BI296 - O Instalador

81 RENOVÁVEIS | HIDROGÉNIO De facto, espera-se que a eletricidade renovável descarbonize grande parte dos consumos energéticos da UE até 2050, mas não todos. O hidrogénio renovável constitui uma solução para preencher parte dessa lacuna, podendo ser usado para armazenamento sazonal de eletricidade renovável, ou enquanto matéria-prima ou combustível, com aplicação no setor da indústria e da mobilidade e em segmentos indus- triais que requerem processos de alta temperatura e/ou requeiram chama proveniente de combustão com elevada densidade energética. Para além disso, esta solução consti- tui uma via para o reaproveitamento ou reutilização de grande parte da infraestrutura de gás natural existente e hoje subaproveitada. Dado o papel fundamental que o hidrogénio pode representar para a des- carbonização da economia, a Comissão Europeia apresentou recentemente, a par com outros Estados-membros, incluindo Portugal, a Estratégia do Hidrogénio para uma Europa com Impacto Neutro no Clima. Esta define que a participação do hidrogénio na matriz energética da Europa deverá crescer de menos de 2% para 13-14% até 2050. Tem ainda como prioridade a promoção do hidrogénio renovável, maioritariamente oriundo de eletrici- dade gerada a partir de centrais eólicas e solares, uma vez que esta constitui a via mais compatível com a estratégia europeia de longo-prazo para a neutra- lidade climática. Nesse âmbito, aponta especificamente para uma meta de capacidade instalada de eletrolisado- res de 40 GW até 2030, para tal, a UE assume que é necessária uma agenda forte captação de investimento privado e que explore sinergias e assegure a coerência do apoio público entre os diferentes fundos da UE e o financia- mento do BEI, aproveitando o efeito de alavanca para atingir mais rapida- mente a um crescente aumento de eficiência comas respetivas economias de escala das tecnologias de eletroli- sação já hoje disponíveis. Hoje, nemo hidrogénio renovável nem o hidrogénio hipocarbónico (combaixo teor de carbono) são competitivos em termos de puro custo de produção em relação ao hidrogénio fóssil, compuros custos de produção estimados em cerca de 1,5 €/kg para a UE, enquanto os custos para o hidrogénio renová- vel estão na gama dos 2,5-5,5 €/kg 1 , sendo que teremos de incorporar as externalidades negativas no cálculo do custo do hidrogénio fóssil no curto prazo para se poderem comparar. Há que mencionar que o hidrogénio fóssil é altamente dependente da volatili- dade dos mercados de commodities de gás natural e carbono, este último comuma forte tendência de aumento de preço, à medida que são impostas mais restrições à emissão e comercia- lização de licenças de emissão de CO 2 no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), tendo registado, em fevereiro, um preço médio de 37,89 €/tCO2, 57 % acima do preço médio registado em fevereiro de 2020. Por outro lado, verifica-se uma redu- ção significativa dos custos produção para a solução renovável, nomeada- mente, os custos de investimento e financiamento do eletrolisador já foram reduzidos em 60% nos últimos dez anos e devem cair pela metade em 2030 em comparação com os dias de hoje. Para além disso, outros fato- res podem ser cruciais à redução do custo da conversão de hidrogénio via eletrólise. Destaca-se também o aproveitamento de subprodutos do processo, como o oxigénio, que pode ser vendido para várias utilizações e setores, como por exemplo, no setor da saúde. Há ainda que considerar os custos associados ao transporte do hidrogénio, que totalizam hoje cerca de 0,15-0,25 €/kg por 1000 km para nova infraestrutura dedicada 2 , fator que favorece, sempre que possível a produção local, contribuindo sig- nificativamente para a redução dos custos de produção de hidrogénio. Sabe-se ainda que mais de 50% do custo operacional de produção de hidrogénio está associado à eletrici- dade necessária para o gerar, o que torna esta solução especialmente interessante em regiões onde a ele- tricidade tembaixos custos de geração – próximos dos 20 €/MWh. E é aqui (e não só) que Portugal se destaca. Portugal, para além de usufruir de uma localização geográfica privile- giada, competência no setor industrial e excelência dos recursos humanos na área da engenharia, demonstrou já uma vantagemcompetitiva ao nível da produção de eletricidade renovável a baixo custo, sendo disso exemplo os dois leilões de solar de 2019 e 2020. Por outro lado, é um dos países da Europa commaior incorporação renovável no mix elétrico, sabendo-se que emperío- dos de elevada penetração renovável o preço de mercado diminui substan- cialmente. Estas razões conduzem a que Portugal apresente condições muito favoráveis e competitivas para a produção de hidrogénio verde. Sabe-se que mais de 50% do custo operacional de produção de hidrogénio está associado à eletricidade necessária para o gerar, o que torna esta solução especialmente interessante em regiões onde a eletricidade tem baixos custos de geração – próximos dos 20 €/MWh. E é aqui (e não só) que Portugal se destaca

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