“Ao longo da história da habitação e das cidades, as alterações foram marcadas pela resposta às necessidades de higiene no contexto de pandemias. As condições sanitárias ou de ventilação foram sempre transformadas em função da resposta à necessidade de contenção e achamos que agora não será diferente”, afirma Filipa Guerreiro, docente da FAUP, citada pela Lusa.
Em declarações à Lusa, a docente explicou que o estudo internacional, intitulado Cidades Emergentes, visa, através de um inquérito 'online' anónimo e acessível a toda a população, “aferir o impacto do isolamento social neste contexto da pandemia e o impacto do nosso olhar sobre as cidades e habitação”.
"É um inquérito que se quer o mais diverso possível", referiu Filipa Guerreio, adiantando que o objetivo é que o mesmo seja respondido “por pessoas das mais diversas regiões do país e de contextos sociais e económicos diferentes”.
As características da habitação, a relação da habitação com o exterior, a dimensão da casa e dos seus compartimentos, a relação entre vizinhos e o funcionamento da cidade, são algumas das questões que vão ajudar os investigadores a “sistematizar a informação sobre a perceção que a população tem agora e acredita que deverá ter no futuro”.
“As pessoas estão numa situação delicada e muito sensíveis e críticas relativamente ao espaço onde estão, nunca olharam para a casa com um sentido tão crítico, por isso, este é um momento fundamental para perceber o impacto que a arquitetura e o trabalho dos arquitetos têm na vida das pessoas de uma maneira muito direta”, salientou.
O inquérito, que está disponível até ao dia 30 de abril e já decorre em Espanha, México, Peru e Equador, pretende por isso avaliar três perceções: o momento atual, aquilo que a população deseja para o futuro e o que acredita que será o futuro.
“Olharmos para esses aspetos é fundamental para termos um conhecimento mais informado e sistematizado, por forma a conseguirmos dar resposta a questões que até agora não se colocavam no plano das casas”, explicou.
Filipa Guerreiro adiantou que apesar da apresentação dos resultados estar ainda a ser discutida pelos vários membros do consórcio, os mesmos deverão ser “visto à luz do país e, depois, comparando entre países”.
Além da FAUP, o estudo que é coordenado pela Escuela de Arquitectura Cesuga-USJ da Corunha, conta também com a colaboração da Facultad de Arquitectura y Urbanismo de Lima e da Pontificia Universidad Católica de Perú (Peru), da Escuela de Arquitectura — Pontificia Universidad Católica de Ecuador -Campus Ibarra (Equador), da Escuela de Arquitectura, Arte y Diseño del Campus Querétaro del Tecnológico de Monterrey (México).
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