o valor de um SACE robusto. A título de exemplo real, isso significa que um edifício que hoje tenha um sistema que permita a coordenação otimizada entre sistemas pode ser considerado e reconhecido como uma instalação de alta eficiência.

A EPBD revista: tornar obrigatórios os controlos inteligentes

A EPBD, reformulada em 28 de Maio de 2024, coloca uma forte ênfase na digitalização e nos controlos inteligentes como instrumentos para aumentar a eficiência energética. Os principais aspetos incluem:

  • Requisitos mais amplos do SACE: A EPBD aumenta drasticamente o número de edifícios abrangidos pela norma. Anteriormente, apenas sistemas de AVAC muito grandes (mais de 290 kW) instalados em edifícios não residenciais necessitariam de um SACE. Atualmente, o limite será reduzido para 70 kW de capacidade de aquecimento/arrefecimento1, e mesmo os edifícios residenciais novos e remodelados devem incluir determinadas funcionalidades de automação a partir de 20262
  • Qualidade do Ar Interior (QAI) e Conforto: Pela primeira vez a diretiva aborda este ponto. Os Estados-Membros devem estabelecer normas para um ar interior saudável e utilizar a automação dos edifícios para as manter2. Isto significa que os sensores de temperatura, CO2, humidade relativa, etc., e o controlo dinâmico da ventilação já não são apenas “extravagâncias” para edifícios verdes.
  • Smart Readiness Indicator (SRI): Introduzido pela EPBD, trata-se de uma classificação que avalia como um edifício utiliza tecnologias inteligentes para otimizar o seu desempenho. Até 2027, os grandes edifícios poderão ter de apresentar uma classificação SRI como referência da sua qualidade2. Ou seja, um edifício com um SRI mais elevado poderá ter um valor comercial mais alto, podendo ser visto como um incentivo para investir em soluções mais inteligentes.
  • Autorregulação e equilíbrio hidrónico: As novas regras exigem que os sistemas de aquecimento e arrefecimento sejam equipados com dispositivos de autorregulação para evitar ineficiências. Por exemplo, cada sala ou zona pode precisar de um controlo termostático que possa modular o caudal de água de forma independente. O balanço hidrónico dinâmico em cada unidade terminal deve ser assegurado2 tornando-se uma expectativa legal.
  • Automação em vez de inspeções: Tradicionalmente, os sistemas de climatização de edifícios devem ser inspecionados periodicamente no que se refere à eficiência. A EPBD reconhece agora que, se um edifício dispõe de um sistema SACE que disponha de monitorização contínua e deteção automatizada de falhas, pode efetivamente ser auto-inspecionado, desde que a automação notifique os operadores de qualquer quebra de desempenho 2.

Em suma, a revisão da EPBD determina que os edifícios se tornem inteligentes brevemente. Lembramos que até 2030, todos os novos edifícios devem ter “emissões zero” 2.

O texto de opinião continua na próxima edição.

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