BI342 - O Instalador

ENTREVISTA 30 deixem de olhar apenas para o preço no momento de apresentar um orçamento. Não podemos ter instalações apressadas porque se cortou no orçamento. É necessário apresentar orçamentos realistas, mas com bom senso. Com a utilização destes novos fluidos, não podemos cortar na segurança. Sempre que se reduzem custos de forma excessiva, há algo que acaba por ficar por fazer — e as consequências podem ser, de facto, muito graves. As bombas de calor tornaram-se um dos pilares da descarbonização dos edifícios. Portugal está preparado — em termos técnicos, formativos e culturais — para acompanhar a velocidade de implementação que a Europa exige? É verdade que, neste momento, a moda são as bombas de calor, e é precisamente neste segmento de produto que assistimos à introdução dos novos fluidos com baixo GWP, nomeadamente o R290. Naturalmente, isto acontece porque estes equipamentos são, na sua maioria, de construção monobloco e destinados à instalação no exterior. Portugal, felizmente, está relativamente bem preparado para este desafio. Dispomos de excelentes profissionais, bons planos formativos e uma oferta sólida por parte das marcas. No entanto, é importante olhar também para montante: com a clara intenção da Europa em promover a transição energética para a eletricidade, o nosso país terá inevitavelmente de se preparar para um aumento exponencial do consumo de energia elétrica. Reconheço que muito tem sido feito neste campo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantirmos a segurança de que nada falhará. Ainda está fresca na memória de todos a ocorrência do apagão no passado mês de abril. É certo que já contamos com uma produção relevante de energia eólica e fotovoltaica, além dos contributos da produção hídrica e do gás natural. Mas num mundo que se prevê totalmente eletrificado, será isso suficiente? Afinal, estas fontes de energia dependem sempre de fatores ambientais — vento, sol e água. Do ponto de vista cultural, não antevejo grandes dificuldades: Portugal é hoje um mercado tecnologicamente maduro e recetivo à inovação. O principal desafio estará, sem dúvida, no preço dos equipamentos. A bomba de calor continua a representar um investimento elevado para a maioria das famílias portuguesas. No caso dos equipamentos destinados apenas à produção de AQS (Água Quente Sanitária), o investimento é mais acessível, mas quando falamos de soluções globais — que integram AQS e climatização —, a realidade é diferente. O investimento continua fora do alcance de grande parte das famílias. Por isso, é fundamental que o Governo, através das respetivas agências, promova e apoie esta transição, como já o fez no passado. Um bom exemplo foi a redução da taxa de IVA para 6% aplicada a este tipo de equipamentos, uma medida acertada que deveria ser novamente implementada. Só através de políticas deste género será possível alcançar uma transição energética completa e sustentável, baseada em fontes não fósseis e acessível a todos. A integração entre climatização, energia fotovoltaica e sistemas inteligentes de controlo já é uma realidade em vários mercados europeus. Que papel a Lumelco pretende assumir nesta convergência entre eficiência, eletrificação e automação? A Lumelco já tem um papel ativo neste contexto. Somos, de facto, um dos principais players no mercado, com equipamentos comprovadamente eficientes e uma gama totalmente preparada para receber instruções dos mais variados sistemas de gestão centralizada. Para além disso, conscientes de que esta convergência tecnológica nasce, essencialmente, na fase de projeto, colaboramos diariamente com gabinetes de engenharia e arquitetura para a integração das nossas soluções nos mais diversos projetos de AVAC. Estamos em constante contacto com a marca, transmitindo-lhe as necessidades e tendências do mercado, de forma a garantirmos que permanecemos tecnologicamente na linha da frente. A digitalização e a inteligência artificial estão a redefinir o setor. Já vemos soluções com manutenção preditiva, controlo remoto e gestão energética em tempo real. Que tipo de inovações deste género a Lumelco está a incorporar nos seus equipamentos ou serviços técnicos? Considero que se trata de duas áreas distintas, embora interligadas. Nos últimos anos, temos vindo a digitalizar muitos processos do dia a dia da empresa. Esta digitalização é essencial para o bom funcionamento da organização e para garantir respostas mais rápidas e eficientes. No nosso caso, a digitalização passa, essencialmente, por disponibilizar aos nossos clientes informações comerciais e técnicas de forma eletrónica, em vez de papel. Inclui também a digitalização dos processos contabilísticos e de faturação, pois acreditamos que, desta forma, acabamos por simplificar também o trabalho dos nossos clientes.

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