OPINIÃO 114 “Os bancos injectaram ainda mais dinheiro na expansão da indústria dos combustíveis fósseis, apesar da clara necessidade social de fazerem o contrário”, argumenta o relatório. O relatório afirma que estes investimentos conduzem a “décadas de maior dependência da energia suja” e que os compromissos voluntários são claramente insuficientes. Segundo o relatório, os bancos exploram lacunas ao adoptarem políticas que restringem o financiamento a nível de projectos, mas continuam a conceder empréstimos a empresas envolvidas nessas actividades, conseguindo assim canalizar grandes somas de dinheiro para a indústria dos combustíveis fósseis. “Atualmente, são concedidos demasiados financiamentos a empresas que não têm intenção de se descarbonizarem e cujos planos de investimento não estão ligados à realidade da transição energética”, afirmou Ben Caldecott, diretor do Oxford Sustainable Finance Group. Os bancos precisam de aumentar o financiamento efetivo da transição, o capital e os serviços necessários para que as empresas apresentem planos credíveis, acrescentou Caldecott. “Sem uma regulamentação vinculativa, a aposta no caos climático continuará a ser a estratégia de investimento dominante dos bancos, prejudicando a nossa economia e o nosso planeta”, afirmou Allison Fajans-Turner, responsável pela política da Rainforest Action Network. A prática reflectida no relatório referido é paradoxal porque contraria a dinâmica mundial para a diminuição progressiva do uso de combustíveis fósseis. Contudo, o sector financeiro não está sozinho nesta mudança dado que a indústria automóvel esta a recentrar o foco no aumento da produção de veículos a gasolina. Os principais fabricantes de automóveis dos EUA e da Europa estão a reduzir a produção de veículos eléctricos devido ao excesso de capacidade e estão a repensar os seus ambiciosos objectivos de vendas de veículos eléctricos. A procura de veículos eléctricos diminuiu visivelmente ao longo do último ano, deixando os principais fabricantes de automóveis dos EUA, Alemanha e França a braços com um excesso de capacidade dos seus modelos de veículos eléctricos, à medida que se apercebem de que a transição para um transporte totalmente electrificado demorará mais tempo do que pensavam. Os fabricantes de automóveis dos EUA, da Alemanha e de França estão atualmente a produzir veículos eléctricos a níveis cerca de 40%-45% inferiores às expectativas anteriores, disse à Bloomberg o diretor executivo do fornecedor francês de peças automóveis OPmobility. Fotografia de Maksym Kaharlytskyi, Unsplash.
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