OPINIÃO 111 forma natural, beneficiando e retribuindo o bem que a natureza nos proporciona, a riqueza (em todas as dimensões) que a floresta nos fornece, que tenhamos a capacidade de a respeitar. As florestas saudáveis atuam como sumidouros de carbono, absorvendo o dióxido de carbono da atmosfera e armazenando-o na biomassa (árvores, plantas, solo). Quando um incêndio ocorre, todo esse carbono acumulado é libertado rapidamente para a atmosfera, assim como outros gases com efeito de estufa - como o metano, contribuindo de forma significativa para aumentar a concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera, acelerando o aquecimento global. Além de libertarem gases poluentes, os incêndios destroem a própria capacidade da floresta de absorver carbono. Mais do que a perda de árvores, um incêndio florestal provoca um dos efeitos mais devastadores do ponto de vista do equilibrio da sustentabilidade do Planeta e da Humanidade: Fator Económico: destrói os recursos naturais, os produtos e subprodutos, os materiais, bem como as atividades com valor financeiro associadas a estes habitats; • Climáticos: há uma perda de um dos principais mecanismos naturais para mitigar as alterações climáticas - capacidade de absorção de carbono, e em sentido contrário há uma libertação do carbono retido, libertam mais gases de efeito de estufa, o que agrava ainda mais as alterações climáticas, criando condições ainda mais propensas a futuros fogos; • Sobrevivência: aumenta o risco de desertificação e de eventos meteorológicos extremos, como inundações, devido à perda da capacidade do solo de reter água. • Social: destrói os bens e os mecanismos de subsistência das comunidades locais; • Saúde: as partículas libertadas durante os incêndios contribuem para a poluição do ar. Por outro lado, a libertação de gases com efeito de estufa contribuem para impactar a saúde humana e contribuir para o desenvolvimento de doenças respiratórias; • Biodiversidade: com a queima da vegetação, o solo fica exposto à ação da chuva e do vento, o que aumenta a erosão. A perda da camada superficial do solo, rica em matéria orgânica, compromete a sua fertilidade e a capacidade de regeneração da floresta. As chamas destroem ecossistemas inteiros, levando à morte de plantas, animais e microrganismos; • Escassez de água: as cinzas e os sedimentos transportados pela água da chuva contaminam rios e reservatórios, afetando a qualidade da água e a vida aquática. A camada impermeável que se forma no solo queimado impede a infiltração de água, aumentando o escoamento superficial e o risco de cheias. Curiosamente, após uma destruição tão feroz como um incêndio, as espécies que beneficiam e rapidamente recuperam e proliferam são as “espécies invasoras”, beneficiando de um cenário de vulnerabilidade e destruição, germinam e expandem-se rapidamente, dificultando a recuperação dos habitats e da biodiversidade composta pela vegetação nativa. Curiosamente, estas espécies invasoras, contribuem para aumentar o risco de futuros incêndios. É fundamental aprender a interpretar o efeito da destruição na floresta, quantificar o seu impacto direto e indireto, com efeitos na degradação da Humanidade, conhecer a perversão de como esta destruição promove mecanismos que fragilizam e aproveitam esta vulnerabilidade para iniciar ciclos cada vez mais frágeis e destrutivos. O conhecimento é e sempre será a melhor ferramenta de prevenção. n
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