Informação profissional do setor das instalações em Portugal
"Em números redondos vendemos em 2022, 17.5 milhões de euros e gostaríamos de chegar aos 18.5 milhões este ano"

Entrevista com João Ramos, diretor comercial e José Carlos Denis, diretor técnico da Disterm

Alexandra Costa20/10/2023

As metas definidas pela Comissão Europeia estão a transformar a indústria da climatização. Em conversa com a revista O Instalador João Ramos, diretor comercial e José Carlos Denis, diretor técnico da Disterm, referem que os objetivos definidos têm promovido a transição para o uso de sistemas de aquecimento e arrefecimento baseados em fontes de energia renovável, como a energia solar, energia geotérmica e a biomassa. O que obriga a empresa a apostar quer, na formação dos profissionais, quer a ter gama de produtos e soluções capazes de dar respostas de qualidade às solicitações mais atuais.

Da esquerda para a direita: João Ramos, diretor comercial e José Carlos Denis, diretor técnico da Disterm

Da esquerda para a direita: João Ramos, diretor comercial e José Carlos Denis, diretor técnico da Disterm 

Como tem sido a evolução do negócio nos últimos três anos?

A evolução do negócio nos últimos três anos foi surpreendentemente positiva no que diz respeito ao volume de vendas. Muito inflacionado pelo aumento de preços teve crescimentos anuais a ultrapassarem os 30%. Crescemos nos últimos três anos cerca de 76%.

Quais as áreas que se destacam atualmente?

Ar condicionado, bombas de calor para climatização e produção de AQS e energias renováveis, quer o solar térmico, quer o solar fotovoltaico, este último com particular destaque e crescimento.

De que forma as metas definidas pela Comissão Europeia, no que concerne à eficiência energética e diminuição da pegada de carbono, está a transformar a indústria da climatização?

Diria que de uma forma radical. A pandemia, a retenção das pessoas em casa e o teletrabalho, vieram por um ponto final quanto à discussão da necessidade de climatizar as habitações. Todas estas questões acabaram por despertar uma consciência generalizada para o recurso a sistemas de climatização mais eficientes, menos consumidores de energia por um lado e que utilizem energias mais limpas e menos poluentes por outro.

Além disso, as metas da Comissão Europeia, em conjunto com o PNEC 2030, que pretende que Portugal até lá emita entre -45% a -55% de CO² e utilize 47% de energias renováveis, têm promovido a transição para o uso de sistemas de aquecimento e arrefecimento baseados em fontes de energia renovável, como a energia solar, energia geotérmica e a biomassa. A indústria tem se vindo a adaptar e oferecendo cada vez mais opções de sistemas de climatização que utilizam essas fontes de energia limpa, reduzindo assim a dependência dos combustíveis fósseis.

Todas estas alterações e metas em relação à eficiência energética e à diminuição da pegada de carbono têm vindo a impulsionar transformações na indústria da climatização, que será progressiva e irreversível. Estas mudanças são fundamentais para enfrentar os desafios das alterações climáticas e promover uma indústria mais sustentável. Não fosse a lentidão das nossas entidades públicas poderíamos estar mais avançados, mas, à semelhança de tantas outras coisas, iremos a “reboque” e a um ritmo tradicionalmente mais lento que outros países europeus.

Preocupados com esta transição e em transmitir estas transformações aos nossos clientes realizamos, em maio, uma convenção com o Tema “CLIMATIZAÇÃO E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA” onde demos particular enfoque a todas estas questões e preocupações. Esta convenção foi um marco e assumiu uma grande importância para a transmissão de conhecimentos e de soluções mais eficientes, onde trouxemos como oradora principal Carolina do Carmo que é uma investigadora portuguesa nesta área, porque na nossa opinião, uma transformação consciente e equilibrada não acontece sem unirmos conhecimentos académicos e profissionais.

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Esta mudança está, também, a afetar o negócio da Disterm? Em que sentido?

Sim, profundamente. As soluções estão em constante mudança, o que obriga a um esforço extra para ter uma equipa de profissionais devidamente formados e uma gama de produtos e soluções capazes de dar respostas de qualidade às solicitações mais atuais.

Como é que as novas soluções de climatização podem ajudar na diminuição da pobreza energética dos edifícios? O que a Disterm está a fazer nesse sentido?

A energia consumida pelos sistemas de climatização, ventilação e produção de águas quentes sanitárias representa uma grande fatia da fatura mensal de energia a pagar, quer pelas famílias, quer pelas empresas que gerem o mais variados tipo de edifícios.

O nosso papel neste aspeto é muito importante, desde logo pelo correto dimensionamento dos sistemas de climatização que, quando bem dimensionados, diminuem os custos de aquisição, e instalação e utilização, face a outas soluções desajustadas ou inadequadas à correta utilização dos mesmos. Depois com a preocupação de ter na gama equipamentos com elevadas performance e eficiência, como é o caso das bombas de calor.

Outra melhoria significativa é a integração de energias renováveis. A utilização de fontes de energia renovável, como painéis solares fotovoltaicos ou sistemas de aquecimento solar, pode fornecer energia limpa e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Integrar essas soluções no sistema de climatização do edifício contribui para a diminuição da pobreza energética.

Qual a vossa visão sobre a situação portuguesa?

Vivemos tempos de grande instabilidade económica, não só em Portugal como a nível mundial.

O nosso sector em particular já teve piores dias. Penso que as preocupações que temos vindo a aqui a falar, bem como todo o caminho que temos para percorrer nestas matérias da eficiência energética e de descarbonização, deixa-nos numa posição mais confortável e não tão dependentes do mercado da construção civil como estivemos noutros tempos.

Quando se fala de climatização em Portugal quais os produtos mais solicitados?

O ar condicionado como solução mais económica simples e rápida de instalar para escritórios, apartamentos, habitações já construídas mesmo onde não existe qualquer tipo de pré-instalação.

Para moradias novas de construção de raiz, ou mesmo remodelações mais profundas, as bombas de calor com instalação de pavimentos radiantes, na grande maioria para aquecimento, mas também para arrefecimento e ainda com a produção de AQS integrada.

A ventilação mecânica com recuperação de calor, VMC está também cada vez mais presente.
O apoio à produção de energia através das energias renováveis, quer solar térmico quer o solar fotovoltaico.
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A Disterm representa algumas marcas no mercado nacional. Poderia falar um pouco sobre elas, explicando as suas diferenças e quais as apostas para este ano?

A Disterm mantém-se fiel aos seus princípios e dedica toda a sua atividade à representação de marcas, assentando o seu funcionamento numa base técnica e profissional, desenvolvendo todos os esforços no sentido de proporcionar aos seus clientes, instaladores AVAC, serviços de pré e pós venda da melhor qualidade e ao melhor nível possível.

Temos uma série de marcas que representamos em exclusividade em Portugal e marcas em que somos um mero distribuidor. Dedicamo-nos única e exclusivamente à climatização, produção de águas quentes sanitárias e, agora mais recentemente, às energias renováveis, com o solar térmico e fotovoltaico. Comercializamos desde os equipamentos aos acessórios necessários a este tipo de instalações.

Neste momento o nosso principal foco são as marcas THK Thinktech e a Nipon TechforComfort. Dois projetos muito bem-sucedidos, o primeiro presente no mercado desde 2008 e o segundo desde 2012.

A THK thinktech, como é sabido, dedica-se às energias renováveis, tendo uma ampla gama no solar térmico e fotovoltaico.

A Nipon disponibiliza uma ampla gama de ar condicionado, bombas de calor monobloco e split para climatização, bombas de calor para AQS, bombas de calor para piscinas, VMC e ventiloconvectores. O próximo ano será um ano de novidades na marca, pois vai arrancar com os sistemas de VRF em Portugal e vai lançar uma série de novos modelos gama residencial e comercial. Adivinha-se, por isso, um ano bastante ativo e interessante.

Quão importante é a formação na área da climatização? Considera que o mercado nacional e os técnicos portugueses acompanham as inovações a nível internacional ou ainda há algo a fazer?

A formação é essencial para o desenvolvimento de qualquer atividade. Quanto maior for o nível de formação maior será o rigor e profissionalismo com que se desenvolve a atividade de um sector.

No ramo da climatização é precisamente o mesmo. Muitos passos foram já dados nesse sentido, mas muitos mais há ainda para dar. Há que formar, certificar e fiscalizar. Isto traz alguma normalidade ao sector e fortes benefícios para o cliente final.

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O que levou a Disterm a criar um Centro de Formação?

O centro de formação tem para nós a maior importância. Desde logo pelo papel que tem na formação da nossa equipa. Depois pela formação dos nossos clientes. Um equipamento nunca terá um bom desempenho se não for devidamente instalado e assistido durante a sua vida útil. São esses conhecimentos que tentamos partilhar no nosso centro de formação.
É também nele que partilhamos as nossas convicções sobre as soluções que em cada momento achamos mais ajustadas para o contexto do sector.

Qual foi a vossa faturação em 2022 e qual a vossa previsão de para este ano?

Em números redondos vendemos em 2022, 17.5 milhões de euros e gostaríamos de chegar aos 18.5 milhões este ano.

Preveem apresentar novidades este ano? Em que área?

Vivemos tempos em que as novidades estão sempre a surgir. Apresentamos já este ano na Nipon, uma nova gama de bombas de calor para piscina e uma vasta gama de VMC, ventiladores com recuperação de calor, bem como as respetivas condutas e grelhas de ventilação.
Na THK Thinktech iniciamos este ano a comercialização de soluções de carregamento de veículos elétricos, e temos algumas novidades em análise e teste, algumas das quais ainda pretendemos lançar este ano.
Talvez a novidade mais desejada seja o lançamento dos sistemas de ar condicionado VRF, mas seguramente só terá início no próximo ano.

Empresas ou entidades relacionadas

Disterm - Distribuição de Equipamentos de Climatização, S.A

www.oinstalador.com

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