BI340 - O Instalador

91 DOSSIER FORMAÇÃO Condicionado” era feita pela via das marcas comerciais, sobretudo americanas, como a Carrier e a Trane, que ao mesmo tempo que comercializavam os seus equipamentos também disponibilizavam excelentes manuais técnicos – basta recordar a obra “Carrier - Manual de Ar Condicionado”, verdadeira escola para muitos técnicos, que durante muito tempo foi também utilizada no ensino superior. A “formação complementar” - não formal, por não ser feita em escolas - para lidar com os problemas técnicos das instalações, desde o projecto até à montagem e à manutenção, foi alcançada por muitos dos que à época se dedicavam a tais actividades, alguns com formação em engenharia, na altura maioritariamente electrotécnica, em empresas instaladoras que deixaram o seu legado técnico, de que a Fonseca e Seabra, as Indústrias Térmicas Nunes Correia e a Metalúrgica Luso-Italiana são bons exemplos, tal como o lembrou o Eng. Galvão Teles no seu artigo publicado no n.º 8 da revista AVAC Magazine. Mas, outros houve que, também fizeram a sua carreira profissional nessas áreas, mesmo sem formação académica, conseguindo-o pela mesma via: a escola prática da vida profissional. Era uma época de vida profissional passada quase sempre na mesma empresa, onde a “curva de aprendizagem” era pouco acentuada, ao invés do que acontece hoje, em que tudo, por vezes, nos parece vertiginoso. É uma mera constatação, sem a qualificarmos mais. Fazer a apologia de uma, ou de outra, das duas formas de aprendizagem, sem ser contextualizada com as alterações da tecnologia, que foram, elas próprias, resultado de alterações havidas na economia e na sociedade, parece-nos um exercício sem valor, pelo menos para o que neste texto se pretende. O mercado do ar condicionado era, nesses anos, pouco relevante: alguns hotéis, sobretudo em Lisboa e também os que começavam a aparecer no advento do Algarve turístico. Foi a terciarização da economia e o crescimento das actividades do sector do turismo, sobretudo a hotelaria, que levaram ao seu crescimento. As actividades relacionadas com o AVAC-R centravam-se na instalação, sendo nas empresas que dela se ocupavam que se encontrava o corpo técnico com a engenharia exigida, não se destacando objectivamente o trabalho de estudo e de projecto que, anos mais tarde, se viria a consagrar como hoje o conhecemos. Para isso, o contributo da formação superior ao nível da engenharia foi inegavelmente inquestionável. Hoje pode-se afirmar, sem errar, que foi a formação que “puxou” pela actividade – sem técnicos com conhecimento das matérias subsidiárias do AVAC-R, em particular a Psicrometria, entre outras, o referido crescimento teria sido mais difícil de alcançar. Hoje o AVAC-R contínua a estar presente, de forma mais ou menos explícita, com uma “dosagem” maior ou menor em múltiplos cursos de Engenharia Mecânica, o ramo que com ele mais se identifica, em praticamente todas as Universidades e Institutos Politécnicos do país, seja nos graus de licenciatura ou de mestrado. A FORMAÇÃO DE NÍVEL PROFISSIONALIZANTE O desaparecimento do ensino técnico de cariz mais prático, no-pós 25 de Abril - que, tal como era, não se pode dizer que tenha sido de gravidade irreparável, por ser, já à época, desajustado das necessidades do país e da evolução que se seguiu a esse período - procurou ser colmatada, de entre outras formas, com a criação de uma rede de Institutos Politécnicos, logo em 1979, sendo os primeiros o de Faro e o de Setúbal. As suas Comissões Instaladoras iniciaram funções a partir dessa data, e o de Faro, o primeiro a avançar com construções, viu os seus cursos serem planeados nos anos de 1983 a 1986, tendo recebido os primeiros alunos no ido ano lectivo de 1986/1987. Desses cursos - inicialmente pensados para terem dois anos de duração, mas que Nunes Correia Indústrias Térmicas do Norte Lda. Portugal - Equipamento industrial. Fotógrafo: Mário Novais (1899-1967).

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