8ª Conferência Passivhaus Portugal debateu setor em tempos de pandemia

Evento decorreu em formato virtual e realizou-se nos dias 17, 19, 24 e 26 de novembro. Revistas O Instalador e Novoperfil foram media partners da iniciativa, organizada pela Associação Passivhaus Portugal e pela Homegrid.

A iniciativa contou com um espaço de exposição virtual, onde o visitante teve a oportunidade de passar por várias 'salas', divididas em diferentes áreas da construção e operação de edifícios passivos, contando com a presença de instituições de investigação e marcas que pretendem dar a conhecer as novidades do mercado.

Janelas e sombreamento, estanquidade ao ar, aquecimento e arrefecimento e mobilidade elétrica, baterias e carregamento foram algumas das 'salas' abertas a visitas virtuais.

No dia 19 de novembro, Ana Clara, diretora das Revistas O Instalador e Novoperfil - editora Induglobal – moderou uma sessão que contou com o debate em torno da qualidade do ar interior e a saúde pública, tema abordado por João Cavaleiro, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. A Passive House e a garantia da Qualidade do Ar Interior (QAI) foi o tema explanado por Norberto Presa, da Climacom e da Associação PassivHaus Portugal.

Nesta sessão destacamos as ideias mais importantes passadas pelos dois oradores.

João Cavaleiro Rufo, Investigador Doutorado Integrado no Departamento de Epidemiologia, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, abordou o tema ‘Qualidade do ar interior como determinante da saúde respiratória dos ocupantes’.

Na sua intervenção, abordou o conceito de exposição dos ocupantes de edifícios e realçou que questões como “concentração, tempo, suscetibilidade e vulnerabilidade” influenciam o impacto da qualidade do ar interior na saúde pública.

Sobre a QAI, lembrou os parâmetros a ter em conta, como o conforto (temperatura), gasosos, matéria particulada e os parâmetros biológicos.

João Rufo aludiu ainda à importância da exposição a um meio mais biodiversificado, essencial para a saúde dos ocupantes, bem como a questão da importância das áreas verdes em ambiente urbano. “Crianças que à nascença viveram em habitações com maior diversidade de vegetação em seu redor apresentaram um risco inferior de desenvolvimento de doença”, disse.

Das conclusões finais da sua intervenção, o investigador salientou:

• A exposição ao ambiente construído é determinante para o desenvolvimento de doença respiratória;
• A interação entre os diferentes fatores de exposição pode aumentar o risco de doença nos ocupantes;
• Uma exposição deficitária a um ambiente microbiologicamente diverso, assim como a perda de contacto com espaços verdes, pode aumentar o risco de desenvolvimento de doença respiratória e alérgica (efeito submarino);
• O comportamento dos ocupantes no ambiente construído pode modelar o efeito da exposição aos parâmetros da qualidade do ar interior;
• O efeito dos poluentes da QAI no desenvolvimento de doença pode ter um mecanismo fisiopatológico indireto, como através de disrupção endócrina ou alterações do sistema nervoso autónomo;
• Os conceitos de exposição ao ambiente construído devem ser conhecidos por todos os profissionais que possam ter de lidar com o conceito, como médicos, arquitetos, engenheiros, etc.

Doutorado em Saúde Ocupacional pela Universidade do Porto, João Cavaleiro Rufo, tem como principal foco de investigação o diagnóstico e prevenção da asma em idade pediátrica. Entre 2013 e 2015, esteve envolvido na equipa de investigação do Laboratório da Qualidade do Ar Interior no INEGI.

O segundo orador desta sessão foi Norberto Presa, da Climacom, uma empresa de serviços, fundada em 1992, sediada em Aveiro, e que entre outros serviços faz instalação e manutenção de equipamentos de ar condicionado, aquecimento central, ventilação, energia solar térmica e filtragem.

O responsável falou sobre ‘Ventilação com recuperação de calor e os benefícios da ventilação mecânica centralizada’. Entre os tópicos abordados, Norberto Presa explicou os benefícios da ventilação mecânica centralizada, a estrutura (componentes) da instalação da ventilação mecânica, arranque e comissionamento, a importância de um correto dimensionamento e a manutenção.

No dia 19, decorreu igualmente durante a manhã uma sessão dedicada aos projetos Passive House em Portugal, a saber: Márcio Dias & Nuno Louro, G77 Ateliê, Homegrid, Galeria Gabinete e Basestudio.

Quanto aos workshops, foram várias as empresas que deram a conhecer as suas soluções nas áreas das soluções para coberturas, sistemas de ventilação, sistemas eficientes de fachada, soluções construtivas eficientes, envolvente opaca, janelas eficientes, sistemas construtivos de pavimentos, fachadas leves, isolamento térmico e soluções Passive House para a envolvente, da parede ao vidro.

Assista ao vídeo integral da conferência: