54 DOSSIER UTAS Respirar melhor começa dentro de portas: um pacto global que quer mudar o ar que respiramos Durante anos, falou-se sobre energia, sobre conforto térmico, sobre eficiência. Mas há um tema silencioso, quase invisível, que começa a ganhar o destaque que merece: a qualidade do ar que respiramos nos espaços interiores. No passado dia 23 de setembro, a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi o palco do lançamento do Pacto Global pela Qualidade do Ar Interior (QAI) — uma iniciativa que reúne líderes políticos, investigadores, especialistas do setor e organizações internacionais, entre as quais a REHVA e a EVIA. Joana Peres O encontro marcou um momento simbólico. Depois de a ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) terem reconhecido, em 2022, o ar limpo como um direito humano fundamental, este novo pacto vem sublinhar um ponto essencial: passamos cerca de 90% do nosso tempo em espaços fechados, e a qualidade do ar que respiramos nesses locais é determinante para a nossa saúde, bem-estar e produtividade. Respirar ar limpo dentro de portas não deve ser encarado como um privilégio — é uma condição básica de saúde pública. A má qualidade do ar interior está associada a doenças respiratórias, fadiga, dificuldades de concentração e até à propagação de vírus e bactérias. É precisamente neste contexto que o pacto global ganha relevância: propõe uma ação concertada para garantir ambientes interiores mais saudáveis e sustentáveis. O documento apela à união entre governos, universidades, empresas e comunidades para implementar políticas e práticas que promovam a ventilação eficaz, a monitorização da qualidade do ar e a redução de poluentes interiores. Entre as prioridades, destacam-se a preparação para futuras pandemias, a resiliência às alterações climáticas e a proteção das populações mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças crónicas. Para o setor AVAC, este movimento representa uma mudança de paradigma. As Unidades de Tratamento de Ar (UTAs) deixam de ser apenas equipamentos técnicos para climatizar espaços — passam a ser parte integrante de uma nova visão sobre o ambiente interior. O foco desloca- -se do simples conforto térmico para a criação de ecossistemas saudáveis, onde o ar é filtrado, renovado e controlado com rigor e inteligência. Mais do que um compromisso institucional, o Pacto Global pela Qualidade do Ar Interior é um ponto de viragem
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