www.oinstalador.com 342 NOVEMBRO 2025 Preço €11 | Periodicidade - Mensal (10 edições/ano) A REVISTA DO SETOR DAS INSTALAÇÕES EM PORTUGAL
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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone +351 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Joana Peres Equipa Editorial Joana Peres, Paqui Sáez redacao_oinstalador@interempresas.net www.oinstalador.com Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 110 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 119963 Déposito Legal 10480/96 Distribuição total +8.300 envios. Distribuição digital a +7.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 342 – Novembro de 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.oinstalador.com/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação de O Instalador adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. Smart home and building solutions. Global. Secure. Connected. A EFICIÊNCIA TEM CLASSE ATUALIDADE 8 EDITORIAL 8 Redge - Soluções AVAC de próxima geração 18 APIRAC: 50 anos a impulsionar a eficiência e a inovação 20 Do metal do futuro ao motor da descarbonização 26 Entrevista com Francisco Mesquita, diretor comercial da Lumelco Portugal 28 Tendências AVAC e a realidade das famílias portuguesas 34 HAICE lança nova gama de Ventiloconvectores: o complemento ideal para a bomba de calor monobloco KATLA 38 Haier MRV com Refrigerante R32: s ustentabilidade e inovação na climatização em Portugal 40 Giatsu Inspira: a nova era da climatização profissional 42 SGT Midea | Bombas de calor com e sem ligação solar R290 44 GREE Marina: inovação em Multisplit + AQS 46 APIRAC insta o Governo à instalação obrigatória de tecnologias limpas, como a tecnologia de bombas de calor 48 Daikin - Mitos e verdades sobre o ar condicionado 50 Indústria nacional posiciona-se como referência europeia na aplicação do DPP 52 Respirar melhor começa dentro de portas: um pacto global que quer mudar o ar que respiramos 54 Trane lançou novas soluções para Data Centers: CRAH e Fan Wall Unit 56 Power Play EVO e Modulys Play EVO distinguidas com a classificação máxima para unidades de tratamento de ar 60 Soluções Midea para ambientes críticos: UTAs que garantem qualidade e segurança do ar 62 APIRAC | UTAs e a importância da normalização no contexto europeu 64 Rolear.ON aposta na automação de edifícios 66 Contimetra | Sistemas de gestão de edifícios e novas Diretivas da UE 68 A solução completa Geberit para a sanita 71 CTESI: a escolha inteligente para o instalador profissional 74 A importância da digitalização dos quadros elétricos nos setores industrial e terciário 76 Rolear Mais: distribuidor oficial BYD em Portugal 78 IPAC atribui ao CENTERM extensão da certificação para hidrocarbonetos 80 Europa a construir o futuro da água: Portugal em ação pela resiliência hídrica dos edifícios 82 Reequipamento in my backyard, sim! 85 Em segurança se solda, corta e molda metais… [12] 88
ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DAS INSTALAÇÕES PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt
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8 Panasonic apoia apelo da Associação Europeia de Bombas de Calor (EHPA) A Panasonic Heating & Cooling Solutions juntou-se ao apelo da EHPA para avançar no sentido de um quadro regulamentar estável e uma tributação energética mais equilibrada para impulsionar a adoção de bombas de calor na Europa. Enrique Vilamitjana, diretor-geral da Panasonic Heating & Cooling, afirmou: "Apreciamos muito o facto de a Panasonic ser reconhecida como uma das marcas líderes em bombas de calor. Este equipamento pode facilitar a independência energética da UE, especialmente no atual cenário geopolítico. Um ambiente político estável é essencial para acelerar a transição para a energia verde, e instamos os decisores políticos a manterem os objetivos climáticos para impulsionar ainda mais a descarbonização. Isto é vital para o planeta e para defender a solidez das tecnologias limpas contra as que utilizam combustíveis fósseis". Com uma forte presença no continente, a Panasonic reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento de soluções de aquecimento e refrigeração amigas do ambiente e com a promoção de políticas que incentivem a sua adoção em larga escala. A empresa sublinha que o reequilíbrio da tributação da energia e a manutenção de fortes ambições climáticas são passos fundamentais para garantir o futuro energético da Europa e alcançar os objetivos de descarbonização. Para mais informações, consulte o website: https://www.aircon.panasonic.eu/ EDITORIAL O setor atravessa um período de grandes transformações, marcado por novas diretivas europeias, metas ambiciosas de neutralidade carbónica e exigências cada vez mais rigorosas em matéria de desempenho energético. Eficiência, conforto e sustentabilidade deixaram de ser dimensões isoladas para se fundirem num propósito comum: conceber edifícios inteligentes, energeticamente otimizados e ambientalmente responsáveis. Esta edição, dedicada aos dossiers AVAC, UTAs e Instalações Sanitárias, mostra como a inovação tecnológica está a redefinir o desempenho dos sistemas que garantem conforto e saúde em todos os espaços. No AVAC, a tendência é inequívoca. As soluções são cada vez mais digitais, conectadas e adaptáveis. Ajustam consumos em tempo real, otimizam o desempenho e reduzem desperdícios. Os novos chillers, as bombas de calor e os sistemas de monitorização remota confirmam uma realidade: a inteligência energética é hoje um fator decisivo para a competitividade. Essa evolução tecnológica estende-se também às Unidades de Tratamento de Ar (UTAs), que ganham cada vez mais protagonismo. Deixaram de ser meros equipamentos mecânicos para se afirmarem como sistemas inteligentes de ventilação e gestão da qualidade do ar interior. A incorporação de sensores e controlo termodinâmico garante eficiência, bem-estar e um funcionamento silencioso e preciso — um equilíbrio essencial em edifícios públicos, hospitalares ou industriais, onde o conforto começa no ar que se respira. A mesma lógica de inovação e eficiência estende-se às instalações sanitárias, onde a sustentabilidade assume um papel central. A gestão inteligente da água tornou-se parte integrante do design técnico, refletindo uma nova abordagem à construção e à operação dos edifícios. Torneiras, válvulas e sistemas automáticos de controlo contribuem para a redução de consumos sem comprometer o conforto, reforçando o compromisso do setor com um futuro mais eficiente e responsável. Descarbonização, digitalização e gestão inteligente de recursos são os grandes eixos que orientam o futuro. O setor técnico tem um papel determinante nesta transição. Cabe-lhe acelerar o caminho para edifícios mais eficientes, saudáveis e resilientes. A engenharia e a tecnologia, juntas, estão a moldar o novo padrão do ambiente construído. Esta edição reflete esse compromisso: transformar técnica em valor, inovação em conforto e sustentabilidade em resultado. Eficiência, Conforto e Sustentabilidade em cada detalhe técnico
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10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.OINSTALADOR.COM • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER IEP lança 'Catálogo de Formação 2026' A nova edição apresenta mais de 90 ações formativas técnicas e especializadas, adaptadas às exigências e tendências dos mercados. O IEP – Instituto Electrotécnico Português acaba de lançar o seu 'Catálogo de Formação 2026', reforçando o compromisso com a valorização dos recursos humanos e a inovação técnica nas empresas portuguesas. Com mais de 40 anos de experiência e reconhecimento nacional e internacional, o IEP disponibiliza um programa de formação tecnológica especializada que abrange as seguintes áreas: Ambiente, Eletricidade e Energia, Segurança e Saúde do Trabalho, Qualidade, Telecomunicações, Ensaios Não Destrutivos, Soldadura e Proteção e Segurança Radiológica. O novo plano de formação contempla dois modelos principais: • Formação Interempresas, com ações calendarizadas abertas a profissionais de diferentes organizações; • Formação Intraempresas, com planos personalizados à medida das necessidades de cada empresa. Num contexto económico e tecnológico em rápida evolução, torna-se essencial que profissionais e empresas se dotem do conhecimento mais atual e de competências técnicas sólidas para responder aos novos desafios de competitividade, sustentabilidade e inovação. O Catálogo de Formação IEP 2026 foi concebido precisamente com esse propósito, reunindo as mais recentes tendências e exigências do mercado. Daikin lança relatório de sustentabilidade 2025 com destaque para visão ambiental A Daikin, líder mundial em aquecimento, arrefecimento, ventilação, purificação do ar e refrigeração, divulgou o seu Relatório de Sustentabilidade 2025. Este documento reforça o compromisso da empresa com a responsabilidade ambiental, inovação sustentável e o combate às alterações climáticas. O relatório destaca a 'Visão Ambiental 2050' e as metas climáticas com foco na descarbonização, desenvolvimento de tecnologias energeticamente eficientes e promoção da responsabilidade ambiental. A Daikin estabeleceu a meta de atingir zero emissões líquidas de gases com efeito estufa (GEE) ao longo de todo o ciclo de vida dos seus produtos e operações até 2050. Em agosto de 2025, essa meta foi aprovada pela Science Based Targets Initiative (SBTi), confirmando o seu alinhamento com critérios científicos que visam limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris. A Daikin estabeleceu ainda objetivos ambiciosos para 2030, incluindo uma redução de 50% nas emissões líquidas de GEE em comparação com os níveis de 2019 e a meta de operar todas as fábricas, em todo o mundo, com emissões líquidas zero até ao final desta década.
CABINET BOOSTER Soluções de Bombagem Compactas EBARA Grupos Hidropressores monofásicos compactos com duas bombas silenciosas e 2 variadores de frequência geridos por um controlo único no quadro para pequenas e médias necessidades. O CABINET BOOSTER apresenta-se como um sistema mais centralizado e compacto que os grupos hidropressores usuais. É adequado para montagem na parede, encastrado ou assente no solo. Indicado para o abastecimento de água doméstica, bombagem de água ou o aumento de pressão em geral, rega e pequenos sistemas de abastecimento de água industrial e, especialmente concebido para aplicação nos edifícios de habitação ou escritórios. www.ebara.pt
12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.OINSTALADOR.COM • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Campanha Publicitária Solius 2025 Com o objetivo de aumentar a consideração e a notoriedade da marca Solius, foi lançada uma ampla campanha publicitária em todo o território continental. Esta iniciativa visa consolidar a presença da Solius no mercado nacional, destacando-a como uma referência de confiança e inovação no setor da climatização. A campanha multimeios, que decorre de 1 de outubro a 31 de dezembro de 2025, combina rádio, plataformas digitais e formatos Out-of-Home, garantindo uma comunicação integrada e uma ampla visibilidade junto do público-alvo. Desta forma, a Solius apresenta ao mercado soluções residenciais de climatização mais eficiente e sustentável, contribuindo para o desenvolvimento do setor e valorizando o trabalho dos instaladores. A campanha reforça a confiança nos produtos da marca e cria novas oportunidades de negócio, posicionando a Solius como um parceiro estratégico para os profissionais da climatização. Foram colocados outdoors, nas principais estradas do país, incluindo nas autoestradas das zonas do Grande Porto e da Grande Lisboa, bem como nos acessos ao Aeroporto do Porto, e em Setúbal, Vila Real e Guarda. Em janeiro de 2026, estarão disponíveis 321 Mupis Digitais de vários formatos, nas cidades do Porto e de Lisboa, assegurando a continuidade da comunicação. Nas estações de rádio Comercial e M80, está no ar um spot de 20 segundos, no qual é apresentada a marca Solius de forma clara e cativante, transmitindo confiança e credibilidade. Paralelamente, foram lançadas campanhas digitais nas redes sociais Facebook e Instagram, bem como na rede Google, ampliando o alcance da marca e reforçando o contacto com um público mais amplo e diversificado. Esta campanha surge no contexto da integração da Solius no grupo internacional MBT Climate e representa uma nova era no crescimento e na projeção da marca no mercado nacional, posicionando-a como uma referência no setor da climatização. Aeroporto do Porto. A1, saída da 2ª circular, Prior Velho. Calçada de Carriche, saída de Lisboa.
O PROJETO HORIS É FINANCIADO PELO PROGRAMA LIFE, DA UNIÃO EUROPEIA, SOB O ACORDO DE SUBSÍDIO N.º 101120497. O CONTEÚDO DESTA PUBLICAÇÃO NÃO REPRESENTA NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA UNIÃO EUROPEIA OU DA AGÊNCIA DE EXECUÇÃO EUROPEIA DO CLIMA, DAS INFRAESTRUTURAS E DO AMBIENTE (CINEA). NENHUMA DESTAS ENTIDADES É RESPONSÁVEL PELA INFORMAÇÃO E PELA UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES PUBLICADAS. INSCREVA-SE NA REDE Mais de 18 mil proprietários já conhecem a plataforma Renovar Casa, com soluções para melhorar a eficiência energética das habitações. É profissional do setor e quer fazer parte desta rede? Inscreva-se gratuitamente para beneficiar das vantagens. JUNTE-SE À PLATAFORMA RENOVAR CASA > Pedidos de orçamento encaminhados diretamente pelos consumidores interessados, com relatório da intervenção a fazer. > Integração numa rede europeia qualificada de peritos. > Formação e-learning gratuita.
14 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.OINSTALADOR.COM • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Schneider Electric apresenta a edição 2025 do seu Catálogo Geral Interativo A Schneider Electric, líder global na transformação digital da gestão e automação da energia, apresenta a nova edição do seu Catálogo Geral Interativo 2025. Este recurso online está especialmente pensado para fornecer aos profissionais do setor informação essencial sobre todas as soluções e produtos da Schneider Electric de forma fácil, rápida e intuitiva. Com a eletrificação e digitalização como denominador comum, estas soluções destinam-se tanto ao setor residencial e terciário, como à indústria e infraestruturas de IT. O catálogo digital e interativo permite tomar e guardar notas e aceder a informação técnica valiosa para os profissionais. Para além disso, integra conteúdos técnicos que acrescentam ainda mais valor, bem como links para conteúdos adicionais, ferramentas e serviços relacionados com os produtos da Schneider Electric. O catálogo já está disponível online e pode ser acedido através deste link: https://flipbook.se.com/pt/pt/ESMKT01252J23/10-2025/ Nova campanha de esquentadores da Vulcano Até ao final de fevereiro, aproveite e receba 50 euros em cartão na compra de esquentadores mais eficientes. A marca portuguesa líder em soluções de água quente há mais de 45 anos, apresenta a sua nova campanha de esquentadores que oferece 50 euros em cartão pré-pago a quem adquirir esquentadores mais eficientes. Válida até ao dia 28 de fevereiro de 2026, tem como objetivo reforçar o papel da Vulcano em continuar a oferecer às famílias portuguesas um conforto diário e uma maior poupança energética. “Esta campanha reforça o nosso compromisso em disponibilizar equipamentos com benefícios para o conforto da casa dos portugueses, assim como para o ambiente. A transição energética é algo cada vez mais importante para o planeta e desta forma conseguimos oferecer um incentivo direto para que as famílias portuguesas possam proceder a esta transição”, afirma Nadi Batalha, coordenadora de marca da Vulcano. Saiba mais sobre esta campanha no website da Vulcano https://www.vulcano.pt/vulcano/ campanhas-de-comunicacao/ 2025-esquentadores/
16 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.OINSTALADOR.COM • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER 6.ª edição do programa Future Energy Leaders Portugal Encontram-se abertas, até 30 de novembro, as candidaturas para o Programa Future Energy Leaders Portugal (FELPT), uma iniciativa da Associação Portuguesa da Energia (APE), dirigida aos jovens profissionais do setor da energia. Promovido pela APE e baseado no programa internacional do World Energy Council o FELPT tem como missão inspirar e potenciar o talento dos jovens profissionais que contribuem para o desenvolvimento do setor energético em Portugal. Desde o lançamento da sua primeira edição, há cinco anos, o programa tem visto reconhecidos os seus méritos, oferecendo aos participantes uma plataforma única para a partilha de conhecimento, desenvolvimento de competências e networking a nível nacional e internacional. O FELPT distingue-se pela promoção de debates criativos e inovadores, que desafiam o pensamento tradicional e incentivam a procura de soluções sustentáveis e estratégias transformadoras para o futuro dos sistemas energéticos. Arfit Smart Talks debate o futuro dos Sistemas SACE e a eficiência energética dos edifícios Mais de uma centena de profissionais do setor AVAC marcaram presença nas sessões do Arfit Smart Talks – Sistemas SACE, promovidas pela Arfit nos dias 29 e 30 de outubro, no Porto e em Lisboa. O encontro focou-se na automatização e controlo técnico centralizado de edifícios (SACE), um tema cada vez mais decisivo para a eficiência energética e a gestão inteligente de infraestruturas. As duas sessões decorreram durante a tarde e combinaram momentos de partilha técnica, demonstrações práticas e dinâmicas de grupo, num ambiente de proximidade e troca de experiências entre profissionais e especialistas do setor. Automação e eficiência no centro da discussão O evento abriu com a intervenção de Mário Coelho, diretor comercial da Arfit, que apresentou a visão da empresa no contexto dos projetos SACE e sublinhou as perspetivas de crescimento nesta área, considerada estratégica para o futuro da climatização e controlo técnico de edifícios. Seguiram-se as apresentações de Helena Martins, gestora de clientes | Projetos SACE, e Ivo Pereira, engenheiro de Automação & GTC, ambos da Arfit. A dupla destacou a importância da automação centralizada na gestão eficiente de energia e na otimização de recursos técnicos, mostrando como as soluções de Controlo SACE permitem integrar climatização, iluminação e energia de forma coordenada e inteligente. Da teoria à prática Manuel Lachetta, Head of International Product Business na Bosch, apresentou exemplos práticos de aplicação de sistemas SACE. As suas demonstrações ajudaram a ilustrar o impacto real destas soluções na melhoria do desempenho energético e operacional dos edifícios. C M Y CM MY CY CMY K
Menos consumo, mais desempenho: climatização inteligente para edifícios modernos Rua da Urtigueira N26 – 4410-304 Canelas VNG f Tecnologia Avançada Máxima Conveniência Alta E�ciência Fácil Instalação Refrigerante R32
18 PÁGINA NET www.redgehvac.com Se está a projetar ou a renovar, descubra como a Redge pode oferecer a solução perfeita para o seu edifício. A Redge HVAC, antiga Lennox, é especialista em soluções completas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC) para o setor comercial e industrial. Com mais de seis décadas de experiência e uma forte presença internacional, a marca é sinónimo de eficiência, fiabilidade e inovação sustentável. O portefólio Redge cobre todas as necessidades de climatização — desde Rooftops e chillers a bombas de calor, sistemas VRF e unidades de tratamento de ar. A empresa aposta em tecnologias de baixo impacto ambiental, com refrigerantes de nova geração (R-32, propano, etc.) e total conformidade com as normas EcoDesign e F-Gas. Além de produtos de alta performance, a Redge disponibiliza serviços de apoio técnico e soluções de controlo e supervisão inteligente, garantindo conforto, eficiência energética e fiabilidade em cada instalação. Com um website intuitivo e disponível em várias línguas, a Redge coloca à disposição dos profissionais ferramentas de seleção, documentação técnica e suporte especializado, tornando cada projeto mais simples, rápido e sustentável. TRABALHE COM REDGE • Experiência sólida: A empresa afirma que tem mais de 60 anos de experiência em engenharia AVAC. • Cobertura internacional: Operam em mais de 46 países na Europa, Médio Oriente e África. • Soluções adaptadas e de alta performance: Buscam desenvolver sistemas robustos, com elevado desempenho energético, quer para edifícios novos, quer para reabilitação. • Compromisso com sustentabilidade e normas: A Redge destaca conformidade com a EcoDesign, com normas de gás fluorados (F-Gas) e mostra que está preparada para regulamentos futuros. • Inovação e flexibilidade: Exemplos de produtos de nova geração como rooftops modulares, bombas de calor com refrigerantes de baixo GWP (por exemplo R-32, propano) são destacados. • Oferta completa: Desde o equipamento principal (chillers, unidades rooftop, etc) até sistemas de controlo e supervisão, o portefólio cobre muitas necessidades no setor AVAC. • Facilidade de navegação e seleção: O site permite ver categorias de produto, aceder rapidamente a gamas específicas e encontrar “ver todos os produtos”. n Descubra todas as soluções em www.redgehvac.com/pt Redge HVAC – Engenharia e Sustentabilidade em perfeita sintonia
20 REPORTAGEM | APIRAC APIRAC: 50 ANOS A IMPULSIONAR A EFICIÊNCIA E A INOVAÇÃO Mais do que uma efeméride, o cinquentenário da APIRAC marca a maturidade de um setor que se tornou essencial para a eficiência energética, o conforto e a sustentabilidade dos edifícios em Portugal. Meio século depois, a associação continua a ser uma voz técnica e institucional de referência, capaz de unir empresas, profissionais e entidades públicas em torno de um objetivo comum: impulsionar a transição energética com rigor e inovação. Marta Clemente
21 REPORTAGEM | APIRAC Na noite de 25 de outubro, o Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, em Lisboa, foi palco de uma celebração histórica. A APIRAC – Associação Portuguesa das Empresas dos Sectores Térmico, Energético, Electrónico e do Ambiente – realizou um jantar concerto comemorativo que assinalou meio século de existência. Entre empresários, dirigentes associativos e representantes de entidades nacionais e internacionais, a atmosfera era de orgulho, emoção e reconhecimento por cinco décadas dedicadas à valorização e à modernização de um setor vital para o país. Fundada em 1975, a APIRAC representa o universo das empresas ligadas às instalações técnicas dos edifícios – desde a climatização e refrigeração à ventilação, sistemas de automatização e controlo e qualidade do ar interior em edifícios. A associação tem sido um agente ativo na normalização técnica, na certificação profissional e na promoção da eficiência energética, áreas em que Portugal tem vindo a ganhar peso no contexto europeu. O encontro, marcado por um ambiente de elegância e simbolismo, foi acompanhado por um momento musical protagonizado pelo pianista João Paulo Esteves da Silva e pelo cantor Ricardo Ribeiro, que deram à noite um tom de celebração e partilha. CINCO DÉCADAS DE ASSOCIATIVISMO E PROGRESSO Na sua intervenção, Nuno Roque, Diretor-geral da APIRAC, destacou o papel decisivo das empresas na construção da associação e na consolidação do setor técnico e energético em Portugal. Recordou que a APIRAC nasceu em 1975, “quando 40 empresas entenderam que era possível juntarem esforços e criarem um padrão que permitisse proceder junto do Governo para aquilo que eram as preocupações da atividade”. Passados cinquenta anos, esse movimento associativo cresceu e diversificou-se. “Hoje, a associação tem 550 empresas, 25 mil trabalhadores e representa 1% do PIB nacional”, sublinhou Nuno Roque, evidenciando o peso económico e tecnológico de uma área que se afirma como essencial para os desafios da descarbonização, da eficiência energética e da qualidade do ar interior. O dirigente salientou ainda a importância da colaboração internacional da APIRAC, que mantém uma presença ativa em três federações europeias: a AREA (Air Conditioning and Refrigeration European Association), a EHPA (European Heat Pump Association), e a EFCEM (European Federation of Catering Equipment Manufacturers). “Esta participação conjunta alimenta o nosso trabalho e ajuda-nos a preparar aquilo que são as evoluções do mercado e a sensibilização junto da tutela”, afirmou. UMA VOZ EUROPEIA COM RECONHECIMENTO INTERNACIONAL O peso da APIRAC a nível europeu foi também sublinhado pelos líderes das federações congéneres. Martin Ubl, presidente da EFCEM, expressou “grande respeito e orgulho” pela colaboração da associação portuguesa, reconhecendo o seu contributo para a defesa dos interesses do setor a nível europeu. Já Stepan Stojanov, Vice-presidente da AREA, destacou as semelhanças entre as duas organizações, definindo a APIRAC como “o elo de ligação entre produtores e consumidores”, e desejou “muitas décadas de sucesso e outros 50 anos de conquistas”. Também Patrick Crombez, Presidente da EHPA, agradeceu o convite e sublinhou a importância da APIRAC como parceira ativa no desenvolvimento da indústria europeia de climatização. UM SETOR ESSENCIAL PARA A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA Em nome do Governo, foi lida uma mensagem enviada pelo Secretário
22 REPORTAGEM | APIRAC de Estado Adjunto e da Energia, Jean Barroca, que não pôde estar presente, mas fez questão de reconhecer o contributo do setor para a economia e para os grandes objetivos nacionais. Num vídeo gravado especialmente para a ocasião, Jean Barroca sublinhou que “a descarbonização e a transição energética não se cumprem apenas com políticas ou planos estratégicos”, mas com “pessoas, equipas no terreno e empresas que investem e asseguram o funcionamento dos sistemas numa economia mais limpa e mais eficiente”. Secretário de Estado Adjunto e da Energia, Jean Barroca. Fernando Brito, Presidente da APIRAC há mais de três décadas.
23 REPORTAGEM | APIRAC “O instalador, o técnico de manutenção, o projetista, não são meros executores. São especialistas em conforto, segurança e eficiência", Fernando Brito, Presidente da APIRAC
24 REPORTAGEM | APIRAC A HISTÓRIA DA APIRAC É A HISTÓRIA DA MATURIDADE DE UM SETOR Em entrevista por ocasião do cinquentenário, Nuno Roque, Diretor-geral da APIRAC, afirma que o percurso da associação espelha meio século de evolução e capacidade de adaptação a novos contextos tecnológicos e regulatórios. O dirigente recorda que foram muitos os marcos que “alicerçaram a consolidação de uma capacidade e diferenciação tecnológica e empresarial” do setor, permitindo responder aos desafios da eficiência energética e da sustentabilidade. Destaca ainda que o setor vive “um novo paradigma”, em que a competitividade das empresas passa pela diferenciação do serviço, pela qualificação dos profissionais e pela inovação contínua. Nesse contexto, reforça o compromisso da associação em apoiar os seus associados “na transição para soluções mais ecológicas”, garantindo que a sustentabilidade e a eficiência continuam a ser prioridades. Ao abordar as transformações tecnológicas em curso, Nuno Roque salienta o papel das novas soluções de climatização, como as bombas de calor e os sistemas de gestão técnica de edifícios, bem como o uso de fluidos com menor impacto ambiental. Estas mudanças, afirma, “permitem que os sistemas funcionem utilizando energia limpa, resultando em emissões de carbono reduzidas e custos de funcionamento mais baixos”. Com orgulho pelo caminho percorrido, o Diretor-geral reconhece que “o posicionamento alcançado na sociedade portuguesa é mérito do empenho e dedicação de todos os Presidentes e suas Direções”, estendendo o agradecimento aos associados, técnicos e colaboradores que, ao longo de cinco décadas, ajudaram a consolidar a reputação e a relevância da APIRAC. Nuno Roque, Diretor-geral da APIRAC. O FUTURO FAZ-SE COM AS EMPRESAS Um dos momentos mais emotivos da noite foi a intervenção de Fernando Brito, Presidente da APIRAC há mais de três décadas, que começou por agradecer aos fundadores da associação, “que em 1975 tiveram a coragem de criar esta casa num período complexo da nossa história”. Reconheceu o trabalho de todas as direções e colaboradores que, ao longo de meio século, contribuíram para afirmar a APIRAC como uma referência técnica e institucional. Através do seu centro tecnológico e certificador, o CENTERM, a APIRAC tem contribuído para elevar o padrão técnico do setor, promovendo a qualificação contínua e assegurando que as empresas portuguesas acompanham as exigências europeias em matéria de eficiência e sustentabilidade. “Com cerca de 550 associados, uma situação económica estabilizada e sustentada, e um património sólido, a APIRAC atingiu um novo patamar e está preparada para o futuro”, afirmou Fernando Brito, destacando o papel central das empresas na transição climática e energética. Para Fernando Brito, o compromisso da associação passa pela valorização dos profissionais e pela formação contínua. “O instalador, o técnico de manutenção, o projetista, não são meros executores. São especialistas em conforto, segurança e eficiência, e devem ser reconhecidos como tal”, defendeu, reafirmando a aposta da APIRAC na certificação e qualificação técnica. O dirigente destacou, por fim, a importância da inovação e da digitalização dos processos, assim como a necessidade de atrair jovens talentos para o setor. “O nosso setor é tecnológico e tem futuro. O empenho não pode parar”, concluiu, antes de deixar um brinde simbólico: “Viva a APIRAC! Viva a todos vós!”. UMA NOITE DE CELEBRAÇÃO E VISÃO Entre aplausos e emoção, a celebração dos 50 anos da APIRAC foi mais do que um momento de memória: foi uma afirmação de continuidade. Meio século depois, a associação mantém- -se fiel à sua missão de representar e fortalecer o tecido empresarial ligado à climatização, refrigeração e eficiência energética. Sob o lema 'A mover energia para elevar o futuro', a APIRAC renova o seu compromisso de liderança num setor que está no centro das grandes transformações energéticas e ambientais do país. Ao celebrar o passado, a associação projeta o futuro com rigor técnico, inovação e pessoas qualificadas - uma combinação que continua a mover não apenas a APIRAC, mas todo o setor, rumo a um país mais eficiente e sustentável. n
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“Estamos aqui para celebrar um amor comum — o amor a um material que completa este ano 200 anos de história”, afirmou José Dias, presidente da APAL, sublinhando o contributo do setor para a economia circular e para a neutralidade carbónica. Diante de governantes, especialistas e líderes industriais, o responsável destacou o papel da APAL em promover um futuro sustentável para as empresas portuguesas. O secretário de Estado Adjunto e da Energia, Jean Barroca, reforçou a importância estratégica do alumínio na transição energética nacional, lembrando que este material é essencial nas estruturas fotovoltaicas, turbinas eólicas, carregadores elétricos e sistemas de armazenamento. “Mais do que um metal, o alumínio é um símbolo de inovação e esperança”, afirmou. DA DESCOBERTA À MODERNIDADE Isolado pela primeira vez em 1825 pelo cientista Hans Christian Ørsted, o alumínio evoluiu de curiosidade de laboratório para motor da modernidade industrial. Hoje, 75% do alumínio alguma vez produzido continua em uso — prova da sua durabilidade e circularidade. Durante o primeiro painel, moderado por Luís Ribeiro, especialistas do LNEC, da European Aluminium e da QUALICOAT recordaram como este metal transformou a arquitetura, a mobilidade e a indústria europeia. Armando Pinto, do LNEC, destacou que “sem o alumínio não teríamos uma arquitetura tão transparente e iluminada como a que temos hoje”. Já Bernard Gilmont alertou para a necessidade de uma regulação europeia “realista e adaptada às especificidades do setor”. ENTRE A AMBIÇÃO E O REALISMO O segundo painel abordou o impacto das políticas europeias de sustentabilidade e regulação ambiental. Paul Warton, presidente da European Aluminium, foi claro: “O mecanismo CBAM, tal como está, não protege a indústria europeia e ameaça a sua competitividade”. Defendeu, por isso, uma política de resíduos eficaz e o investimento em tecnologias limpas, como a fusão com hidrogénio verde. Aline Guerreiro, CEO do Portal da Construção Sustentável, reforçou o valor ambiental do alumínio: “É infinitamente reciclável, mantém as suas propriedades e a sua reciclagem consome apenas 5% da energia da produção primária”. A conferência da APAL deixou uma mensagem clara: o alumínio é o metal do futuro — essencial para a descarbonização, a eficiência energética e a sustentabilidade da indústria europeia.n Pode ler a reportagem completa no website da revista O Instalador: www.interempresas.net/a612797 26 REPORTAGEM | APAL DO METAL DO FUTURO AO MOTOR DA DESCARBONIZAÇÃO O setor do alumínio português reuniu-se na Fundação Champalimaud, em Lisboa, para celebrar dois séculos de um material que continua a moldar o mundo — e que hoje assume um papel central na transição energética e na construção sustentável. Organizada pela APAL – Associação Portuguesa do Alumínio, a conferência “200 Anos de Alumínio” mostrou como este metal “infinitamente reciclável” é hoje um motor da descarbonização e da competitividade industrial europeia. Gabriela Costa
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ENTREVISTA 28 FRANCISCO MESQUITA, DIRETOR COMERCIAL DA LUMELCO PORTUGAL A visão da Lumelco para o novo AVAC europeu Com mais de seis décadas de experiência acumulada e uma parceria histórica com a Mitsubishi Heavy Industries, a Lumelco afirma-se como um dos players mais sólidos e inovadores do setor AVAC. Em entrevista, Francisco Mesquita, diretor comercial da Lumelco Portugal, partilha a visão de uma empresa que alia a herança de confiança e fiabilidade a uma estratégia orientada para a transição energética, a digitalização e a formação técnica. Sustentabilidade, inovação e proximidade com o cliente são as palavras que melhor definem o presente — e o futuro — da Lumelco em Portugal. A Lumelco conta com mais de seis décadas de experiência no setor. Como é que essa herança de confiança e qualidade influencia a forma como a empresa atua hoje no mercado português, num contexto de mudança tão acelerada? Com muita serenidade e uma tomada de decisões bastante madura! Joana Peres Na verdade, estas seis décadas proporcionaram-nos uma valiosa bagagem. Ao longo de todo este tempo, a empresa foi-se transformando, atravessando períodos de bonança e de dificuldade, crises económicas globais, a pandemia — enfim, uma verdadeira panóplia de experiências, apenas ao alcance das empresas que conseguem manter-se ativas num mercado global durante tanto tempo. Tudo isto permitiu-nos retirar importantes aprendizagens que continuam a orientar o nosso caminho nos dias de hoje. Importa, contudo, ressalvar que estas seis décadas dizem respeito à nossa casa-mãe, em Espanha. Em Portugal, o projeto Lumelco nasceu em 2013, dando continuidade a outro projeto igualmente bem-sucedido: a Caupel. Desde 1982, a Caupel detinha a exclusividade de distribuição, no nosso país, dos equipamentos da Mitsubishi Heavy Industries, entre outras marcas. Com a decisão do seu proprietário, essa representação passou, em 2013, para as mãos da Lumelco Portugal. Também desta transição trouxemos valiosos ensinamentos. A integração com os métodos, dinâmicas e ferramentas da nossa casa-mãe em Espanha trouxe-nos uma nova vitalidade, que foi rapidamente assimilada pela nossa equipa e que, sem dúvida, nos conduziu ao estatuto que hoje ocupamos no mercado português.
ENTREVISTA 29 A fiabilidade e a tecnologia sempre estiveram presentes nos equipamentos da marca. Os produtos fabricados pela MHI são reconhecidos mundialmente pela sua qualidade, fiabilidade e resistência — e, naturalmente, também pelos profissionais portugueses que, todos os dias, instalam os nossos equipamentos. Temos empresas parceiras que já vão na segunda geração e que continuam ligadas a nós e à marca. Esse facto, além de ser uma enorme honra, é uma prova inequívoca de que os equipamentos da MHI merecem a confiança dos nossos clientes profissionais — e, por consequência, dos clientes finais que escolhem a nossa marca. O novo Regulamento F-Gas está a transformar profundamente a cadeia de valor do AVAC. Como é que a Lumelco está a gerir a transição para refrigerantes de baixo GWP, e que impacto real espera ver na operação dos instaladores e projetistas portugueses? Muito bem! Fomos a primeira marca a disponibilizar no mercado português uma bomba de calor que utiliza o fluido CO₂. Contudo, a nível global, a transição não é — nem será — fácil. Os únicos fluidos com baixo GWP são, na sua maioria, inflamáveis ou apresentam características de funcionamento que dificultam a sua aplicação em equipamentos de utilização doméstica, como o próprio CO₂ ou o R454B. Compreendemos que este é um caminho sem retorno — e assim deve ser —, mas acreditamos que não será um processo simples. Naturalmente, esta responsabilidade recai, mais uma vez, sobre os fabricantes e, sinceramente, ainda não vemos alternativas totalmente viáveis, sobretudo para os sistemas domésticos split e multi-split. No que diz respeito à nossa gestão, temos centrado os esforços no cumprimento rigoroso da legislação em vigor e na preparação da nossa equipa técnica, garantindo que todos os colaboradores possuem as certificações necessárias. Paralelamente, procuramos manter os nossos clientes devidamente informados, transmitindo-lhes as atualizações que recebemos tanto da fábrica como da APIRAC, associação da qual fazemos parte. O impacto desta transição será inevitável também para instaladores e projetistas, uma vez que a adoção destes novos fluidos exigirá maior cuidado, tanto na fase de projeto como na instalação. Será essencial reforçar a atenção à segurança, não porque ela hoje não exista, mas porque estamos a lidar com fluidos que possuem características muito distintas das atuais. Os instaladores terão de regressar à formação e obter novas credenciações. E, na minha perspetiva, é fundamental que Não é menos verdade que o nosso setor atravessa atualmente uma fase de grande dinamismo. Toda a legislação que está a ser produzida e aprovada pela Comissão Europeia, com vista à proteção do meio ambiente, exige constantes reajustes na estratégia das empresas, bem como investimentos na formação técnica e na aquisição de ferramentas adequadas. Felizmente, grande parte deste trabalho é desenvolvido pelos fabricantes e, nesse aspeto, temos a sorte de colaborar com algumas das melhores marcas do setor. Este facto permite-nos, uma vez mais, encarar o mercado com a serenidade de que falei no início. A parceria com a Mitsubishi Heavy Industries é uma das mais duradouras e consistentes do setor. Que impacto tem esta aliança no desenvolvimento tecnológico e na perceção de fiabilidade junto dos clientes profissionais? A Mitsubishi Heavy Industries (MHI) foi a primeira marca a entrar no mercado português com a tecnologia de “bomba de calor”. Os primeiros equipamentos passaram pela Alfândega Portuguesa no ano de 1983. Naquela altura, os equipamentos de ar condicionado existentes destinavam-se apenas ao arrefecimento e, quando havia necessidade de aquecimento, este era conseguido através do apoio de resistências elétricas. Ao longo destes 42 anos, os equipamentos evoluíram de forma extraordinária. A marca tem sabido utilizar toda a experiência acumulada — não só no mercado português, mas também a nível internacional — para desenvolver soluções que respondem às expectativas e necessidades das pessoas. Essa perceção do que o mercado procura é transmitida à marca por nós, os importadores, que estamos diariamente no terreno. A verdade é que a nossa relação com a MHI é muito próxima e produtiva.
ENTREVISTA 30 deixem de olhar apenas para o preço no momento de apresentar um orçamento. Não podemos ter instalações apressadas porque se cortou no orçamento. É necessário apresentar orçamentos realistas, mas com bom senso. Com a utilização destes novos fluidos, não podemos cortar na segurança. Sempre que se reduzem custos de forma excessiva, há algo que acaba por ficar por fazer — e as consequências podem ser, de facto, muito graves. As bombas de calor tornaram-se um dos pilares da descarbonização dos edifícios. Portugal está preparado — em termos técnicos, formativos e culturais — para acompanhar a velocidade de implementação que a Europa exige? É verdade que, neste momento, a moda são as bombas de calor, e é precisamente neste segmento de produto que assistimos à introdução dos novos fluidos com baixo GWP, nomeadamente o R290. Naturalmente, isto acontece porque estes equipamentos são, na sua maioria, de construção monobloco e destinados à instalação no exterior. Portugal, felizmente, está relativamente bem preparado para este desafio. Dispomos de excelentes profissionais, bons planos formativos e uma oferta sólida por parte das marcas. No entanto, é importante olhar também para montante: com a clara intenção da Europa em promover a transição energética para a eletricidade, o nosso país terá inevitavelmente de se preparar para um aumento exponencial do consumo de energia elétrica. Reconheço que muito tem sido feito neste campo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantirmos a segurança de que nada falhará. Ainda está fresca na memória de todos a ocorrência do apagão no passado mês de abril. É certo que já contamos com uma produção relevante de energia eólica e fotovoltaica, além dos contributos da produção hídrica e do gás natural. Mas num mundo que se prevê totalmente eletrificado, será isso suficiente? Afinal, estas fontes de energia dependem sempre de fatores ambientais — vento, sol e água. Do ponto de vista cultural, não antevejo grandes dificuldades: Portugal é hoje um mercado tecnologicamente maduro e recetivo à inovação. O principal desafio estará, sem dúvida, no preço dos equipamentos. A bomba de calor continua a representar um investimento elevado para a maioria das famílias portuguesas. No caso dos equipamentos destinados apenas à produção de AQS (Água Quente Sanitária), o investimento é mais acessível, mas quando falamos de soluções globais — que integram AQS e climatização —, a realidade é diferente. O investimento continua fora do alcance de grande parte das famílias. Por isso, é fundamental que o Governo, através das respetivas agências, promova e apoie esta transição, como já o fez no passado. Um bom exemplo foi a redução da taxa de IVA para 6% aplicada a este tipo de equipamentos, uma medida acertada que deveria ser novamente implementada. Só através de políticas deste género será possível alcançar uma transição energética completa e sustentável, baseada em fontes não fósseis e acessível a todos. A integração entre climatização, energia fotovoltaica e sistemas inteligentes de controlo já é uma realidade em vários mercados europeus. Que papel a Lumelco pretende assumir nesta convergência entre eficiência, eletrificação e automação? A Lumelco já tem um papel ativo neste contexto. Somos, de facto, um dos principais players no mercado, com equipamentos comprovadamente eficientes e uma gama totalmente preparada para receber instruções dos mais variados sistemas de gestão centralizada. Para além disso, conscientes de que esta convergência tecnológica nasce, essencialmente, na fase de projeto, colaboramos diariamente com gabinetes de engenharia e arquitetura para a integração das nossas soluções nos mais diversos projetos de AVAC. Estamos em constante contacto com a marca, transmitindo-lhe as necessidades e tendências do mercado, de forma a garantirmos que permanecemos tecnologicamente na linha da frente. A digitalização e a inteligência artificial estão a redefinir o setor. Já vemos soluções com manutenção preditiva, controlo remoto e gestão energética em tempo real. Que tipo de inovações deste género a Lumelco está a incorporar nos seus equipamentos ou serviços técnicos? Considero que se trata de duas áreas distintas, embora interligadas. Nos últimos anos, temos vindo a digitalizar muitos processos do dia a dia da empresa. Esta digitalização é essencial para o bom funcionamento da organização e para garantir respostas mais rápidas e eficientes. No nosso caso, a digitalização passa, essencialmente, por disponibilizar aos nossos clientes informações comerciais e técnicas de forma eletrónica, em vez de papel. Inclui também a digitalização dos processos contabilísticos e de faturação, pois acreditamos que, desta forma, acabamos por simplificar também o trabalho dos nossos clientes.
ENTREVISTA 31 A Inteligência Artificial (IA), por outro lado, é diferente. Honestamente, ainda não entrámos nesta área, até porque, para já, não sentimos essa necessidade. No que diz respeito à sua incorporação nos equipamentos, ela já existe, mas ainda apenas para o mercado japonês. Julgo que poderão ser introduzidos no mercado Europeu nos próximos dois anos. Quanto à utilização da IA nos serviços técnicos, acredito que a maioria dos nossos clientes prefira interagir com técnicos humanos. O técnico português gosta de dialogar com os seus pares: colocar questões, partilhar experiências, discutir situações e aprender com os colegas. Considero que, em algumas áreas, a IA não substitui o ser humano. Claro está que o futuro passará, cada vez mais, pela integração desta tecnologia, e estamos, obviamente, atentos a todas as oportunidades que ela poderá trazer. A falta de mão de obra qualificada é um dos principais entraves à transição energética. De que forma a Lumelco está a investir na formação contínua, certificação e apoio técnico ao instalador, que é a base do ecossistema AVAC? A Lumelco Portugal não é, nem pretende ser, uma entidade formadora, nem possui as licenças necessárias para credenciar pessoas. O que fazemos, de forma consistente, é promover a formação junto dos nossos clientes, indicando entidades certificadas para credenciação e incentivando o associativismo, que consideramos essencial para a compreensão e resolução dos problemas que surgem no setor. Paralelamente, organizamos tardes técnicas para partilhar conhecimentos sobre os nossos equipamentos, uma iniciativa que acreditamos ser bem- -sucedida e que, no final, acrescenta valor aos técnicos e ao mercado onde atuam. Reconhecemos, contudo, que a nossa área — tal como muitas outras — sofre de falta de mão de obra, seja ela especializada ou não. Trata-se de um problema transversal que nos preocupa enquanto player, mas que não está inteiramente nas nossas mãos para resolver, e, na minha opinião, não terá solução a médio prazo. Este é, naturalmente, um entrave à transição energética, assim como constitui uma limitação ao desenvolvimento e evolução das nossas empresas. Num mercado em que tempo e eficiência operacional são cruciais, a logística e o suporte técnico tornaram- -se verdadeiros fatores de competitividade. Como é que a Lumelco garante proximidade, rapidez e consistência no serviço ao cliente em Portugal? Uma excelente pergunta, embora receie que a minha resposta não vá agradar nem às empresas de transporte, nem às de logística. Na verdade, esta é a área da empresa que mais dores de cabeça me dá. É verdade! Infelizmente, e de uma forma geral, estas empresas trabalham de forma deficiente — e que me desculpem os seus responsáveis, mas é a minha opinião. Ao longo dos anos, já trabalhei com muitas e nenhuma cumpre integralmente o que é acordado. Hoje em dia, as grandes empresas externalizam toda a sua logística e transportes, o que transforma o processo num negócio despersonalizado, sem verdadeiro interesse pela qualidade do serviço prestado. Publicitam um serviço de excelência, mas, na prática, raramente o concretizam. O resultado? Clientes insatisfeitos, equipas sob stress, e uma sensação constante de impotência, porque, por mais e-mails que se enviem, por mais tentativas de pressão que se façam, nada parece mover estas empresas. As mercadorias são entregues quando e como lhes convém, e isso é frustrante. A falta de profissionalismo neste setor é, de facto, preocupante. Já o suporte técnico é totalmente diferente. É algo que controlamos internamente — e que funciona. Temos uma regra muito clara: o cliente final deve ser contactado nas 24 horas seguintes à receção do pedido de assistência. Salvo nas situações em que há demora na chegada de peças necessárias à reparação, o serviço técnico é, em regra, executado e concluído no máximo em duas semanas. E estamos a trabalhar para reduzir esse prazo para uma semana, um objetivo definido para 2026, que acreditamos ser perfeitamente alcançável. Os nossos clientes, quando compram um equipamento Mitsubishi Heavy Industries, não compram apenas um produto — compram também um serviço, e esse serviço tem de ser bom. O cliente profissional mudou: é mais digital, mais informado e mais exigente. Como é que a empresa tem ajustado a sua abordagem comercial e técnica a este novo perfil de parceiro, que valoriza dados, transparência e pós-venda? De uma forma muito natural. É verdade que o cliente profissional pode ter mudado um pouco, embora, na minha opinião, não tanto quanto por vezes se pensa — mas é apenas a minha perceção, claro. Quando iniciámos a digitalização de alguns processos na empresa, tivemos precisamente isso em conta. Hoje temos clientes mais jovens, quadros técnicos mais preparados para o digital e mais abertos à mudança, e isso impulsionou-nos também a adaptar a forma como desenvolvemos e disponibilizamos as nossas ferramentas comerciais.
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