BI296 - O Instalador

82 RENOVÁVEIS | HIDROGÉNIO Assim, e com olhos postos no futuro, o Governo português decidiu, e bem, posi- cionar-se desde cedo a nível europeu e definir uma estratégia para promoção e crescimento deste setor, comgrande potencial para crescimento no país. A estratégia prevê uma representatividade do hidrogénio verde no consumo final de energia de 5 %, uma incorporação de 10-15 % nas redes de gás natural e uma capacidade instalada de eletro- lisadores entre 2 a2,5 GW, até 2030. Esta aposta constitui um enorme benefício, não só ao nível ambiental, conduzindo a uma poupança de cerca de 6-8 MtCO 2 , mas também ao nível socioeconómico. De facto, estima-se que a implementação desta estratégia possa gerar 8 000-12 000 novos empre- gos, para além de reduzir a balança comercial importadora do país, atra- vés de um significativo decréscimo ao nível das importações de gás natural. Se queremos tornar reais estes benefí- cios, se queremos transformar Portugal num país altamente competitivo e não perder o comboio tecnológico, e ao mesmo tempo cumprir com a palavra dada, é agora o momento de atuar e de criar um quadro político e regulatório adequado que crie a necessária segurança e visibilidade para captar capital e reduzir o risco de investimento e financiamento. Neste campo, é importante que sejam criados mecanismos de estabilidade de mercado, dos quais se destacam dois exemplos já analisados ao nível europeu. Em primeiro lugar, e com enorme enfoque ao nível da política e estratégia europeia, estão os 'Carbon Contracts-for-Differences' ou CCfDs, através dos quais é paga a diferença entre o preçomédio do CELE e o preço de fecho do leilão, garantindo assim um preço garantido de carbono para o projeto. Existem, contudo, outras soluções que devem ser ponderadas, como os CfDs para o hidrogénio, que estão a ser analisados no Reino Unido, e funcionam de forma semelhante a um CfD para eletricidade renovável, remunerando os produtores de hidro- génio a um preço fixo por unidade gerada, usando como preço de refe- rência, o preço do gás natural. Considera-se fundamental que estas soluções, e outras, sejamponderadas e estudadas, a fimde implementar a que melhor se adeque aos desígnios de des- carbonização. Independentemente da via que se opte por seguir neste campo, sublinha-se que existem ainda muitos pontos e temas por debater e alinhar ao nível europeu, nomeadamente, no que se refere às garantias de origem (GOs) para os gases renováveis, não só no que respeita à contabilização da parcela renovável quando existe consumo da rede, mas também na necessidade de seremcompatíveis com a com revisão da REDII em termos do que venha a ser proposto para a defi- nição de hidrogénio e com revisão da norma europeia CEN- EN 16325 para desenvolver umsistema de GOs preciso e confiável, que inclua o hidrogénio. Por outro lado, existe ainda a revisão ao nível europeu de regulação, que terá um impacto direto na implemen- tação de tecnologias de hidrogénio renovável. Neste campo, destacamos a Taxonomia da UE, a revisão do CELE e das Orientações relativas a auxílios esta- tais à proteção ambiental e à energia.

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