BI342 - O Instalador

35 DOSSIER TENDÊNCIAS AVAC A eficiência energética mantém-se como a prioridade número um. A pressão exercida pelo aumento dos preços dos combustíveis fósseis, aliada às metas de descarbonização definidas pela União Europeia, requer equipamentos cada vez mais eficientes enquanto acelera a eletrificação dos consumos. Neste cenário, as bombas de calor assumem um papel central devido ao seu elevado desempenho dentro do universo dos equipamentos elétricos. Estes sistemas permitem reduzir de forma significativa o consumo de energia e oferecem uma grande versatilidade, uma vez que podem ser utilizados para aquecimento, arrefecimento ambiente e produção de águas quentes sanitárias. Para dar resposta a esta procura crescente, os fabricantes têm investido de forma consistente no desenvolvimento de bombas de calor com COP1 cada vez mais elevados e em sistemas modulares, capazes de se integrarem, não só nas infraestruturas e equipamentos existentes, mas também em combinação com outras tecnologias de aproveitamento de energias renováveis, como o solar térmico e o fotovoltaico. A sustentabilidade ambiental continua a ganhar relevância, o que é notório não apenas na procura pela eficiência dos equipamentos AVAC, mas também na transição para refrigerantes mais ecológicos. A regulamentação europeia tem vindo a restringir o uso de gases fluorados com elevado impacto climático, incentivando a adoção de alternativas de baixo potencial de aquecimento global (GWP). Entre estas, destacam-se soluções como o dióxido de carbono (CO2), a amónia (NH3) e os hidrocarbonetos (como o propano – R290), que ganham cada vez mais espaço no mercado, por aliarem menor impacto ambiental a um desempenho técnico fiável. A qualidade do ar interior também conquistou maior destaque nos últimos anos, em grande parte devido à pandemia. A crescente preocupação com a saúde e o bem-estar nos espaços interiores tem levado à implementação de sistemas de ventilação mecânica controlada com recuperação de calor, tanto em novos edifícios como em reabilitações. Estes permitem renovar o ar sem perdas térmicas relevantes e podem integrar mecanismos de filtragem e purificação, eliminando partículas, alérgenos, odores, vírus e bactérias. Embora já sejam utilizados há algum tempo em edifícios com elevada ocupação, como hospitais, escolas ou escritórios, a sua instalação no setor doméstico é recente e cada vez uma prática mais comum. Contudo, a tendência mais disruptiva verifica-se na área do controlo e da automação inteligente. Já é possível gerir remotamente sistemas completos de climatização através de aplicações móveis, ajustando a temperatura, ventilação e horários de funcionamento em diferentes zonas do edifício e com elevada precisão. Mas, mais do que o simples controlo por parte do utilizador, a tendência atual aponta para equipamentos capazes de aprender e adaptarem-se autonomamente às condições climáticas exteriores, aos padrões de utilização e até às flutuações do preço da energia. A evolução da Inteligência Artificial promete acelerar esta transformação, tornando o conceito de edifício inteligente numa realidade concreta, onde todos os sistemas (climatização, iluminação, estores, veículos elétricos, fotovoltaico, entre outros) funcionam de forma integrada, eficiente, otimizada e com pouca (ou nenhuma) intervenção humana. Apesar de todo o potencial, estas tendências parecem, à primeira vista, pensadas sobretudo para edifícios novos, grandes projetos ou utilizadores mais entusiastas da tecnologia. “Talvez o maior desafio do AVAC na próxima década não seja apenas desenvolver sistemas mais inteligentes, mas sim criar um equilíbrio entre inovação, literacia e acessibilidade”

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