Para assinalar o Dia Mundial da Bicicleta, que se comemora a 3 de junho, a equipa da Nuno Zamaro Indústrias divulga um trabalho de investigação sobre este modo de transporte sustentável.
Realizado nos últimos quatro anos por todo o território português, o estudo abrange 290 municípios visitados, um projeto piloto escolar com 80 alunos e uma investigação com um universo com mais de 7 mil alunos do pré-escolar ao 1º e 2º ano do ensino básico.
Um dos destaques da investigação foi a perceção de que o uso da bicicleta nas escolas pode ajudar no combate ao bullying. Segundo José Nuno Amaro, que há mais de 17 anos se dedica ao estudo e desenvolvimento de soluções para o uso e a promoção da bicicleta em Portugal, foram vivenciados “atos solidários com turmas inteiras a aplaudir os colegas que não sabiam andar e se esforçavam para o fazer, provando que a bicicleta cria afetos e um efeito anti-bullying”.
O modo de transporte ciclável também é uma ferramenta poderosa para crianças com necessidades educativas especiais, combatendo problemas emocionais e de motricidade. Para apoiar esses alunos, foram criadas bikes adaptadas pela equipa da Nuno Zamaro Indústrias e o uso das mesmas pelos pequenos mostrou que eles dominam as duas rodas com igual ou maior desempenho que crianças não referenciadas como alunos NEE.
“Alguns casos demonstraram uma melhora em deficiências motoras, vertigens e estados emocionais”, afirma José Nuno Amaro.
Outros dados pertinentes deste estudo estão relacionados com o papel desenvolvido por adultos no fomento do modo de transporte ciclável e na segurança no trânsito.
A respeito disso, os dados mostram que, no pré-‐escolar e 1º ciclo, 50% das crianças inquiridas no estudo não usam bicicleta por falta de apoio parental e 70% dos mais novos disseram que os pais nem sequer utilizam as duas rodas.
"As crianças disseram-‐no, ainda, que os adultos em 60% das vezes atendem o telefone levando-‐o diretamente ao ouvido enquanto conduzem as suas viaturas”, realça o especialista no universo da mobilidade ciclável. Quanto à utilização do capacete, no pré-‐escolar 99% das crianças fazem-‐no sem resistência, já no 1°Ciclo 20% de alunos resistem ao seu uso. No entanto, os números são alarmantes quando o uso é avaliado fora das atividades escolares: se no pré‐escolar 55% dizem utilizar, nos 1º e 2°Ciclos só 30% o fazem.
Na escolha do seu meio de transporte preferido a Bicicleta,foi a eleita pela maioria dos inquiridos(60%), ficando à frente do Skate (20%) e da Trotinete com (20%), “ mas um dado importante que retemos foi que 80% dos que escolheram a Trotinete não sabiam andar de bicicleta, o que é assustador e pertinente, pois concluímos que parte dos utilizadores da trotinete hoje nas cidades o fazem porque, de facto, não sabem utilizar a bicicleta. Pensamos que este assunto deve ser aprofundado, dada a quantidade de acidentes causadas pelo uso de trotinetes” salienta José Nuno Amaro, que chama a atenção para este tema e, lança o repto às entidades competentes para o fazerem.
Na investigação comandada pela agência Nuno Zamaro, foi detectado que 60% das ciclovias e ecovias existentes no território português precisam de ser requalificadas ou alteradas tal é o seu mau ou sofrível enquadramento.
Outra informação importante é que, nos 290 municípios visitados, praticamente todos já tinham um ponto de carregamento elétrico para viaturas, mas 11 deles não tinham sequer uma área de apoio à colocação de bicicletas.
Sobre os 40 sistemas de partilha de bicicletas existentes no país, 30% deles estão parados, em mau funcionamento ou nunca foram utilizados. O litoral apresenta 65% dos sistemas de partilha existentes, com apenas um de grande porte, em Lisboa.
“Brevemente, passarão a dois, com o upgrade de Vilamoura, com mais de 800 bicicletas a circular no concelho de Loulé. É o sistema português mais eficiente até ao momento, levando em consideração o número de anos em funcionamento e de utilizadores”, destaca José Nuno Amaro.
Nesse sentido, destaca-‐se o pioneirismo de Albergaria-a-Velha, que, desde 2017, apresenta o programa MOB.A, com bicicletas tradicionais, elétricas e cargo bikes de utilização gratuita para todas as idades, incluindo modelos adaptados para crianças e jovens com NEE.
Um aspeto positivo a se destacar também é o crescimento contínuo dos movimentos cívicos e associativos de apoio ao uso da bicicleta nos últimos 10 anos, sendo eles determinantes para as mudanças impostas aos municípios e aos governos para a melhoria do uso do modo de transporte ciclável, principalmente nos centros urbanos.
“Na linha de frente hoje estão Aveiro, Lisboa e Braga, temos outros polos a nascerem por todo o país”, diz José Nuno Amaro.
Originário de Águeda, onde o seu bisavô atuou como um dos obreiros do processo de industrialização das bicicletas e motorizadas deste país, José Nuno Amaro foi profissional de futebol e presença assídua na 1a Liga nos anos 1990.
Em 2003, iniciou a sua aposta no setor da mobilidade suave e ciclável com a criação da marca BKI, de onde saíram bicicletas únicas criadas para algumas personalidades internacionais, como duas oferecidas em nome de Portugal aos Reis de Espanha em 2005.
Autor de projetos vencedores do Prémio Nacional de Mobilidade em 2007 e 2017, como a BUTE, desenvolvido em conjunto com a Universidade do Minho, e o +Bicicletas para o município de Águeda, este criativo desenvolveu também a ANGEL, um quadro de bicicleta desenvolvido a partir de desperdícios de madeira e cortiça.
Entre as suas últimas criações, estão a homenagem ao prémio Nobel da Paz Nelson Mandela, entregue em 2019 ao seu neto Ndaba Mandela, na inauguração do Bosque Madiba na mata do Bussaco, Mealhada, para além dos programas POP e PréPOP, de solução educacional e motivacional para o pré escolar, 1º e 2º ciclo do ensino nacional; o MOB.A, desenvolvido em parceria com o município de Albergaria-‐a-‐Velha; e os projetos MOB.Poiares, do Município de Vila Nova de Poiares, e 'Viseu Educar para a Mobilidade Sustentável'.
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