96 DOSSIER FORMAÇÃO de Automação e Controlo dos Edifícios (SACE). Mais, a qualificação e a certificação de técnicos para o exercício de actividades relacionadas com as temáticas acima referenciadas constituiu-se numa obrigatoriedade e isso trouxe a necessidade de mais técnicos com formações diversas. É, por outro lado, reconhecível que a produção de legislação na EU se dá a um ritmo elevado, o que provoca a necessidade de actualização constante por parte dos mais diversos interventores nos estados-membros. A chegada deste novo paradigma acentuou-se também nos sectores económicos que têm no AVAC um coadjuvante imprescindível, como acima ficou referido, o que traz alguma complexidade burocrática, sendo motivo de crítica por parte de muitos, diga-se, por vezes justa. Este é o lado menos bom da regulação: a amálgama jurídica em que se transformam diplomas cujo corpo é, ou deveria ser, eminentemente técnico e, por essa razão, mais simples. Mas, deve-se também registar que os aspectos positivos para as actividades do AVAC-R se sobrepõem, sem dúvida, aos da complexidade burocrática referida, como ficou acima demonstrado. OS DESAFIOS FUTUROS O tema central deste texto pretendia-se que fosse o ensino do AVAC-R, contudo, ao longo dele foram-se sucedendo derivações que se podem dizer quase inevitáveis, como o exercício das profissões e a regulação das actividades profissionais relacionadas com o AVAC-R, mas sobretudo com o AVAC. A evolução científica da física das instalações de AVAC-R não é coisa que se espere acontecer amanhã, o que significa que os princípios fundamentais são, para quem estuda hoje, os mesmos de quem fez os seus estudos há décadas. O que muda, e num ritmo elevado, é a tecnologia. É ela que traz a inovação através de novos produtos e equipamentos das instalações. Basta recordar, para citar um exemplo conhecido, que há algumas décadas nos chillers de pequena, média e até elevada potência, o domínio era dos compressores alternativos, onde hoje os compressores do tipo scroll ocupam essa posição. Mas é no controlo e na automatização do funcionamento das instalações e dos seus equipamentos onde as diferenças são mais significativas. Depois da influência da electrónica, o advento da informática trouxe a esses sistemas uma evolução muito grande. Note-se, contudo, que a evolução a que nos referimos é principalmente a da comunicação entre as partes do sistema e a tomada de decisões, porque, por exemplo, os princípios básicos da medição da temperatura ou da regulação do caudal de um fluido são os mesmos. Na ordem do dia está agora a Inteligência Artificial, também presente nas instalações de AVAC-R desde há algum tempo, com objectivos grandiosos, tais como tornar os sistemas mais eficientes, “inteligentes” e “sustentáveis”, sendo este último por vezes tornado uma banalidade. Alguns exemplos de “tarefas”, de entre muitos, de que a IA se pode ocupar, são: - A previsão do consumo energético e a optimização do funcionamento através de algoritmos que analisam dados em tempo real: temperatura e humidade do ar, radiação solar, ocupação, etc.; - O ajustamento dos meios de controlo dos sistemas antes que ocorra desconforto dos ocupantes; - A previsão do desempenho térmico dos edifícios com base em padrões de uso e da meteorologia. Será este campo que trará novos técnicos ao sector, com outra formação, nem que seja por haver lacunas impossíveis de suprir nas formações dos que se ocupam dos temas centrais do AVAC-R, como sejam os cálculos térmicos, o dimensionamento hidráulico e aeráulico dos sistemas. Por sua vez, estas matérias constituem lacunas para as formações fortes em electrónica, ou em informática. Sabemos que a integração de todas as matérias com o grau de especialização exigido tornaria os cursos de engenharia, ou de outros cursos técnicos, de nível mais profissionalizante, absolutamente enciclopédicos. Por estas razões, ou pela sucessão delas, acredita-se ser mais fácil trazer a interdisciplinaridade para o campo da formação pós-graduação, isto é, no ambiente profissional, do que a incluir, numa fórmula desejável, nos curricula dos cursos académicos. Mas, não nos atrevemos a fazer futurologia. n “A evolução científica da física das instalações de AVAC-R não é coisa que se espere acontecer amanhã, o que significa que os princípios fundamentais são, para quem estuda hoje, os mesmos de quem fez os seus estudos há décadas. O que muda, e num ritmo elevado, é a tecnologia. É ela que traz a inovação através de novos produtos e equipamentos das instalações”
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