OPINIÃO 78 A economia e os benefícios de a tornar cada vez mais sustentável Nas últimas décadas, assistimos a uma transformação profunda na forma como a economia global encara o tema da Sustentabilidade e como este conceito tem entrado no léxico e no dia a dia das empresas. Carmen Lima* Consultora para a Sustentabilidade * Consultora para a Sustentabilidade. Doutoranda em Engenharia do Ambiente no IST, investigadora na área do Amianto. Presidente da SOS AMIANTO - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto. Autora do livro “Não Há Planeta B: Dicas e Truques para um Ambiente Sustentável”. Foi Conselheira do Conselho Económico e Social. Os alertas mundiais sobre este tema provêm de diversas origens e intensificaram-se através de comunicações, acordos climáticos, recomendações ou pressões regulatórias e sociais para que o setor empresarial internalize os riscos provocados por fatores relacionados com a Sustentabilidade. A apresentar factos técnicos e argumentações fundamentadas estão os relatórios científicos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas), o Acordo de Paris, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, regulamentações como a Taxonomia Europeia ou Diretiva CSRD. Cada vez mais é reforçada a necessidade de reduzir emissões, adotar práticas mais responsáveis, bem como a transparência em reportar impactes ambientais e sociais das organizações, atendendo ao seu compromisso ético, por forma a minimizar potenciais riscos financeiros, reputacionais e legais, significativos para as empresas. Nesta matéria, Larry Fink, CEO da BlackRock, veio provocar um ponto de viragem na natureza do investimento global, quando em 2020 afirmou na sua carta anual aos CEO, que “o risco climático é risco de investimento”. Este foi o momento em que os investidores e as empresas começaram a encarar o ESG (Environmental, Social and Governance) como parte de uma abordagem, não apenas por uma questão de ética, mas como uma ferramenta estratégica para geração de valor a longo prazo - tornando o risco ambiental numa componente central da análise financeira. Através da sua influência enquanto maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock impulsionou grandes empresas a adotarem planos de transição climática e pressionou conselhos de administração a implementarem práticas mais responsáveis. Como consequência, milhares de empresas passaram a encarar a integração de fatores de Sustentabilidade nas suas políticas não apenas como uma questão de reputação, mas como uma exigência de sobrevivência económica.
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