ENTREVISTA 31 A Inteligência Artificial (IA), por outro lado, é diferente. Honestamente, ainda não entrámos nesta área, até porque, para já, não sentimos essa necessidade. No que diz respeito à sua incorporação nos equipamentos, ela já existe, mas ainda apenas para o mercado japonês. Julgo que poderão ser introduzidos no mercado Europeu nos próximos dois anos. Quanto à utilização da IA nos serviços técnicos, acredito que a maioria dos nossos clientes prefira interagir com técnicos humanos. O técnico português gosta de dialogar com os seus pares: colocar questões, partilhar experiências, discutir situações e aprender com os colegas. Considero que, em algumas áreas, a IA não substitui o ser humano. Claro está que o futuro passará, cada vez mais, pela integração desta tecnologia, e estamos, obviamente, atentos a todas as oportunidades que ela poderá trazer. A falta de mão de obra qualificada é um dos principais entraves à transição energética. De que forma a Lumelco está a investir na formação contínua, certificação e apoio técnico ao instalador, que é a base do ecossistema AVAC? A Lumelco Portugal não é, nem pretende ser, uma entidade formadora, nem possui as licenças necessárias para credenciar pessoas. O que fazemos, de forma consistente, é promover a formação junto dos nossos clientes, indicando entidades certificadas para credenciação e incentivando o associativismo, que consideramos essencial para a compreensão e resolução dos problemas que surgem no setor. Paralelamente, organizamos tardes técnicas para partilhar conhecimentos sobre os nossos equipamentos, uma iniciativa que acreditamos ser bem- -sucedida e que, no final, acrescenta valor aos técnicos e ao mercado onde atuam. Reconhecemos, contudo, que a nossa área — tal como muitas outras — sofre de falta de mão de obra, seja ela especializada ou não. Trata-se de um problema transversal que nos preocupa enquanto player, mas que não está inteiramente nas nossas mãos para resolver, e, na minha opinião, não terá solução a médio prazo. Este é, naturalmente, um entrave à transição energética, assim como constitui uma limitação ao desenvolvimento e evolução das nossas empresas. Num mercado em que tempo e eficiência operacional são cruciais, a logística e o suporte técnico tornaram- -se verdadeiros fatores de competitividade. Como é que a Lumelco garante proximidade, rapidez e consistência no serviço ao cliente em Portugal? Uma excelente pergunta, embora receie que a minha resposta não vá agradar nem às empresas de transporte, nem às de logística. Na verdade, esta é a área da empresa que mais dores de cabeça me dá. É verdade! Infelizmente, e de uma forma geral, estas empresas trabalham de forma deficiente — e que me desculpem os seus responsáveis, mas é a minha opinião. Ao longo dos anos, já trabalhei com muitas e nenhuma cumpre integralmente o que é acordado. Hoje em dia, as grandes empresas externalizam toda a sua logística e transportes, o que transforma o processo num negócio despersonalizado, sem verdadeiro interesse pela qualidade do serviço prestado. Publicitam um serviço de excelência, mas, na prática, raramente o concretizam. O resultado? Clientes insatisfeitos, equipas sob stress, e uma sensação constante de impotência, porque, por mais e-mails que se enviem, por mais tentativas de pressão que se façam, nada parece mover estas empresas. As mercadorias são entregues quando e como lhes convém, e isso é frustrante. A falta de profissionalismo neste setor é, de facto, preocupante. Já o suporte técnico é totalmente diferente. É algo que controlamos internamente — e que funciona. Temos uma regra muito clara: o cliente final deve ser contactado nas 24 horas seguintes à receção do pedido de assistência. Salvo nas situações em que há demora na chegada de peças necessárias à reparação, o serviço técnico é, em regra, executado e concluído no máximo em duas semanas. E estamos a trabalhar para reduzir esse prazo para uma semana, um objetivo definido para 2026, que acreditamos ser perfeitamente alcançável. Os nossos clientes, quando compram um equipamento Mitsubishi Heavy Industries, não compram apenas um produto — compram também um serviço, e esse serviço tem de ser bom. O cliente profissional mudou: é mais digital, mais informado e mais exigente. Como é que a empresa tem ajustado a sua abordagem comercial e técnica a este novo perfil de parceiro, que valoriza dados, transparência e pós-venda? De uma forma muito natural. É verdade que o cliente profissional pode ter mudado um pouco, embora, na minha opinião, não tanto quanto por vezes se pensa — mas é apenas a minha perceção, claro. Quando iniciámos a digitalização de alguns processos na empresa, tivemos precisamente isso em conta. Hoje temos clientes mais jovens, quadros técnicos mais preparados para o digital e mais abertos à mudança, e isso impulsionou-nos também a adaptar a forma como desenvolvemos e disponibilizamos as nossas ferramentas comerciais.
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